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JULIO PEÑA;

Não poderia contar sem dizer sobre tudo.

— Você não vai me falar nada? — Isabela, novamente, me colocou em uma situação um tanto quanto complicada.

Contar a verdade ou morrer na mentira? Não sei qual dessas duas opções a salvaria de envolver-se no caos que é minha vida.

— Esquece isso, é melhor! — fechei o arquivo que estava nas mãos dela. — Precisamos sair logo daqui. — tentei levantar, mas fui impedido.

— Julio, você não confia em mim? — ouvir isso me machucava.

Sim, óbvio que confiava de olhos fechados, porém não era minha confiança que estava em jogo. Não sei se ela está pronta para saber os detalhes da noite de dezessete de junho. Tudo o que ela não sabe ou não viu sobre aquela noite, é a minha perspectiva sobre o ocorrido, e aquilo não era bom, tanto que ainda pagava por isso.

— Confio. — sua boca se curvou num sorriso. — Juro que tenho total confiança na minha parceira criminal. — brinquei. — Só que pra falar sobre isso, teria que começar com outras coisas. — expliquei sem entrar em detalhes. — Não acho que isso vai te fazer bem. — disse sincero.

— Sei que não foi você. — a fitei sem reação. — Julio, você não matou a Valentina, só que preciso saber a sua versão para pegarmos quem a matou. — assenti dando-me por vencido.

JULIO PENÃ;
(flashback 17/06)

━━━ possível gatinho: estupro e violência. (pessoas sensíveis, favor pular para o resumo)


Minha visão estava embaçada e turva, provavelmente, consequente ao álcool. Me sentia perdido, porém estava convicto de que algo estava errado. Estávamos na sala encarando Valentina — completamente fora de si — aos berros. Nem eu fui capaz de controla-la.

— ESTOU CUMPRINDO MINHA PARTE DO ACORDO. — a loira gritou entre lágrimas enquanto, os outros ao redor, tentavam entender o que acontecia. 

Valentina parecia perturbada. Seus gritos eram altos e aquilo só me deixava ainda mais enjoado. Por isso, subi as escadas e fui até o banheiro. Precisava vomitar. Me deparei com a porta trancada, estava decidido a usar o do quarto de Giulia, mas ao ouvir batidas fortes e grunhidos, percebi que havia algo errado. Não sabia o que poderia estar acontecendo, e mesmo assim — por puro instinto — arrombei a porta.

Vi Isabela aos prantos jogada no chão coberto por sangue. Deduzi o que havia acontecido. Nem parei para reparar no cara em cima dela, apenas o puxei e impulsionei sua cabeça contra a parede antes de jogá-lo escada a baixo. Foi assim que matei um desconhecido sem ter intenção.

O cara já deslizou até o último degrau e, todos que estavam na sala acompanhando os surtos da minha ex, olhavam assustados. Foi nessa hora, ao vermos o sorriso psicopata da minha ex, que entendemos do que ela era capaz.

Ignorei os olhares julgadores e voltei ao banheiro para que pudesse vestir Isabela. Tirei minha camisa e, cuidadosamente, a vesti. Ela se encontrava completamente nua, não achei que seria confortável ser exposta daquela forma. 

Fui eu que a levei para o apartamento. Não imaginava que deveria fazer, imediatamente, o boletim de ocorrência. O efeito da bebida fez isso comigo, com isso, falhei pela segunda vez.

Assim que pegou no sono, minha mãe ligou dizendo que os amigos receberam o alerta de um crime ocorrido na casa de Giulia e Alan. No desespero, nem esperei e contei tudo por telefone. Ela limpou minha barra e enterrou o caso, como se dezessete de junho fosse apagado da história. Contudo, não era bem assim.

24 de JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora