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N/A: Oi vidas, esse capítulo é COMPLETAMENTE intenso e contém partes possivelmente sensíveis — pensamentos suicidas e indícios de pânico e ansiedade — por isso peço para que tomem cuidado na leitura.

AGUSTINA PALMA; 
(algumas horas antes...)

Sentia a leve brisa do vento gelado em contato com meu rosto quente me gerando, assim, calafrios. Notei que alguém me seguia enquanto andava pela rua escura, e mesmo assim, ignorava e continuava focada no longo trajeto da casa de Isabela até a minha. Contudo, ultimamente, não era nada fora do normal. Já havia reparado há algum tempo.

Sabia o que precisava fazer, na verdade, aquela era a maior certeza da minha vida. Nos últimos dias, após refletir sobre todas as coisas, cheguei a conclusão que não poderia continuar vivendo daquela forma. Não conseguia mais esconder minha culpa e viver correndo riscos. Precisava dar um fim nisso!

Não era apenas pelo meu bem, era pelo bem de todos. Havia me tornado uma bomba  a própria Chernobyl  para pessoas que amava. A qualquer momento poderia explodir e estragar tudo. Ninguém merecia conviver com os riscos que carregava comigo. Ninguém merecia conviver com as coisas que escondia coisas, com a minha culpa. Não era digna de nenhum deles. Afinal, nunca iriam me desculpar por todas as coisas horríveis que fiz desde vinte e quatro de junho. 

Minha insuficiência me matou muito antes dos meus pensamentos suicidas, a única coisa que me restava era aceitar meu final. Faria isso pensando em cada um deles.

Não me restava opções, havia tentado de todas as maneiras que estavam em meu alcance. Essa foi minha conclusão para enfim me livrar, de uma vez por todas, daquele pesadelo. 

— Querida Agustina, descanse em paz!  — essa foi a última frase que ouvi até dar um fim ao meu problema...

Não saberia como responder. Tudo que ousasse falar sobre o que sabia, poderia ser usado contra mim. Não queria mentir para Isabela, ela era a minha melhor amiga, confiava nela. Mas se ela soubesse, também estaria encrencada assim como eu.

Sim, eu tô muito na merda por saber mais do que deveria.

Apenas preciso achar, nesses poucos segundos que tenho, as palavras certas para não despertar mais interesse, da parte dela, nessas perguntas idiotas sobre mim ou aquela noite.

Em alguns casos, a morte torna-se a única salvação. Era um bom exemplo do que eu vivia. Descobri, no final das contas, que a morte, em si, é uma arte a ser desvendada e, para ser sincera, me sentia pronta para explorá-la.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora