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Savannah já estava há cerca de vinte minutos, aproximadamente, velando o sono de Any. A garota acordou mais cedo do que todas, como de costume, e passou por cima de Sofya, indo escovar seus dentes e lavar seu rosto lá fora. Ainda chuviscava e por isso ela não demorou lá fora.
 
-- Bom dia, Savannah! -- Sofya acordou ao sentir o banco se remexer e disse ao ver sua irmã voltar para o caminhão. 
 
-- Dia! -- Ela respondeu com a mesma seriedade de todas as manhãs. Guardou sua escova de dentes e voltou para o lado de Any.
 
-- Estou morrendo de fome. -- Sofya disse se sentando no banco. Falou um pouco alto demais, o que acabou despertando Any. Os olhos castanhos se abriram assustados, mas ao encontrar aquelas esferas esverdeadas vidradas nela um sorriso nasceu em seus lábios. 
 
-- Bom dia, Sav. -- A garota disse docemente e levemente rouca e no rosto de Savannah se formou um meio sorriso.
 
-- Bom dia, Ny. -- Sofya franziu o cenho e olhou confusa para sua irmã. Que carambolas foi aquela? Cadê o "dia!" Seco e sem humor de todas as manhãs? -- Dormiu bem? 
 
-- Uhum. -- A garota respondeu, lembrando-se de ter enterrado seu rosto no pescoço de Savannah durante boa parte da noite e dormido inalando o cheiro da pele da garota.
 
-- Você está bem? -- Savannah perguntou ao ver a garota tossir e então notou que ela estava com o nariz levemente avermelhado. Sua mão tocou a testa de Any e então bufou irritada ao sentir a temperatura da garota. -- Eu sabia que aquela chuva não te faria bem.
 
-- Eu estou bem. -- Any falou se aconchegando mais em si própria.
 
-- Está com frio? Com sede? Fome? Precisa do quê? -- Savannah perguntou e novamente Sofya arqueou uma sobrancelha.
 
-- Eu estou bem. Não se preocupe, bobona. -- Any disse, segurando a mão de Savannah que estava em sua testa e entrelaçando com a sua.
 
-- Você ter saído naquela chuva ontem foi culpa minha. Então me preocupo sim. -- Savannah disse, puxando a coberta de Sofya e colocando gentilmente sobre o corpo de Any. 
 
-- Mandou Any te ajudar a desatolar o caminhão? -- Sofya perguntou confusa e Any riu, tossindo junto.
 
-- Ao que parece meu caminhão não quer desatolar, Sofya. É uma espécie de feitiço. -- Any disse rindo e logo negou com a cabeça quando Sofya franziu o cenho.
 
-- Coma algo, Ny. -- Savannah pediu e Any fechou os olhos, sentindo sua cabeça doer.
 
-- Eu vou chamar as meninas para comer, falando nisso. Assim a gente não se atrasa em sair. -- Sofya disse, abrindo a porta do caminhão e olhando o céu nublado. Correu para a porta traseira para não se molhar com os leves pingos de chuva.
 
-- Deita aqui comigo um pouquinho? -- Any perguntou fazendo dengo.
 
-- Elas estão prestes a voltar. -- Savannah disse.
 
-- Estou com frio. -- Any disse colocando um lindo biquinho para enfeitar seus lábios e Savannah sorriu.
 
-- Te dei o cobertor, madame. -- Savannah disse franzindo os olhos e rindo.
 
-- Mas calor corporal é mais eficiente. -- Disse e Savannah riu novamente, se deitando ao lado de Any, finalmente. Os bracinhos finos da menor circundaram o corpo de Savannah e ela enterrou o rosto no pescoço da maior. Savannah ficou afagando os cabelos de Any em silêncio, até ouvir Any fungar e soltar uma risada baixinha. 
 
-- Do que ri? -- Savannah perguntou.
 
-- Eu estava me lembrando da sua cara de bravinha ontem. -- Any respondeu, levando uma mão até os botões da frente da camisa que Savannah usava e brincando com eles. -- Sav, eu tenho uma dúvida.
 
-- E qual seria?
 
-- Eu ainda vou poder te beijar ou aquilo foi só mais um momento de fraqueza? -- Savannah riu e olhou para a garota, que ergueu a cabeça para vê-la melhor e aspirou ruidosamente pelo nariz.
 
-- Eu acho que você pegou um belo de um resfriado. -- Savannah disse sorrindo. -- Vamos tratar de cuidar de você primeiro e depois você pode me dar quantos beijos você quiser, hm?
 
-- Droga! Só temos menos de seis dias para isso. -- Any reclamou e voltou a enterrar o rosto no pescoço da maior. Savannah se arrepiou ao sentir o suave beijo que Any depositou um pouco abaixo de seu maxilar.
 
-- Então trate de comer as coisas que eu pedir e tomar o que eu te der. -- Savannah disse e sentiu Any assentir com a cabeça.
 
-- Ainda estou com frio. -- Any reclamou baixinho e Savannah passou seu outro braço ao redor do pequeno corpo, tendo as duas mãos acariciando Any. Uma afagava os cabelos, enquanto a outra acariciava as costas.
 
Quando as garotas voltaram para a frente do caminhão Savannah silenciou elas com um pedido mudo, pois Any havia pegado no sono em seus braços.
 
-- Sofya, fica aqui atrás com ela para mim? Preciso dirigir. -- Savannah murmurou e Sofya assentiu.
 
-- Posso escovar os dentes antes ou...?
 
-- Claro! Faça as suas coisas e coma, não precisamos de mais ninguém doente aqui. -- Savannah disse e Sofya assentiu.
 
-- E você não vai comer? -- Heyoon  perguntou baixinho para Savannah.
 
-- Não. Vou ficar aqui com ela. -- Sina sentiu uma extrema vontade de zombar de Savannah, mas não se atreveu. Sabia que sua irmã era séria demais em relação à sua vida amorosa e não queria deixar ela de péssimo humor tão cedo.
 
-- Tomara que ela melhore logo. -- Sina disse e Savannah aquiesceu.
 
-- Claro que ela vai melhorar, vou passar na farmácia da próxima cidade e se ela não melhorar com o remédio eu a levarei no hospital.
 
-- Isso não vai atrasar toda a sua viagem? -- Sina perguntou, se controlando muito para sua pergunta não soar de forma sugestiva.
 
-- Vai. -- Savannah respondeu séria e Heyoon  deu um meio sorriso, mas nada mais disseram.
 
Assim que Sofya voltou e comeu Savannah se livrou do toque de Any e voltou a tocar sua testa. A expressão séria e preocupada no rosto de Savannah fez as meninas lhe olharem com anseio, vendo ela entortar a boca e bufar.
 
-- A febre está aumentando. -- Disse, deslizando a mão da testa para o rosto da garota.
 
-- Pode ir dirigir que eu fico aqui com ela. -- Sofya disse gentilmente e Savannah assentiu um pouco contrariada. A mulher se inclinou e tocou seus lábios na testa da garota adormecida de um jeito protetor.
 
-- Você vai ficar bem, Ny. -- Sussurrou e então pulou para a frente, ligando o caminhão e começando a dirigir, mas a cada segundo seus olhos iam para o retrovisor, vendo a figura adormecida na boléia.
 
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Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora