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ISABELA SOUZA;

"Não seja influenciado por pessoas ruins", minha mãe sempre dizia. Vejamos onde cheguei atualmente.

— Esse povo me paga por isso. — Rhener bufou em um sussurro enquanto passava o olho por diversos papéis espalhados pelo chão.

— Podemos falar? — pedi e ele assentiu com um sorriso forçado.

— Que foi? — disse baixo puxando-me para um canto.

— Acho que precisamos contar sobre o jogo. — fui diretamente ao assunto. — Pode ser pior se eles descobrirem. A gasparzinho está por aí, só esperando a melhor oportunidade pra tacar todas as merdas no ventilador. — lembrei.

— Ficou louca? — cochichou. — Isabela, ninguém pode saber dos desafios! — novamente tomei o controle do meu tom de voz.

— Sabe como é difícil esconder isso deles? — assumi e ele rolou os olhos. — Não é possível que sua consciência não pese. — negou.

— Estávamos bêbados, está tudo certo. — afirmou.

— Você namorava, imbecil. — falei entre dentes. — Odeio a Julia, mas não consigo dormir a noite por ter colocado chifres na cabeça dela.

— Pensasse isso antes de ficar comigo bêbada. — o fuzilei com o olhar. — Que foi? — perguntou irônico.

— Eu fui drogada. — afirmei. Tinha certeza disso. — Não sei quem fez isso, AINDA. — destaquei. — Mas quando descobrir, eu mato.

— Enfim, eu realmente estava bêbado e a mesma coisa com você. — explicou. — Não namoro mais com a Julia e isso só me causaria problemas com a Gabriella e no seu caso, com o espanhol. — apontou, disfarçadamente, para Julio.

— E quem disse que eu me importo com ele? — tentei disfarçar.

— Não sou cego. — respondeu simples. — Mas a questão aqui é que, não podemos contar do nosso envolvimento, não acrescenta em nada na história do assassinato. — desviou do assunto. Agradeci mentalmente.

Meu celular tocou e, com toda certeza, não consegui disfarçar meu choque ao ler a mensagem que apareceu em minha tela.

— O que você sabe sobre a chegada e a saída do Fer na festa? — perguntei à Rhener alto, chamando a atenção de todos. — Essa é a minha mensagem. — mostrei o celular. — O que você sabe sobre Fernando em vinte e quatro de junho? — repeti a pergunta o vendo boquiaberto e estático em minha frente.

— E-eu... - gaguejou. — Eu ajudei o Fernando a entrar e sair. — as expressões de curiosidade foram convertidas em espanto. — Precisava encobrir ele para que Valentina não contasse algo importante sobre mim. — engoliu a seco.

— O que seria tão importante? — Alan questionou com curiosidade.

— Misericórdia, não tem um que seja santo nessa merda. — Micaela murmurou. — Às vezes só preciso de um minuto de paz. — completou passando a mão pela testa.

— CONTA. — novamente, insisti.

— Eu ficava com a Gabriella. — Dani, que estava bebendo algo, no mesmo instante cuspiu o líquido de volta no copo. — E, naquela noite, acabei ficando com a Isabela também. — foi vez de Julio cuspir a água que bebia.

— É PIADA? —Julia rebateu e ele negou. — E a burra aqui ainda tinha esperança de tudo que falavam ser mentira. — deu um forte tapa estalado em meu rosto. — VOCÊS QUE ERAM PRA TER MORRIDO NO LUGAR DA VALENTINA. — pegou a bolsa que estava jogada em algum canto e se retirou da casa irritada.

— Vocês são rápidos para caralho, hein. — André tomou a palavra. — Deixa eu ver se entendi direito. — limpou a garganta. — Valentina corneou o Julio com metade de Buenos Aires, inclusive com o irmão, Fer. E pra manter segredo, Rhener, que corneou Julia com Gabriella e, Gabriella com Isabela, que corneou Valentina com o Fernando, que corneou... — todos fizemos uma cara de interrogação.

— A conclusão é: Quem não é corno? — Esteban interrompeu o raciocínio do brasileiro, mas, ao perceber o que disse, tapou a boca.

— Depois a babaca sou eu. — Agustina cochichou alto o suficiente para que todos ouvíssemos. — Olha, chega! Cornos ou não, eu vou embora! — disse sem paciência se dirigindo até a porta. —Não existe mais clima pra isso. — saiu batendo a porta.

E essa foi a motivação que todos precisavam para irem embora. Ninguém tinha cabeça para buscar provas de nada, só nos restaram os chifres e o estresse.

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Depois de algumas horas que a maioria foi embora, eu, Rhener e Julio terminávamos de organizar a papelada que parecia não ter um fim.

— Precisa de mais alguma coisa? — o brasileiro perguntou à mim e neguei. — Bom, então qualquer coisa, liguem! — assentimos, ele pegou suas coisas e se retirou.

— Sabia que Valentina estava grávida do teu irmão e não me contou? — assim que ouvi a porta bater, fiz a pergunta que tanto tinha curiosidade.

— Que? — me olhou confuso. — Claro que não! Já te disse que sabia que eles ficavam, porém não podia deixa-los descobrirem dos áudios, não é? — me aliviei de imediato. Não aguentaria mais mentiras. — Só disse aquilo para não contar sobre o relógio, arquivos e essas coisas. — explicou.

— Ah! Desculpa. É só que...

— Fica tranquila. — me interrompeu antes que pudesse explicar. — Não vou mentir. — sorri.

Não demorou muito para que nossos celulares tocassem provando que sempre poderia piorar. Meu mundo foi destruído assim que li o que a mensagem de texto dizia. Mais uma vez, estávamos vivenciando aquele terrível pesadelo.

Parece que notícia ruim chegava mesmo rápido.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora