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⚠︎ Ontem esqueci de postar o prêmio por vocês terem batido a meta rs, então, estou aqui mais cedo. Para que o próximo capítulo dessa maratona seja desbloqueado, deixo para vocês uma meta de 400 comentários!

MANOELA SANTIAGO;

Após uma longa noite de descobertas, pensava se o correto não seria acender um incenso para afastar as energias negativas fincadas em meu ambiente de trabalho.

De fato, a conversa com Andrea havia me deixado reflexiva e sobrecarregada com suas mágoas e dores, porém não era nada que fugisse do cotidiano de uma detetive interrogativa.

Durante anos, estive em relacionamentos parecidos com o dela. Sabia perfeitamente o quão manipulável o ser humano pode ser quando se apaixonava, contudo, o que me incomodava era vê-la, tão nova, sem expectativas ou esperança, de futuro. Os jovens do caso "Valentina Gonzalez" possuíam um longo percurso pela frente, entretanto pareciam não perceber enquanto se ocupavam carregando consigo, fardos pesados.

Quem pensaria que uma academia teatral traria segredos tão sérios? Eles eram verdadeiros atores, e, por esse fator, deveria redobrar minhas atenções com o grupo. Ali, todos sabiam muito bem disfarçar — por terem sidos ensinados, diariamente, técnicas relacionadas ao assunto —, o que me despertava a acreditar que eles usufruíam do dom além das fronteiras dos palcos, caso contrário não estaríamos nesta situação.

Após conversar com a senhorita De Alba, decidi que nada mais justo que chamar Jandino. Seria uma conversa um tanto quanto interessante.

Foi o que fiz.

Não demorou pouco mais que cinco minutos até que o trouxessem à sala de questionários.

— Por favor, entre. — gesticulei após notar o homem, com fios platinados caindo em sua testa, parado em minha porta.

— Boa noite, detetive. — puxou, cuidadosamente, a cadeira, sentando-se em minha frente.

— José Andrés. — li o nome que estava em sua ficha. — Por que te chamam de Jandino? — com curiosidade, questionei.

— Nome artístico. Pode me chamar pelo que quiser. — deu de ombros, mostrando não dar importância.

Entrelacei minhas mãos, me encurvei um pouco —  afastando minhas costas da cadeira, de modo a estar centímetros mais próxima do interrogado — , e parei alguns segundos para avaliar seus movimentos corpóreos.

Naquela situação, uma pessoa qualquer talvez estivesse aflita, sentindo o corpo quente, agitado, com os olhos tomados por um misto de adrenalina e medo. Mas ele não.

Era intrigante o quanto não esboçava nenhuma expressão de contrição, em seu olhar não havia sinal de compunção, apenas a escuridão. Seus olhos castanhos tornaram-se pretos como o breu, sem brilho algum, lhe dando um ar de mistério. Parecia ter um bloqueio que me proibia de identificar suas verdadeiras expressões.

— Nervoso? 

— Não, senhora. — respondeu com firmeza.

— Tudo bem. — anotei, com letras garrafais seguidas de alguns rabiscos, "PERIGOSO" em meu bloquinho e prossegui. — Gostaria de fazer algumas perguntas. — movimentou a cabeça em afirmação.

— Estou aqui para isso. — cedeu com um sorriso que mais parecia forçado que simpático.

— Onde estava no momento da morte de Valentina Gonzalez? — iniciei ainda organizando a papelada em cima da mesa relacionada ao caso.

— Em algum dos cômodos da casa de Agustina, provavelmente. — pareceu pensar um pouco. — Não sei quando aconteceu para te informar com precisão.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora