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ISABELA SOUZA;

Durante as últimas 3 semanas, apenas encontrava com o grupo nos interrogatórios, o que nos gerava um clima insuportável. Além de cortar qualquer tipo de vínculo e contato com todos, fora Giulia, Guido e Rhener — por serem os únicos que não sabiam de nada — também cortei todas as coisas referente sobre aquela noite. Só cumpria meu dever indo, contra minha vontade, aos interrogatórios e reuniões relacionadas ao caso.

Nesse tempo, aconteceram muitas coisas. Gabriella ganhou alta do hospital, Judy — minha filha — havia retornado da mecânica e Valentina deu uma pausa com as mensagens, talvez pelo fato de que mudei meu número; Tudo andava em perfeita ordem, ou melhor, parecia ser assim.

Dia vinte e nove de julho  e, de acordo com meu celular, eram dez horas da manhã. Hoje voltariam os ensaios para nossa turma, ou seja, estava atrasada. Me arrumei rapidamente vestindo um sobretudo branco com uma blusa preta de gola alta, coloquei também minha calça jeans escura e minhas botas pretas. Arrumei meu cabelo com meus próprios dedos e parti em direção da garagem. Fui animada por dirigir novamente e parar de gastar todo meu dinheiro em táxi. Liguei minha música no ultimo volume e fui acelerando até meu destino.

— Bom dia. — cumprimentei as recepcionistas assim que cheguei.

— Saudades Isa. — responderam em uníssono. — Tudo bem? — a loira perguntou e assenti com um sorriso singelo no rosto. — Sentimos falta de você! — dessa vez quem falou foi a ruiva.

— Foi uma pausa necessária. — respondi simples. 

A companhia parou nossos ensaios por pouco mais de um mês. Ninguém da nossa turma tinha cabeça pra lidar com tudo. Agora as coisas estavam caminhando para a "normalidade". Pelo menos foi o que me alertaram.

— Atrasada! — Fer reclamou assim que passei pela porta.

— Perdi a hora. — me retratei.

— Como sempre. — deu um sorriso irônico. — Que isso não se repita, certo? — disse sério e concordei.

Entrar naquela sala depois de tanto tempo me fez ter reações estranhas, e não gostava de senti-las. Todos estavam ali, menos Valentina. E depois de tudo o que ela fez, achava que era o melhor.

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Depois de um dia lotado de ensaio e trabalho, não pensava em outra coisa a não ser ir pra casa relaxar a coluna e dormir.

Nossa próxima apresentação seria em menos de dois meses, ou seja, não tínhamos tanto tempo para ensaiá-la. Não seria uma peça grande — o que me tranquilizava —, mas, conforme as ideias de Fernando, era algo para homenagear Valentina. Infelizmente, assinei um contrato com a companhia o qual me obrigava a passar por isso.

— Isa. — Giu, afastando-me de meus pensamentos, aproximasse. — Sei que vai me matar por perguntar isso, mas Alan implorou para que fizesse. — fiz uma careta. — Eles vão invadir o hospital.

— Merda, Giulia! — falei alto. — Você me contou. Agora eu sou testemunha. — espalmei a testa. — Vejo vocês no tribunal. — sorri debochando e segui andando.

— É sério! — me puxou. — Vem com a gente, seu cérebro vale por todos os nossos juntos. — gargalhei, era exatamente por isso que não iria. Não queria ser presa por roubar o banco de dados de um hospital.

— Só posso na próxima. 

— Semana? — a italiana perguntou.

— Vida. — respondi irônica.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora