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ISABELA SOUZA;

Notei minhas pernas dormentes, meu coração apertando mais a cada segundo que ficava sem respostas, tentei, por diversas vezes, puxar o ar, mas sem êxito. A visão turva me deixava tonta e eu tinha dificuldade para mexer quaisquer partes do meu corpo. Que droga acontecia comigo?

Peguei uma cadeira branca de couro próxima e me sentei rapidamente antes que caísse no chão demonstrando ter sido, drasticamente, afetada pela acusação mentirosa da detetive. Contudo, em momento nenhum cortei nossa comunicação por entreolhares. 

— Detetive eu. — antes que pudesse completar a frase, fui interrompida pela senhora Peña. Não tinha nenhum contato com a loira, mas, pelo pouco que ouvi dizer, ela era advogada criminalista e, nas poucas horas que restavam, mãe de Julio e Fernando Peña.

Fernando, nosso professor de teatro, era um dos melhores do país. E Julio, bom, esse garoto era insuportável da galáxia. Inclusive, se ele que morresse, com toda certeza, eu seria a principal suspeita. Isso se já não era no caso da Valen.

— Como a senhora, policial, pode interrogar essa jovem sem nenhum advogado presente? — agradecia mentalmente enquanto observava a cena. — Como pode fazer isso em uma suposta cena do suposto crime? — gesticulou mostrando indignação. — Exijo que o interrogatório acabe imediatamente e apenas seja realizado futuramente, em outra ocasião, com minha presença ou com de fato, um detetive policial investigativo! — deu bastante ênfase ao minha como se fosse a própria Lady Gaga.

Agora, quem ficou sem reação junto comigo, foi Davis, até porque, a pobre coitada da policial Ernesta já estava um bom tempo tentando entender algo do que acontecia ali.

— Saíam todos. — ordenou em alta voz para sua equipe e, imediatamente, todos cumpriram terminando a limpezas e coleta de dados pelos cômodos.

A senhora Peña disse algo que realmente não fez sentido. Por qual motivo o interrogatório foi feito em uma suposta cena do crime e não na delegacia? Não era assim que funcionava nos filmes policiais.

Com a ordem da advogada, busquei rapidamente minhas poucas coisas espalhadas pela casa de Agustina. Eram apenas minha bolsa, meu casaco e meu celular — carregando na tomada da cozinha. Peguei o celular juntamente com o carregador e subi as escadas caminhando até o quarto de Agus com objetivo de buscar a bolsa e o casaco que havia deixado ali quando cheguei. Na mesma hora que os segurei, ouvi alguém gritando o que me fez quase infartar.

— Larga isso! — deu um tapinha na minha mão fazendo com que a soltasse no chão. Por um momento pensei que estava com a arma do crime. Minha bolsa! Matei a Valentina com uma bolsada na cabeça. Era só o que faltava.

— São meu casaco e minha bolsa. — expliquei assustada depois da reação exagerada que aquele homem teve ao me ver juntar as minhas coisas.

— Lindinha, estamos em uma cena de um crime. Isso é importante pra investigação. — esse velho me chamou de "lindinha"? Me deu ânsia de vômito! 

— Minhas chaves estão dentro da bolsa junto com o dinheiro e a carteira de motorista. Como chego em casa? — ficou bem perceptível com meu tom de voz, o tamanho da minha frustação e irritação.

Então, ele apontou pras luvas em suas mãos e começou a buscar minhas chaves na minha pequena bolsa. Só que não era possível! Deveria ter minha carteira, minhas chaves, um batom, uma caneta e talvez algumas notas fiscais. Apenas. Não entendia qual era dificuldade dele.

— Aqui está. — entregou-me a carteira e as chaves depois de anos revirando-a.

— Faça bom uso do batom. — não consegui controlar e acabei debochando da péssima situação que me encontrava.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora