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A noite já havia chegando e com ela a brisa fria chocante. Os vidros do caminhão estavam embaçados e Savannah só enxergava algo devido ao farol que iluminava a estrada deserta. Suas irmãs não fecharam a matraca nem por um minuto sequer, bombardeando Any com perguntas impessoais.
 
Foi de forma estressante que Savannah descobriu que a garota, infelizmente, falava demais e deduziu que colocar quatro garotas falantes no mesmo lugar não era, definitivamente, uma boa ideia.
 
Sofya coçou seus olhos e bocejou logo após um momento de silêncio e Savannah agradeceu mentalmente por isso, já sabendo o que viria à seguir. 
 
-- Savannah, será que eu poderia ir dormir? -- Sofya questionou. Savannah apenas assentiu e estacionou assim que pôde. A enorme porta foi aberta e Heyoon  e Sina aproveitariam para ir também, no entanto as garotas congelaram no lugar ao lembrarem de Any.
 
-- Droga. Não tem onde ela dormir lá atrás. -- Sina disse, fazendo Any franzir o cenho.
 
-- Vocês dormem lá atrás? -- Perguntou surpresa.
 
-- Sim. Temos três palheiros lá atrás. Aqui na frente não tem condições de dormirmos todas. -- Sina disse.
 
-- Ela pode dormir aqui na frente comigo. Ela dorme na boléia enquanto dirijo e quando eu estacionar durmo no banco. -- Savannah sugeriu.
 
-- Ótimo. Então boa noite, meninas. -- Sina disse. As três se despediram, indo para a caçamba do caminhão. Savannah fechou a porta e reparou que Any tremia e, por esta razão, se reclinou e pegou uma blusa de frio sua, que estava na boléia e estendeu a peça para a jovem logo ali.
 
-- Tome isto. Fará ainda mais frio pela madrugada. -- A mais nova aceitou e colocou a blusa em si no mesmo momento. Estava congelando de frio já tinha umas boas horas e agradeceu a mulher pelo gesto, afinal a blusa fina que estava em sua cintura no momento em que conheceu Savannah havia sido posta e nem assim o frio havia ido embora.
 
-- Quantos anos tem? -- Any perguntou aflorando sua curiosidade e sentiu o cheiro gostoso, que estava na blusa que Savannah lhe ofereceu, adentrar-lhe os sentidos.
 
-- Vinte e sete e você? -- Savannah perguntou, voltando a ligar o caminhão, andando bem devagar dessa vez, pois as garotas estavam sem cinto lá atrás.
 
-- Vinte e seis. -- Os olhos verdes da motorista se desviaram para a garota, analisando meticulosamente seus traços. 
 
-- Não parece. -- Disse solenemente. -- Poderia, por favor, pegar a caixa de isopor onde estão os líquidos para mim? -- Pediu, apontando para a boléia. Any assentiu e se debruçou no banco, puxando a caixa para mais perto de si. 
 
Os olhos de Savannah foram para o belo traseiro da moça; seu vestido havia subido alguns poucos centímetros e a mais velha balançou a cabeça, desviando os olhos no mesmo instante.
 
-- Aqui está. -- Any disse, se sentando direito novamente no banco. Savannah abriu a caixa com uma das mãos, sem tirar a vista da estrada e pegou algo no canto de sua porta; logo o colocou sobre seu colou e agarrou algumas pedras de gelo com sua mão. Levou o preparado até o rosto de Any e o pressionou suavemente sobre o olho arroxeado.
 
-- Mantenha ele aí. Ajudará a melhorar. -- Ela disse, olhando para a estrada novamente. Os olhos castanhos encararam a caminhoneira e um pequeno sorriso brotou em seus lábios.
 
-- Muito obrigada. -- Ela pediu de forma doce, segurando o preparado em um de seus olhos. -- Por tudo.
 
-- Não tem de quê. -- Proferiu batendo seus dedos no volante como se estivesse reproduzindo o som de alguma música. -- Pode descansar quando quiser, dirigirei por mais umas duas horas. -- Any assentiu, sentindo seu corpo agradecer mentalmente, pois a moça beirava a exaustão.
 
Ela foi para trás e se deitou ali. Seus olhos passearam pelo lugarzinho; não era tão pequeno quanto parecia. Caberiam duas pessoas ali tranquilamente, por isso as meninas usavam como assento durante o dia sem se sentirem sufocadas ou desconfortáveis.
 
Any se aninhou mais em si, ainda segurando a bolsa de gelo e logo a sua bola de pelos subiu ali com ela, dando duas voltas no próprio corpo antes de se deitar junto à Any, ronronando satisfeita. 
 
Os olhos verdes eram curiosos e vez ou outra pousavam na expressão serena da garota atrás de si através do retrovisor. As duas horas passaram até que rápidas e Savannah então desligou o caminhão, se certificou de trancar as portas e se virou para Any.
 
Ela observou os traços delicados de seu rosto, apesar dos ferimentos. Havia tempos não via uma garota tão linda quanto aquela. Se perguntou o que ela estaria fazendo indo tão longe, se estava de carro. Alguma aventura, talvez? Visitar algum namorado? Não tinha como saber apenas imaginando.
 
Retirou delicadamente a bolsa de gelo da pequena mão e a colocou no canto, fechando as cortinas para a garota ter mais privacidade e apagou as luzes do caminhão. Suspirou se lembrando que havia programado para aliviar-se aquela noite, no entanto não seria capaz de fazer isso até chegarem em um hotel.
 
Savannah percebeu que a temperatura estava realmente fria, mesmo dentro da cabine, e quando estava prestes a se cobrir com seu pequeno cobertor ouvir um murmúrio lá atrás. Preocupada, a garota de olhos verdes abriu a cortina, se deparando com Any abraçando o próprio corpo.
 
Savannah mordeu o próprio lábio e suspirou derrotada, pegando sua própria coberta e a colocando sobre o pequeno corpo ali. Como poderia ser tão trouxa por uma completa desconhecida? Deveria usar o cobertor e deixar que a garota se virasse com a blusa, contudo, não importava a carranca que vestia em seu rosto, ela sempre seria trouxa, de fato. Pensou.
 
Voltou a fechar as cortinas e se aninhou no próprio corpo, se deitando nos bancos da frente, que eram unidos e por isso pôde se deitar tranquilamente. O banco não era tão macio quanto sua cama ali atrás, e provavelmente aquele estúpido gesto de gentileza acarretaria em uma bela de uma dor nas costas.
 
Analisou as estrelas por alguns instantes através do vidro do caminhão e fez seu agradecimento a Deus diário antes de se entregar ao descanso.
 
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Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora