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MANOELA SANTIAGO.

Não demorou muito até o próximo abrir a porta. Ele trazia consigo uma expressão fria e séria, típico assassino inteligente que busca esconder seu crime.

— Alan Madanes? — assentiu e logo sentou-se a minha frente. — Nervoso?

— Um pouco.

— Se é inocente, por que o nervosismo? — percebi que ele, frequentemente, batia os dedos por baixo da mesa.

— Não gosto do ambiente.

— Qual o histórico com interrogatórios?

— Minha mãe assassinada pelo meu "pai". — fez aspas com as mãos. — Na minha frente. Eu e minha irmã tivemos que prestar inúmeras queixas, além de, semanalmente, durante um ano, sermos interrogados sobre a noite. Fase difícil. — respondeu diretamente de maneira seca, mas não aparentava ter superado totalmente.

— Lamento por sua perda. — falei e o homem deu um sorriso simpático como agradecimento. - Sua irmã está no meio disso? — assentiu. — Qual o nome?

— Giulia Guerrini. — anotei.

— Por que se apresentam com sobrenomes diferentes?

— Ela tem o costume de usar o Guerrini, sobrenome paterno, e eu Madanes, da mamãe. — notoriamente ele tem um problema com pai e, com toda minha experiência em questões familiares, aposto ser além do assassinato.

— Não foi apenas o assassinato, certo? — negou com a cabeça.

— Ele nos agredia. Minha mãe foi morta salvando minha irmã de um abuso sexual. — anotei essa informação em um papel dedicado à Giulia. Com certeza esse assunto seria mais complicado para ela. Ou seja, sem assuntos paternos com Giulia.

— Bom, perguntas familiares o suficiente. — disse virando a folha, após terminar minhas anotações sobre o tema. — Como é sua relação com o grupo? — arrumou-se em sua cadeira.

— Dependia de com que me relacionava. — assumiu. — Éramos 17 pessoas, impossível que todos fôssemos melhores amigos. — falou com sinceridade.

- Com quem tinha mais proximidade? - a expressão fria foi substituída por uma de dor. Alan, de alguma forma, sofreu com a pergunta.

— Além da minha irmã, Rodrigo Rumi, Esteban Velásquez e Agustina Palma. — interessante, dois dos quatro citados estão mortos. — Mas os dois últimos foram mortos por algum desgraçado.

— Aceito sua declaração para Esteban Velásquez, os relatos disseram que ele foi morto na frente do grupo, porém Agustina Palma. — revisei alguns papéis na pasta garantindo que minha fala seria correta. — Foi suicídio, certo? — negou e o encarei confusa.

— Agustina não teria motivos para isso, posso garantir. — pareceu bem confiante no que afirmava. — Sim, ela tinha princípio de depressão e ansiedade, mas nem nas piores crises, Agus pensou em tirar a própria vida.

— Qual era sua relação com Agus?

— Namorávamos. — anotei.

— Bem perceptível a diferença de idade dos dois. — confessei meus pensamentos.

— Aconteceu. — realmente, aconteceu uma pedofilia.

— Me fale sobre dezessete de junho. — tentei focar em solucionar o assassinato.

— Pensei que iríamos falar sobre o caso da Valentina.

— Valentina estava morta nesse dia? — balançou a cabeça em negação. —Então estamos falando sobre o caso. — completei. — Tentarei novamente. — me posicionei melhor na cadeira, coloquei as duas mãos em cima da mesa, e o encarei fixamente de forma mais séria. — O que aconteceu uma semana antes do assassinato de Valentina?

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora