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Os fortes raios de sol atingiram em cheio a cama onde Any dormia, fazendo-a reclamar ainda sonolenta. Estava calor e não havia, de fato, um ar condicionado ou um ventilador. Como viu que não conseguiria dormir, ela se levantou e verificou as horas na mesinha de canto: Quase meio dia. Seus olhos se esbugalharam; como havia dormido tanto?
 
A garota se espreguiçou e vestiu sua calcinha que estava jogada no chão e a camiseta branca de Savannah  para então ir escovar seus dentes. Onde Savannah  haveria ido e por que não a acordara? Já havia percebido que odiava acordar sozinha, ainda mais após uma noite inteira de sexo com sua namorada.
 
Assim que terminou sua higiene bucal ela migrou para a cozinha; queria tomar um banho e com certeza tomaria, mas antes comeria algo; sentia-se faminta.
 
-- Bom dia, garotas! -- Any disse, bocejando e abrindo a geladeira.
 
-- Bom dia, Any! -- Sina cumprimentou. -- Ouch, Mani. Isso dói. -- Reclamou. Heyoon  fazia tranças em seu cabelo enquanto Sofya assistia.
 
-- Bom dia, Ny. -- Heyoon  disse. --Não mexa a cabeça que não doerá. -- A morena  replicou.
 
-- Ny... Gozou bastante a noite? -- Sofya perguntou rindo, fazendo Any lhe olhar confusa.
 
-- Por que acha que Savannah  e eu transamos?
 
-- Bem, a Savannah  é um pouco barulhenta e ontem a gente só ouvia as respirações ofegantes lá do meu quarto, ou seja, foi você que deu. -- Sofya disse rindo.
 
-- Ficaram ouvindo na parede? -- Any perguntou incrédula.
 
-- Não, a cama batia na parede e a casa estava silenciosa, aí deu para ouvir bem. -- Sina disse rindo.
 
-- E vocês duas foram até o quarto da Sofya para quê? -- Any perguntou semicerrando os olhos.
 
-- Assistir filme. -- Heyoon  respondeu prontamente. -- Mas diz logo antes que a Savannah  volte, ela odeia falar dessas coisas.
 
-- Transaram muito?
 
-- Muito. Muito mesmo! -- Any disse, finalmente, rindo e mordendo os lábios. Sofya bateu palminhas animada e levou uma mão ao queixo, olhando para Any.
 
-- Não fez nada com ela nenhuma vez? -- Sina zombou. -- Estou chocada.
 
-- Não zombe. -- Any disse. -- Não temos isso de passiva ou ativa. Apenas... deixamos fluir. -- Any disse.
 
-- Então só deu? -- Sina insistiu ainda zombando.
 
-- Também transamos no banheiro, ok? -- Any deu-se por vencida.
 
-- Sabia que aquela passiva tinha dado. -- Sina gritou rindo.
 
-- Não vejo problema nenhum em dar. Não se põe rótulos nesse tipo de coisa. -- A voz solene de Savannah  se fez presente, fazendo o silêncio se instaurar. A mulher trajava um short jeans desbotado curto, que desenhava sua curvas, uma camisa de botão xadrez, azul e preta, uma bota preta e o chapéu preto que havia comprado de Anne. Any suspirou embasbacada. Que pedaço de mulher!
 
-- Onde esteve, Lo? -- Any perguntou, se virando na cadeira para receber o beijo de bom dia de Savannah .
 
-- A peça do caminhão chegou mais cedo. -- Ela disse dando um selinho em Any. -- Em dois dias já poderemos partir.
 
-- Até que enfim. Estou adorando estar por aqui, inclusive o sexo delicioso que estou tendo, mas já tenho saudades das minhas flores. -- Sofya disse, fazendo Any lhe fitar.
 
-- Flores?
 
