Vengeance amère

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   Com o cair da noite, vem o silêncio, os devaneios, o frio de um corpo sozinho, e um barco repleto por filmes fotográficos passando por sua mente o lembrando do que foi vivido, do que foi experienciado, sejam aquelas opções que levaram a um bom caminho, e as que não levaram. Ele tentou não olhar para ele, como se fosse o sol. Mas, como o sol, ele o viu mesmo sem olhar para ele. Um pequeno e travesso borrão nos filmes fotográficos da vida. Um corpo com dois corações repousados na grande, larga e macia cama. Eren contava os pequenos pontos que imaginava surgir no teto do quarto, e ao seu lado, uma bela irmã adormecida. O sono não vinha, não importava o que fazia para ele vir. Ele simplesmente não vinha. Os músculos já cansados da cama, reclamavam na esperança de serem libertos da dor. Levantou-se silenciosamente e saiu do cômodo atrás das portas de madeira da área de lazer. O ar que encontrou com seu rosto lhe trouxe tamanha paz e calmaria. Já não suportava ficar naquele quarto quente.

   O silêncio era bom, apenas o chocar das ondas lhe tranquilizava. Na sombra da pequena área amadeirada, surgia um homem muito surpreso com aquela estatura alta. Os passos que diferia no chão eram silenciosos, Eren nem mesmo percebeu aquela segunda pessoa ali. Foi com uma entonação rouca que olhou para o lado e notou a figura trajada à roupas praianas. O deixava estiloso, e aquele gostava.

— Não consegue dormir também? – A voz aproximou-se com cautela. Estava mais perto, e fora das sombras. O garoto saltou, repousando a mão sobre o próprio peito na tentativa de acalmar as batidas aceleradas.

— Céus!! Não faça isso, eu realmente me assustei. – Inspirou o ar fresco soltando-o rapidamente em um único segundo. — Imagino que você está na mesma situação que a minha.

— O vento não me deixa dormir. O rangir das madeiras são barulhentos. – Pigarreou encontrando o corrimão de madeira, aquele do qual servia como segurança para não terminar por cair do outro lado.

    O riso nasal preencheu o ambiente, levando a atmosfera estranha que tentava se alojar no silêncio entre os dois indivíduos.

— Óh, claro! Um cara como você está acostumado aos luxos de seu quarto. – Brincou trazendo o olhar indiferente para si.

— O quê quer dizer com "um cara como eu"?

— Não é nada, senhor Rivaille. Foi só uma brincadeira, uma brincadeira. – Apalpou o corrimão suspendendo o corpo para frente na busca de se apoiar na madeira.

— Uma brincadeira.. – Tombou a cabeça para trás observando o manto azulado acima de si.

   O calor era terrível dentro da casa, mas o lado de fora estava totalmente agradável. O vento favorecia os desafortunados. Uma madrugada em uma praia barulhenta era tudo o que não queria. Não que odiasse praias, mas, não tinha boas recordações de tais. O mistério que o rodeava despertava curiosidades nos demais próximos a ele. Se gostavam de acreditar que mistério era algo charmoso, deixe que pensem. Não partilhava da mesma opinião. Guardar tudo dentro de um único corpo só, não é lá algo muito bom.

— Você se decidiu? – Quebrou o silêncio procurando por aquele par de olhos esverdeados, que estavam direcionados unicamente para o mar.

— Se você fala sobre admitir que preciso de ajuda, então você já sabe a resposta. Eu não estou doente. Pareço doente para você? – Finalmente encontrou as irís acinzentadas, que, por culpa do escuro da madrugada, estavam negras.

— Garoto, por quê você precisa sempre se comportar dessa forma? Diga, você teme parecer vulnerável para alguém? Eu achei que estávamos começando a nos entender. Eu confiei em você, e eu queria que fizesse o mesmo. – Levi atentou-se nas ondas no intuito de desviar o olhar. Sua impaciência era um defeito imenso, assim como diversos outros que possuía.

When The Mask Falls Off (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora