Cansada

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A meu pedido, me contou mais sobre seus planos. Ficamos discutindo um pouco sobre o que deveríamos fazer a partir de agora. Ma os dois estavam muito cansados e desgastados. Combinamos que nos juntaríamos amanha para conversar mais. Fui ao me quarto, com todos os acontecimentos desta noite frescos e inundando meus pensamentos. É então que me lembro de Mal, e que não havia conversado com ele ainda. Após nossa conversa o Darkling explicou que estava com medo de me perder e impediu minhas cartas de chegarem a ele assim como as dele de chegarem a mim. Tivemos mais um pequena discussão, mas conseguia ver sinceridade em seus olhos, mas os dois sabiam que seria mais uma coisa a adicionar a lista de tudo que eu teria de superar para poder perdoa-lo.

Me direcionei até o quarto, não muito longe do próprio Darkling. Ivan ainda estava na porta quando cheguei.

     Ivan, pode deixar, ele não irá fugir, vá descansar e chame outro guarda para ficar em seu lugar.

Seu rosto me analisava, sério e cético como sempre, mas por fim cedeu, chamou outros guardas para tomarem seu posto e eu entrei no quarto.

Maly estava sentado em uma cadeira, parecendo claramente deslocado no meio desse luxo, apesar de que o quarto era o mais simples do palácio. Assim que me viu, correu para meus braços. Um estranho sentimento de calma e paz me sobrecarregaram durante o abraço, logo ele mandou mil perguntas:

     Alina? Você está bem? Onde estava? Ouvi dizerem que havia sido raptada. O Darkling não teve nada haver com isso, certo? Se ele tiver vou acabar com ele.... Não sabe ha quanto tempo tenho tentado entrar em contato com você.... eu o achei... do seu desenho... como sabia que.....

     Mal! Respira! — o interrompendo— Está tudo bem. Tenho muito que te contar, descobri muitas coisas esta noite, que acabam influenciando em muitas outras. Sei que achou o cervo e um pouco do que aconteceu com você na procura. Mas eu passei para pedir-lhe que conversemos amanhã. Estou exausta, preciso de um bom banho quente e minha cama. Amanhã vou tomar café da manhã com você e podemos discutir tudo, tudo bem? Tome um banho, posso mandar roupas novas enquanto essas são lavadas para você, inclusive se quiser, posso pedir para lhe trazerem um jantar.

Vi que ele ia começar a protestar, me encher com mais perguntas, antes que pudesse, disse:

     Estou bem mas também estou de verdade muito cansada, precisou de um tempo só pra mim. Por favor, Mal.

     Amanhã.

     Amanhã. Boa noite Mal, vou pedir trajes novos e um lanche para você.


🌑✨

Como prometido, pedi aos criados que levassem tudo à Mal, deixando o mais confortável possível mas sem o sobrecarregar. Quando cheguei em meu quarto, me despi e tomei meu banho. Estava escuro então resolvi trazer uma das minhas luzes à tona, me fazendo sentir menos sozinha, passando uma sensação de calor reconfortante sob mim. Logo após deitar em minha cama, por causa de todos pensamentos me circundando, deixei algumas lágrimas caírem, mas não muito depois cai no sono.

Estava sendo acordada agora por Genya. Ela já estava se movendo, abrindo as cortinas, separando minhas roupas e preparando seu kit na penteadeira. Não estava com muita vontade de levantar, mas sabia que precisava falar com Mal e Aleksander, e não poderia fazer o mesmo deitada em minha camisola.

     Santos! Você parece horrível.