-- Sim, tenho uma floricultura, não te disse? -- Any negou e Sofya assentiu. -- Deixei nas mãos do meu funcionário, o Troy, mas já sinto falta daquelas flores.
 
-- Das flores ou do regador? -- Sina sugeriu rindo e Sofya franziu os olhos.
 
-- Idiota! Eu e Troy nunca transamos.
 
-- E não está precisando de mais gente para trabalhar? -- Any perguntou. -- Sou multi-funcional, só preciso de uma chance. -- Any disse.
 
-- Na verdade estou, mas pensei que gostaria de trabalhar com a Savannah . -- Sofya disse confusa e Savannah  coçou a nuca.
 
-- Eu ainda não tinha falado com ela disso. -- Savannah  disse, fazendo Any lhe fitar.
 
-- Hm... Então minha namorada tem algo a me dizer? -- Any disse sorrindo e as três arregalaram os olhos. Sina engasgou.
 
-- Namorada? -- Perguntaram em uníssono. Savannah  ajeitou seu chapéu na cabeça e Any sorriu.
 
-- É. Meio que começamos a namorar ontem a noite. -- Savannah  disse, sabendo que o tão famoso falatório das garotas começaria.
 
Após responder a enxurrada de perguntas, Savannah  voltou-se para Any. A garota usava apenas sua camiseta branca da noite passada e Savannah  tinha certeza que usava apenas calcinha por debaixo dela.
 
-- Então, eu sou péssima com contas. -- Savannah  disse, entrelaçando seus dedos com os de Any. Any ainda estava sentada, já havia terminado seu cereal, porém Savannah  continuou em pé ao seu lado. -- E seria legal se você se encarregasse de checar a mercadoria e se o pedido está certo. O salário é bom e você nem precisa viajar comigo caso não queira. -- Savannah  explicou. -- Eu pago para pessoas aleatórias fazerem esse serviço a cada vez que viajo e se quiser o emprego é seu. -- Any abriu a boca incrédula antes de sorrir.
 
-- Jura?
 
-- Sim. -- Savannah  replicou. -- Eu sei o quanto fica desconfortável quando eu que pago tudo. Eu não me importaria com isso, mas percebi que se incomoda. -- Savannah  suspirou e baixou o tom de voz. Queria apenas que Any a ouvisse. -- Isso não tem nada a ver com a gente, Ny. Se um dia terminarmos, e eu realmente espero que isso nunca aconteça, mas se acontecer saiba que o emprego ainda será seu. Você pode alugar algo para você, pagar seus estudos se quiser estudar, qualquer coisa.
 
-- Não ligaria se eu quisesse estudar? -- Any perguntou.
 
-- Claro que não. Eu morreria de saudades, mas não quero interferir em nada do que goste ou queira fazer. -- Falou sinceramente. -- Eu já disse, Ny, eu só quero o seu bem.
 
-- Linda! -- Any sussurrou, dando um selinho demorado em Savannah .
 
-- As viagens variam de cinco à vinte e cinco dias, isso depende para onde eu vá. Só precisa chegar a mercadoria no dia que eu partir.
 
-- Obrigada, amor. -- Any murmurou, envolvendo seus braços ao redor de sua namorada e deitando sua cabeça em seu peito. -- Mas vou preferir viajar com você por enquanto. A saudade não me deixa ficar longe. -- Três suspiros ecoaram do outro lado do balcão e Savannah  revirou os olhos, mas ignorou.
 
Ignorou somente porque ela também suspirou. Any a havia chamado de "amor" e dessa vez não fora durante uma transa.
 
-- Certo, mas se no futuro desejar fazer algo que goste não hesite em fazer.
 
-- Prometo. -- Any sussurrou, sentindo Savannah  se inclinar e depositar mais um beijo em seus lábios. Os três suspiros voltaram a ecoar, fazendo Any não aguentar e rir.
 
A sensação de família estava lá de novo e se dependesse dela jamais deixaria isso se perder.

Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora