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GUIDO MESSINA.
(flashback 24/06)

— O que foi? — Giulia, sentada na mesinha de centro em minha frente, me encarava confusa enquanto dava mais um gole em sua bebida.

— Deveria beber tanto assim? — perguntei guardando o celular no bolso traseiro da minha calça e, em seguida, tirando o copo vermelho das mãos da loira. — O que é isso? — perguntei analisando a bebida.

— Vodca! Você nem gosta, devolva. — pediu estendendo a mão na direção do copo.

— Não posso deixar que minha linda namorada vire uma alcoólatra. — expliquei e ela ameaçou responder, mas notou o jogo que eu fazia.

— Quase me fez esquecer do assunto, Guido, mas falhou. — semicerrou os olhos sobre mim. — Por que seu pai estava gritando no telefone?

Que droga! Ela ouviu. Tinha uma certa expectativa de que ela não se interessasse em saber mesmo vendo que mudei, completamente, após essa ligação.

— Nada demais. — nervoso, virei  de uma só vez o líquido. — Argh! Vodca é horrível. — fiz uma careta.

— Quanta hipocrisia, senhor Messina. — balançou a cabeça em negação, vendo que, mesmo achando ruim, terminei com a bebida.

— É meu charme. — pisquei um dos olhos com um sorriso bobo.

— Agora me conta. — sentou-se ao meu lado no sofá da sala e, com folga, colocou as pernas em cima das minhas.

— Contar o quê? — Valentina apoiou seu copo de bebida na mesinha que, anteriormente, Giulia estava e inseriu-se no assunto. — Adoro fofocas! — riu enquanto me encarava com olhar penetrante.

— O pai do Guido ligou e parecia bastante irritado. — a italiana revelou. — Mas ele não quer me dizer o porquê. — bufou.

— Os pais deles andam falando muito com os meus. — disse pegando seu copo e ingerindo um gole de sua bebida. — Pelo que entendi, refere-se a obra da igreja. Isso vem os deixando com nervos aflorados.

— Foi isso. — apenas concordei agradecendo mentalmente por ser salvo de perguntas que eu não estaria disposto a responder.

— Bobinho, por que não me contou logo? — passou as mãos por toda a circunferência do meu rosto.

Fiquei em silêncio.
Não conseguia mentir pra Giulia.

— Provavelmente foi de implicância, amiga. — novamente, recebi ajuda da loira.

— Amor, pare de ser tão implicante. — deu língua. — Já volto, vou pegar mais bebida. — em um único impulso, Giulia levantou-se do sofá pegando o copo em minha mão. — Alguém mais quer? — rapidamente, Valentina estendeu seu copo e agradeceu.

— Preciso ir ao banheiro, com licença. — levantei e pedi passagem.

Contudo, mesmo com o aviso, fui, descaradamente, seguido pela loira até uma das suítes no andar de cima.

— O que quer? — perguntei ríspido assim que encostei a porta.

— Você sabe o que quero. — manteve a expressão calma.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora