A noite estava se aproximando e as meninas rumavam para o hotel; o ruído do caminhão enquanto andava era quase inaudível e as garotas tagarelavam sem parar. Savannah apenas assentia quando alguma das meninas lhe perguntava algo ou resmungava a resposta baixinho.
-- Podemos ligar a rádio? -- Any perguntou tímida e Savannah lhe olhou de soslaio. As outras três garotas puseram suas atenções no momento esperando uma resposta diferente da habitual.
-- Não. -- A resposta foi seca e Any corou pela rejeição. -- Chegamos. -- Savannah estacionou na rua mesmo e desceram, trancando o caminhão antes de seguir para o hotel.
-- Dois quartos, por favor. -- Savannah pediu e o rapaz assentiu, digitando algo em seu computador. Quando foi dar alguma informação para Savannah, os olhos do rapaz encontraram Any na porta, distraída brincando com sua gata, e o rapaz, por alguns segundos, esqueceu o que estava fazendo.
-- Será só por esta noite, moço. -- Savannah explicou, em relação à gata. Savannah voltou a olhar na direção do olhar do homem para constatar que ele não olhava para a gata, senão para Any. -- Temos um pouco de pressa. -- O homem nem se moveu e Savannah enrijeceu o músculo do maxilar. -- Estou invisível agora?
A risadinha de Any foi anasalada e então ela se aproximou, tocando respeitosamente as costas de Savannah.
-- Deixa comigo. -- Ela disse a Savannah. -- Olá, será que poderia nos dizer se tem os dois quartos que minha colega aqui pediu? Eu realmente preciso muito de um banho e descansar. -- O olhar do garoto passeou pela expressão doce no rosto de Any e sorriu abertamente.
-- Claro. Estão em alguma espécie de viagem entre amigas? Posso mandar uma champagne para lá por conta da casa. Em qual quarto ficará? -- Savannah iria dar uma resposta bem malcriada, no entanto Any pressionou os dedos no braço dela, sem fazer muito força.
-- Você ainda não disse o número de nossos quartos e tampouco nos deu a chave. -- O sorriso de Any falava por si só; a leveza de sua expressão e a paciência de proferir tudo tão calmamente estavam irritando Savannah.
-- Oh, meu Deus. Sinto muito, senhorita. Digo, senhorita, não é? -- Ele perguntou de forma galante enquanto pegava duas chaves e entregava na mão de Any, aparentemente seu rosto machucado não impedia o rapaz de achá-la atraente.
-- Sim. Senhorita. -- Ela respondeu, agarrando a chave e sorrindo gentilmente para ele. -- Obrigada. Não precisaremos preencher a ficha de cadastro, não é? Eu realmente estou tão cansada.
-- Não se preocupe com isso, eu dou um jeito. -- O homem piscou e Any voltou a sorrir.
-- Fico muito grata. Estarei no vinte e seis com duas delas e minhas amigas no vinte e sete. -- Apontou para Sina e Heyoon .
-- A champagne será providenciada. -- Ele respondeu. -- Como se chama?
-- Mais tarde eu te falo. -- Ela disse, jogando uma piscadela e indo em direção ao elevador. O garoto suspirou bobamente e as meninas lhe seguiram.
-- Você deixou o garoto de quatro. -- Sina disse enquanto via Cristal subir junto no elevador.
-- A champagne fica para vocês, vocês ficam com o vinte e seis, tem problema? Um presente para o casal. -- Disse quando o elevador começou a subir.
-- Quanta bobagem! -- Savannah resmungou baixinho.
-- Não acredito que ganhou uma garrafa de champagne por flertar com ele. -- Sofya disse, vendo as portas do elevador se abrirem ao chegarem no andar de cima.
-- Acredite, eu não flertei com ele. Apenas sorri.
-- Você flertou sim. -- Sofya disse rindo. -- Não pode ter tanto poder sobre um garoto sem fazer isso.
-- Você reconheceria meu sorriso, na hora, se eu tivesse flertado, acredite em mim: Não flertei.
-- De todo o modo, eu quero um pouco de champagne. -- Sofya disse rindo.
-- Sairemos cedo, Sofya. -- Savannah avisou com veemência.
-- E daí? Quem dirige é você, querida irmãzinha. -- Sofya disse em um tom zombeteiro, indo para o quarto vinte e seis com suas irmãs.
-- Se quiser pode ir também. -- Savannah disse enfiando a chave na fechadura. -- Afinal foi seu presente.
-- Não, obrigada. Eu não bebo champagne. -- Any disse, analisando o quarto assim que a porta foi aberta. Era simples o lugar, afinal era beira de estrada e não se encontraria algo melhor do que aquele hotel, no entanto era bastante aconchegante.
-- Pode ir tomar um banho. Eu trouxe algumas roupas e você pode usá-las para não ter que colocar o mesmo vestido outra vez. Já a peça íntima... -- Any sorriu com nítido divertimento por Savannah ter enrubescido.
-- Você é alguma espécie de virgem? Temos quase trinta anos e você corou por mencionar uma calcinha. -- Any disse rindo e Savannah fechou a cara.
-- Lave ela no banheiro que com este calor estará seca pela manhã. -- Savannah disse.
Após ambas tomarem seus respectivos banhos e lavarem suas roupas embaixo do chuveiro, Any teve a ideia de juntar as duas camas, pois não queria que Savannah dormisse no chão. Enfiaram um cobertor no vão dos colchões para ficar confortável e quando iriam se deitar a porta foi aberta bruscamente, tendo três mulheres alcoolizadas adentrando o ambiente.
-- Sofya disse que aquele quarto é assombrado. -- Sina disse se sentando na cama. -- Eu não quero ficar lá. Imagina se algum espírito resolve aparecer enquanto estou transando?
-- Ele sairia correndo de susto por te ver pelada. -- Savannah disse, soltando uma risada rouca que encantou os ouvidos de Any.
-- Preciso de um banho. -- Sofya disse, indo para o banheiro sem dizer mais nada. Any se permitiu analisar Savannah enquanto sua atenção estava em Sina e Heyoon . Seus cabelos molhados, agora sem boné, estavam caídos por seus ombros. A garota possuía a pele bem clara e as sobrancelhas grossas, o nariz era delicado e a boca deliciosa, pensou Any, rindo internamente de seu pensamento. Tinha quase certeza que Savannah também gostava de garotas, aquele sexto sentido dela nunca falhava.
-- Ela é sempre tão quieta assim? -- Any perguntou à Sina assim que Savannah se levantou para pegar algo em sua mochila.
-- Sim. Ela se faz de durona, mas é mole feito gelatina, por isso não estranhamos quando ela aceitou te dar carona.
-- Ela sempre dá carona? -- Any perguntou em um sussurro, curiosa.
-- Não, ela nunca dá, mas ao ver você entendi o porquê ela deu. -- Sina disse com um sorrisinho no canto dos lábios e viu Any lhe olhar atentamente, esperando uma explicação. -- Você era a mocinha indefesa e inocente em apuros. -- Os olhos de Any se direcionaram para Savannah outra vez, que usava um short colado e uma blusa um pouco larga, que quase cobria o short, chegando um pouco acima da altura de suas coxas.
-- Posso não ser tão indefesa ou inocente assim. -- Ela disse em um longo suspiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino Incerto (Savany)
FanfictionSavannah Clarke uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs adotivas...