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-- As meninas ainda estão dormindo... -- Any alertou, mordiscando o lóbulo da orelha de Savannah  enquanto seus braços cincurdavam o corpo nu da garota. As duas haviam decidido tomar banho nuas em um rio no Novo México pela manhã.
 
-- Pare de ser safada assim. -- Savannah  disse rindo, chupando o lábio inferior de Any. -- Eu já disse que não.
 
-- Chata! -- Any disse colocando um bico adorável em seus lábios.
 
-- Imagina se uma bactéria ou bichinho entra em mim bem na hora. -- Savannah  disse, realmente temerosa. Any gargalhou alto ao ouvir aquilo.
 
-- Não acredito, Savannah Clarke!
 
-- Não ria de mim. -- Savannah  exigiu, jogando água no rosto de Any ao se afastar.
 
-- Você está falando sério que está negando uma deliciosa transa matinal por medo bobo? -- Any ainda ria.
 
-- Não é bobo. As pessoas costumam fazer xixi nessas águas. Se fossem limpas o suficiente beberíamos dela. -- Savannah  disse cruzando seus braços. -- Então você não vai enfiar seus dedos tarados dentro de mim enquanto estivermos nessa água e não permitirei que a sua vagina se contamine. Depois eu não poderei desfrutar, caso aconteça.
 
-- No que estava pensando? -- Any perguntou, se ajeitando, ainda sentada, ao lado de Savannah .
 
-- Oh... -- Any disse encarando o rosto da maior. -- E o trabalho sempre te faz sorrir tristemente? -- Savannah  suspirou, todavia, nada respondeu. -- Por que saiu daquele jeito?
 
-- Sina está com um humor muito bom, isso me irrita. -- Savannah  disse séria.
 
-- O fato de amanhã chegarmos não modificou em nada seu humor? -- Any perguntou, tendo certeza que sim. O silêncio era interrompido apenas pelo barulho dos grilos e do balançar de algumas folhas das árvores mais próximas.
 
Era a última noite de viagem das garotas antes de chegarem ao famoso e tão esperado - Nem tanto assim para algumas - destino: San Diego, Califórnia. Mas, infelizmente, o transcorrer dos doze dias -- Sim, doze, Any no hospital somado às paradas para jantar e outras aleatórias fez dez dias virarem doze. -- não favoreceu as duas garotas, pois elas já se encontravam no Arizona, fronteira com Califórnia.
 
-- O que você acha? -- Savannah  perguntou sem olhar para Any. As outras três ainda estavam na parte da frente, embaixo, afinal, haviam decidido comemorar o último dia com Any e após algum tempo Savannah  pediu licença, dizendo que iria ir tomar um ar. Any esperou, mas uma hora depois ela decidiu ir checar se a garota estava bem.
 
-- Posso me deitar ao seu lado ou você prefere que eu desça para que fique sozinha? -- Any perguntou cautelosamente. As orbes verdes pela primeira vez se desviaram para a figura ao seu lado. Estava com um short, apesar de estar bastante frio, e uma blusa xadrez verde. Cabelos soltos como de costume e tinha uma mão apoiada na lataria do caminhão.
 
-- Gosta de ver estrelas? -- Savannah  perguntou solenemente, ignorando a pergunta de Any.
 
-- Oh, eu adoro. Principalmente com você. -- Any respondeu de forma maliciosa, rindo após proferir tais palavras. Sua fala arrancou uma risada fraca de Savannah , que retirou o braço direito debaixo de sua cabeça e o esticou para Any.
 
-- Eu falo sério, Any. -- Ela disse e Any assentiu, olhando para o céu e vendo que não dava para ver estrela alguma.
 
-- Desculpe. -- Pediu, soltando uma risada doce. -- Eu amo ver as estrelas. Principalmente se for com você. -- Ela disse, sem malícia dessa vez; o tom havia saído sério e a intensidade no olhar de Any enquanto olhava no fundo dos olhos da maior comprovavam que o que dizia era livre de brincadeiras.
 
O pequeno corpo se acomodou no vão do braço de Savannah , não obstante, Any não se deitou de vez; ela usou seu braço esquerdo para apoiar o peso de seu corpo enquanto sua mão direita foi para o rosto de Savannah .
 
-- Essa foi a coisa mais casual que eu tive na minha vida. -- Savannah  disse, sentindo a pele macia dos dedos de Any acariciarem seu rosto. -- Aliás, essa foi a única coisa casual que eu tive e eu vou manter isso assim, porque dessa forma, mesmo casual, você ainda se torna única.
 
Any sorriu tristemente ante às palavras de Savannah  e se inclinou, depositando um beijo gentil no canto dos lábios da garota.
 
-- Você é a mulher mais doce que eu conheci. -- Any disse pincelando a vértice de seu nariz pelo rosto de Savannah  em uma carícia. -- Não se esconda por trás do personagem grosseiro e rude.
 
-- Certo. -- Savannah  disse, sentindo os primeiros pingos de chuva começarem a tocar a lataria do veículo e seu rosto. -- Ny, está chovendo. -- Savannah  falou ao sentir Any afundar seu rosto no pescoço de Savannah .
 
-- Sim. Fica aqui comigo um pouquinho? -- Any pediu com a voz ligeiramente embargada e Savannah  assentiu, sentindo um horrível nó se formar em sua garganta.
 
-- Fico. -- A voz saiu falhada e baixa, arranhando a garganta da maior. O silêncio se instalou e a chuva não caía tão forte, eram gotas geladas, porém fracas. Any envolveu o corpo de Savannah  em um abraço e respirou fundo.
 
-- Nosso primeiro beijo foi na chuva. -- Any proferiu baixinho, inalando o cheiro natural do pescoço de Savannah .
 
-- Valeu a pena ter passado aquele frio. -- Savannah  disse rindo fraco.
 
-- Valeu a pena ter pegado aquela gripe. -- Any disse, levantando o rosto e fitando Savannah  nos olhos.
 
-- Valeu a pena ter te dado carona.
 
-- Valeu a pena ter te beijado. -- Any retrucou.
 
-- Shhh... -- Any proferiu, engolindo em seco, para então colar seus lábios nos de Savannah .
 
-- Valeu a...
 
A chuva se intensificou, mas nenhuma das duas se moveu dali. Se beijaram com intensidade, com leveza, com paixão. As gotas frias encharcaram ambas as garotas e Savannah  sentiu seu coração se comprimir ao sentir um gota quente.
 
O beijo foi interrompido por um soluço baixo de Any, mas nenhuma das duas se atreveu a dizer nada. Any apenas se aconchegou mais no calor do corpo de Savannah  enquanto afundava a cabeça na curva de seu pescoço e chorava sem pudor. Já Savannah ... Bem, ela abraçou Any fortemente, como se segurasse a coisa mais valiosa do mundo em seus braços e derrubou uma ou duas lágrimas, no máximo. Queria chorar, mas chorar era aceitar que sua teoria do início estava correta: Ela se apegava fácil demais.
 
Quem se apaixonaria em doze dias, por Deus? Não precisava ser muito esperto para responder essa questão, bastava ver dois corações partidos em cima do teto do caminhão que saberiam: Ambas haviam se apaixonado.

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Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora