33

986 106 0
                                    

A manhã estava fresca, os raios de sol ainda não ardiam e o vento soprava a pele como um doce beijo de bom dia vindo da mãe natureza. Os pássaros gorjeavam audivelmente e no céu não havia uma nuvem sequer; completamente azul.
 
Na noite anterior dormiram separadas, tomadas por um imenso desejo de estarem juntas, mas nada falaram. Foi só no meio da noite que Any deslizou para perto de Savannah , abraçando-a por trás e formando uma conchinha.
 
-- Então comprou o chapéu porque lembrou de mim? -- Any perguntou. Estavam na frente da casa onde estavam ficando, haviam acabado de chegar do shopping da cidade, com várias bolsas nas mãos e Any havia perguntado a Savannah  por que ela havia comprado um chapéu daquele.
 
-- Sim. -- Savannah  respondeu honestamente, vendo Any se virar para ela e sorrir. -- Fiquei muito ridícula com ele? -- Savannah  perguntou em expectativa. Any suspirou e colocou as sacolas no chão, levando as suas duas mãos até a barriga de Savannah , apoiando-as na região.
 
-- Você ficou sexy. -- Any confessou, vendo um meio sorriso nascer nos lábios de Savannah . A menor se inclinou e Savannah  fez o mesmo, escovando seus lábios nos de Any e fechando seus olhos ao sentir seu coração disparar.
 
-- Adorei o chapéu em você, vizinha. -- A voz já conhecida por Any a fez se afastar um pouco de Savannah , vendo a mesma se virar para Anne. -- Ele ficou melhor em você do que ficava em mim.
 
Any deu um breve aceno com a cabeça para Anne antes de se abaixar, pegar as sacolas e adentrar a casa sem jamais voltar a olhar para Savannah .
 
-- Obrigada, Anne. Com licença. -- Savannah  disse aborrecida, seguindo Any. -- Ny? -- Savannah  perguntou assim que adentrou o quarto. Deixou as sacolas sobre a cama, mas não viu sinal de Any. Para sua sorte, o ranger da porta dos fundos, que precisava de óleo em suas dobradiças, chamou sua atenção, fazendo-a ir até lá.
 
Ao passar pela porta, Savannah  encontrou Any sentada nos degraus de madeira; a garota admirava as árvores e desfrutava da sensação do vento esbarrando em sua pele.
 
-- Por que entrou assim? -- Savannah  perguntou, se sentando ao lado da menor.
 
-- Eu só não quis atrapalhar nada. -- Any disse tristemente e Savannah  franziu o cenho.
 
-- Any, você nunca atrapalha nada na minha vida. -- Any sorriu fraco para Savannah  antes de voltar a falar.
 
-- Você tem algum interesse por ela? -- Perguntou realmente ansiosa pela resposta.
 
-- Por que acha isso? -- Any deu de ombros.
 
-- Sei lá. Ela é toda bonitona. Foi por isso que comprou o chapéu? Para ter motivo para falar com ela? -- O tom de Any não era acusador, era realmente curioso. Ela precisava saber se Savannah  se interessava por Anne.
 
-- Comprei o chapéu para ter, de certa forma, um pouquinho mais de você comigo. -- Savannah  confessou, vendo Any lhe olhar de soslaio. -- Eu não me interesso por ela, Any.
 
-- Por quê? Ela é linda.
 
-- Eu poderia dizer que é porque ficarei aqui pouco tempo, mas não é por isso. Eu não gosto de sexo casual e já te falei isso. Você é a minha exceção nisso  -- Savannah  disse, vendo Any lhe fitar. -- E, bem, ela não é você.
 
Any se sentia especial quando Savannah  falava assim; dava a entender que com Any não era só sexo casual, mas isso seria ridículo demais de se imaginar, pensou Any, Savannah  transou com ela mesmo sabendo que ela iria embora em poucos dias.
 
Seu tolo coração insistia em pregar peças, pois ela via um brilho diferente nos olhos de Savannah . Seria possível Savannah  também ter se apaixonado por ela da mesma forma que ela se apaixonara por Savannah ?
 
-- Ny... Planeta Terra chamando uma morena linda dos olhos cor avelã. -- Savannah  disse brincando e Any sorriu ao sair de seus devaneios.
 
-- Boboca. -- Any disse, vendo Savannah  retirar o chapéu e colocar ao lado delas. A mão direita da menor, automaticamente, foi para os cabelos de Savannah , arrumar alguns fios desordenados, mas logo ela escorregou para o rosto de Savannah , em uma carícia calma. Savannah  não resistiu e se inclinou, vendo Any fazer o mesmo e encarar intensamente seus olhos verdes.
 
Como se Savannah  tivesse entendido o recado, ela fechou o espaço das duas, tocando finalmente seus lábios nos de Any. A menor deslizou sua mão do rosto de Savannah  para a nuca e Savannah  a puxou para seu colo, não com malícia, senão com saudade. Tinha aquela necessidade de ter o corpo de Any o mais próximo possível do seu. Haviam se passado três dias sem isso, mas parecia uma eternidade, ainda mais por terem pensado que jamais provariam de tal sensação novamente.
 
As línguas se encontraram sem pressa, como se cada segundo fosse mágico, e de fato era. Any passou seus braços aos redor do pescoço de Savannah  enquanto a maior abraçava o corpo sobre si. Terminaram o beijo com um longo suspiro de Any, que mordiscou a beira do lábio de Savannah  e começou a farejar seu rosto, inalando cada centímetro de sua pele.
 
-- Oh, céus! Senti tanta saudade disso. -- Any murmurou ainda de olhos fechados, dando um selinho em Savannah  e acariciando sua nuca.
 
-- Eu também senti. -- Savannah  disse, vendo as orbes acastanhadas se abrirem lentamente. -- Pensei que nunca mais voltaria a te ver. -- Savannah  murmurou, encostando sua testa na de Any.
 
-- Eu pensei o mesmo, mas aí eu ouvi um assobio e quando olhei para trás nem acreditei no que via. -- Any disse, como se estivesse consultando sua memória. -- Céus, estava mais linda do que nunca.
 
-- Não fala assim que eu fico fraca. -- Savannah  brincou, sentindo Any afundar seu rosto no pescoço dela e sorrir contra sua pele.
 
-- Você me deixa fraca só de respirar o mesmo ar que eu. -- Any disse, depositando um doce beijo na pele do ombro de Savannah  e logo se reclinou, voltando a fitar Savannah . -- Então sou a exceção do seu casual, hm? -- Any brincou rindo.
 
-- Não. Você é o casual e por isso é a exceção. -- Savannah  respondeu, vendo Any sorrir e tocar seus lábios novamente com os dela.
 
Ficaram ali por um longo tempo, trocando beijos e carícias como duas fiéis apaixonadas. Usavam o termo "casual", não obstante, queriam ser bem mais do que isso. De fato, já eram, só não sabiam ainda.

Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora