When The Mask Falls Off (CONCLUÍDO)

Doux désir

Andam dizendo por aí que somos um casal perfeito, mal sabem eles que são as nossas imperfeições que nos tornam um casal.

Ana Beatriz Bittencourt

   O cômodo era preenchido pela claridade intrusa que se esgueirava-se pelas pequenas brechas das persianas azuladas. Na cama, um corpo descansava preguiçosamente. Era outra manhã simples de céus nublados e vento cortante, afinal, ainda era demasiado cedo. Lá fora, o sereno da noite virava vapor conforme os raios solares davam seus pequenos sinais de vida. Às ruas preenchidas pela neblina ia se revelando aos poucos, e os passarinhos que outrora dormiam, iniciavam seus vôos atrás de alimento e ar fresco. Carros começavam a sair de suas garagens e pedestres se juntavam para atravessar a rua trajados em suas roupas sociais em meio a um falatório exagerado. Estudantes de toda cidade se preparavam para mais um dia de aula, assim como os professores que iniciavam suas manhãs com um bom café quente e pilhas de atividades para projetar. Era manhã de sexta-feira.

    Em um único espreguiçar, o Jaeger se moveu na cama abrindo lentamente seus olhos. A luz que batia em ambos os olhos, doía, e torturavam suas íris esverdeadas. A mão se esgueirava pelo lado oposto na cama, mas aquela já jazia vazia. Da porta, surgia o cheiro de café fresco, invadindo o quarto sem pedir permissão. O estômago que a minutos atrás implorava por panquecas, já se embrulhava com o cheiro. Não era tão doce, mas também não muito amargo. O cheiro era agradável para apreciadores de um bom café fresco, mas, para Eren, era enjoado. O corpo se ergueu enquanto os longos braços se esticavam para cima, relaxando o corpo após uma noite bem dormida. Os pés reclamavam ao tocar o piso gélido durante um caminho curto até o banheiro, e, o corpo doloroso grunhia com a movimentação de cada músculo. O iniciar da higiene matinal foi rápido. Sem muita demora, desceu as escadas acariciando a parte de trás do couro cabeludo. Não se deu o luxo de pentear os fios castanhos, iria fazer isso depois de um bom café.

    Ackerman havia acordado mais cedo naquela manhã. Enquanto a figura de Eren descansava sobre sua cama, o mais velho tratou de se preparar para preparar o café da manhã. Já havia perdido o sono, e seus músculos reclamariam se ficasse mais um minuto na cama. Entre uma panela e outra, pensava sobre a noite anterior. Eren, mesmo apesar de um ômega, não parecia demonstrar medo ao agir daquela forma perto de um alfa, ou seria por que o alfa era ele?! - Tantas perguntas sem nenhuma resposta. Isso é frustrante! - pensava ele. Não demorou para que a imagem desajeitada do mais novo surgisse pela porta da cozinha. Seu rosto ainda estava amassado, dizendo nitidamente que havia acabado de acordar. Frente a mesa, o de madeixas negras degustava de uma xícara de café enquanto revirava as páginas de um jornal após ter finalizado o preparo do café da manhã.

— Imaginei que esse cheiro de café vinha daqui debaixo. – Eren aproximava-se da figura maior, bisbilhotado sutilmente a página do jornal que aquele lia. — Você ainda lê jornal? – Encaminhou-se para a chaleira de chá no fogão. Foi inevitável não sorrir ao ver que o homem já se acostumou com o fato do garoto não gostar de café.

— Eu prefiro não perder tempo em busca de notícias na internet. Tenho um jornal novinho entregue na porta do prédio todas as manhãs, para que eu iria atrás de informações online? – Bebericava o café ainda percorrendo os olhos pelas pequenas letras, com ajuda de seu óculos.

— Bom, se você diz. – Jaeger acomodou-se na cadeira vazia ao lado do homem. O cheiro doce do chá invadiam suas narinas lhe trazendo uma paz reconfortante. — A propósito, obrigado por ter me trazido até aqui ontem. Poderia ter me acordado e me feito caminhar. Não imagino como foi cansativo me carregar.

— Não foi! Você não é tão pesado. – Buscou a face alheia não vendo nenhum sinal de vergonha ou desconforto.

— Ainda assim, senti que devia agradecer. – Levantou o olhar, também encontrando aos do homem por alguns segundos.