Olho no espelho e de fato estava com cara de quem não dorme há dias, com olheiras grandes e profundas. Apenas ignorei seu comentário enquanto ela começava a me arrumar. Ainda estava pensando em tudo, sem muita disposição para fofocar com Genya, então fiquei quieta enquanto ela me preparava. Novamente arrumou meus olhos, me deu um pouco de cor nas bochechas, porque de acordo com ela eu parecia um fantasma sonolento. Quando fui me vestir, vi que o kefta estendido na minha cama era preto com seus bordados dourados. Não queria usar suas cores, não agora, depois de tudo. Então faço um pedido a Genya, que o estranha mas não questiona. Disse também que hoje usaria apenas um vestido, sem kefta algum. Não me sentia mais no direito de usar o azul como se eu fosse igual aos outros Etherealki, afinal ia ser uma de suas líderes mas não queria parecer pertencer ao Darkling usando suas cores.

Quando estava finalmente pronta, me dirigi ao salão onde Maly já me esperava, observando todas as opções de comidas na mesa, comendo com os olhos. Me lembrei que ele fazia a mesma coisa no orfanato quando éramos menores, me fazendo soltar uma risadinha.

Assim que me viu, se levantou, me abraçando novamente. Voltamos a mesa. Ficamos uns momentos em silêncio, dando pequenas mordidas na comida, até que ele me pediu para contar tudo. Assim fiz, contei sobre minha trajetória no Pequeno Palácio, meus poderes, tudo que descobri ontem, mas tentei evitar falar muito sobre meu relacionamento com o Darkling.

Durante toda fala, ele ficou apenas ali ouvindo cada palavra, sem dizer nada, nem comendo mais ele estava. Fiquei com medo do que ele estaria pensando sobre mim nesse momento, não conseguia identificar o que se passava na sua cabeça, não mostrava suas emoções, não  conseguia lê-lo.

Após uns 15 minutos falando, acabei. Ficamos em um silêncio enlouquecedor, até que o implorei para falar algo.

     Alina, desculpa só estou chocado com tudo que aconteceu. Tenho tantas perguntas ainda.

     Como quais?

     Você acredita, você confia no Darkling?

      Depois de tudo que aconteceu, por que voltou?

      Mal... acredito nele mas não posso dizer que confio nele como antes. Já lhe expliquei porque voltei, senti que não sabia de tudo, ele me deu tanto que o mínimo que poderia fazer era dar uma chance de se explicar.

     Alina! Mas e se ele quisesse te machucar de verdade? Ele não deixaria mais nenhuma brecha para uma possível fuga desta vez. Por que não me contou ser grisha? Depois de tudo que passamos, acha que eu não conseguiria guardar seu segredo?

      Acha que sou burra? Que não pensei nisso? Claro que pensei, eu tinha um plano, uma garantia de que meu destino fosse qualquer um, a não ser usada ou controlada por mais ninguém. E não me venha com essa! Confio em você, sabe disso, mas eu mesma não sabia que era grisha! Como poderia lhe contar algo que não sabia?

Mal ficou me olhando como se não conhecesse essa pessoa na sua frente, como se o tivesse traído. Ficou procurando por algo que tudo fosse fazer sentido, pensando se estava lhe contando tudo. Cada segundo que ele ficava me olhando daquela forma, eu ficava com mais raiva. Após tudo que lhe contei, tudo que passamos, como ele poderia achar que mentiria para ele, que teria escondido algo tão grande dele, que eu era ingênua?

Estava segurando lágrimas de raiva e tristeza, me levantei para sair, antes que não as consegue mais controlar. Mas ele se levantou, gritando meu nome, me seguindo, e antes que pudesse chegar na porta ele segurou meu braço, me virou para ele. Ele viu meus olhos marejados, me encarou mais um pouco e quando ia tentar me separar novamente, ele me beijou!

Não sabia o que fazer, como responder, se deveria responder, estava confusa. Antes mesmo de que eu pudesse me separar, a porta do Salão se abriu junto de um grito:

     SOLTE ELA AGORA!

Ele se assustou, me soltou e quando me virei em direção a porta, lá estava o Darkling, seus olhos não eram mais o tom de cinza, estavam pretos.

Light of mineOnde histórias criam vida. Descubra agora