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ISABELA SOUZA;

Não pensamos muito antes de abrir. Haviam ali exatas 5 pastas, mas a última era bloqueada por uma senha numérica.

— Preparado? — perguntei receosa.

— Nasci pronto. — tentou passar confiança.

Abri a primeira pasta, não tinha nenhum subtítulo, era apenas uma pasta com um arquivo de áudio. Não suspeitava do que estava por vir, mas respirei fundo e apertei o play.

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— Você não pode falar da cabana pra ninguém. É algo meu! — reconhecia aquela voz. — Eu te imploro, aquela noite ainda me atormenta, Valentina. — era Agustina. ela pronunciava cada palavra em um misto de desespero e súplica. — Isso foi algo difícil pra mim e você sabe! — lembrou. — Só cala a boca por favor. Já me convenceram de não te denunciar.

— Meu amor, sei bem como guardar um segredo! — disse em voz baixa. — Não vou contar pra ninguém que você foi estuprada. — me deu ânsia pela forma agressiva e debochada que Valentina tratava um assunto tão delicado.

— EU NÃO FUI ESTUPRADA SUA DOENTE MENTAL!  gritou  em resposta.  Graças a Isabela! Ela me livrou de você, seu monstro!   ouvimos um estalo estranho e o áudio foi cortado.

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Eu e Julio paramos por alguns minutos, e se pra mim, que era "envolvida" na história, não fazia sentido, quem dirá para ele que nem sabia do que se tratava.

— Olha, se você não quiser contar...

— Dezessete de junho. — interrompi antes que ele continuasse. — Na cabana em que achamos a Gabi. — respirei fundo com a intenção de tomar coragem pra começar a contar. — Não era sobre o que tinha acontecido comigo ali. Minha experiência ruim lá, foi por causa do que aconteceu com a Agustina. — me olhou com uma expressão assustada.

Nunca contamos isso pra ninguém, e nem podíamos. Agus nos fez jurar que aquilo seria um segredo nosso. Ela se sentia péssima pela situação. Mas, querendo ou não, estava trabalhando junto com Julio nesse caso, e por mais louco que pareça, eu confiava um pouco nele.

— Valentina armou isso? — assenti. — Sinto muito. — dei um sorriso ladino.

— Agustina estava compartilhando localização comigo, ela costuma fazer isso quando pega táxi. De alguma forma ela se sente mais segura. — ele parecia se atentar ao que falava. — O trajeto era até a casa de Giulia e Alan, mas reparei que ela estava indo em direção ao parque. Estranhei já que ela não me avisou nada. Me mantive atenta, vi todo o caminho até entrar na trilha. — suspirei fundo com a lembrança. — Mandei um milhão de mensagem perguntando o que estava acontecendo, liguei várias e várias vezes e nada de respostas, por isso, decidi ir atrás dela. —com certeza Julio me julgava maluca. — Foi a pior decisão que eu tomei. Não de ir ajudá-la, mas sim de ter ido sozinha. — corrigi. — Quando parei bem em frente a cabana, pude ouvir gritos e não consegui pensar em nada além de pegar um pedaço de madeira e entrar. Foi a pior cena da minha vida, Agus estava sendo pressionada contra o chão com seu vestido levantado, faltando pouco pro homem de capuz. — interrompi. — Bom você sabe! — limpei a garganta. — Bati com o pedaço de madeira na cabeça dele, mas ele não caiu como nos filmes. — senti meus olhos marejarem. — E foi assim que meu pesadelo começou. — o espanhol engoliu a seco.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora