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As orbes esverdeadas se abriram aquela manhã com muito esmero. A garota sentia seu corpo ainda muito cansado, consequência de não ter conseguido dormir cedo. Any havia proposto algo entre elas, Savannah tinha certeza, o problema é que ela nunca teve nada casual. Sempre fora a mulher correta que só se envolvia sexualmente com suas namoradas e por isso transou apenas com cinco mulheres, todas elas agora ex-namoradas.
 
Sexo casual não parecia algo correto a se fazer, mas em seu mais profundo interior ela admitia que com Any a proposta fora bastante interessante. A garota era bem linda, sexy, doce e divertida e esse era exatamente o motivo de Savannah ter rejeitado. Seu maior defeito era se apegar rápido demais; ela se sentia uma adolescente em seu primeiro amor, mas nunca conseguira amadurecer esse seu lado e, por esta razão, quando via alguém com potencial para laçar seu coração ela simplesmente fugia. 
 
Any iria seguir seu rumo em alguns dias, nunca mais se veriam e, a menos que tivesse mal interpretado as coisas, se ela tivesse aceitado teriam um sexo, provavelmente, delicioso, levando em conta a forma como a garota gostava de provocar, contudo, Savannah não correria o risco de se apegar àquela garota. Não podia e por isso a evitaria.
 
-- Bom dia, Savannah! -- Sofya desejou assim que sua irmã saiu do banho.
 
-- Dia! -- Savannah respondeu baixo. -- Onde está Any? 
 
-- Acordou bem cedo e tomou um banho demorado, depois saiu com Sina e Heyoon . Devem estar no caminhão. -- Savannah assentiu e pegou sua mochila.
 
-- Quando estiver pronta é só sair. Deixarei tudo pago na recepção. -- E saiu.
 
Depois de ter acertado tudo na recepção ela se dirigiu até o caminhão, não acreditando no que ouvia. A rádio do veículo estava ligada.
 
Aumentou a velocidade dos passos e adentrou o veículo, desligando a rádio no mesmo momento. Seus olhos estavam acinzentados devido à intensa raiva. 
 
-- O que eu disse sobre não ligar a droga do rádio? -- Ela perguntou de forma ríspida, olhando para Any com fúria. -- Onde estão Heyoon  e Sina?
 
-- Disseram que foram te procurar. -- Any disse levemente assustada. 
 
-- Ótimo, desça do meu caminhão! -- Exigiu. -- A partir de agora você está por sua conta.
 
-- O quê? -- Perguntou incrédula. -- Savannah, por favor...
 
-- Não! Desça já! -- O olhar triste de Any deu a entender que ela havia entendido.
 
-- Certo. -- Ela disse baixo. -- Me desculpe pela rádio, eu só achei que não teria problema...
 
-- Teve! -- O tom firme de Savannah impediu Any de dizer qualquer outra coisa. A mais nova apenas pegou seu vestido azul de onde havia deixado. Os olhos verdes acompanharam a garota descer do caminhão e pegar sua gata junto.
 
-- Hey... -- Savannah gritou, fazendo Any lhe fitar. -- Aonde arranjou esse vestido? -- Perguntou se referindo ao que ela usava no momento. 
 
-- Eu emprestei. -- Sofya surgiu ali de repente. -- Sempre uso vestido mais compridos mesmo, como ela é mais alta ficou do tamanho ideal. -- Disse sorridente. Savannah apenas assentiu quieta e Any suspirou. 
 
-- Boa viagem, Sofya. Foi um prazer conhecer você. -- Any disse, fazendo a mais baixa franzir o cenho.
 
-- Como assim? Você não vem com a gente? -- Any negou com a cabeça e sorriu-lhe fraco.
 
-- Boa sorte em sua jornada. Vou ao banheiro trocar de roupa e já te devolvo o vestido.
 
-- Não precisa. Seu vestido está molhado e eu realmente prefiro que você fique com esse. -- Sofya disse sorrindo simpática.
 
-- Bem, muito obrigada então. -- E dito isso, foi para a beira da estrada voltar a pedir carona. Um grande vinco se formou na testa de Sofya.
 
-- Eu não entendi! Ela saiu daqui para pedir carona para a mesma direção em que vamos?
 
-- Eu a expulsei. -- Savannah disse seriamente. Sofya arregalou os olhos e olhou confusa para Savannah.
 
-- O quê? Por quê? 
 
-- Não está dando certo viajar com ela.
 
-- Savannah...
 
-- Está livre para se juntar a ela caso discorde de minha decisão. -- Savannah disse, batucando os dedos no volante. O rapaz da recepção, de repente, se aproximou de Any.
 
-- Você está com um péssimo humor esta manhã, mas isso não te dá o direito de ser grosseira com os outros. -- Savannah acompanhou Any negar algo com a cabeça e o rapaz tocar-lhe o braço gentilmente. Any voltou a negar e tentou se esquivar do toque, no entanto o garoto não lhe soltou.
 
"Você não tem nada a ver com isso." Savannah pensou.
 
O garoto tentou dar um beijo em Any e a garota se esquiava, mas ainda sorria fraco. Any empurrava com suas mãos o peito daquele homem, tratando de manter distância, mas o mesmo era insistente. Sorria galante e falava algo que Savannah não podia ouvir. O homem jamais foi grosseiro, ríspido ou algo assim, era só um idiota que não entendia um não. Savannah bufou e abriu a porta de seu caminhão, caminhando até os dois.
 
-- Any! Vamos. -- Gritou séria e ambos lhe olharam.
 
-- Ela já já vai. -- O garoto disse simpático. -- Não é, boneca? -- Savannah se aproximou e segurou gentilmente no pulso de Any. 
 
-- Vamos? -- Any lhe fitou com mágoa, mas entre aquele babaca e Savannah a escolha era óbvia. Com um breve aceno de cabeça ela se despediu do rapaz e seguiu o caminho para o caminhão. -- Sempre terá babacas como esse. -- Savannah resmungou.
 
-- Pode me deixar alguns metros daqui. -- Any disse, entrando no caminhão. Sina e Heyoon  já estavam lá e Sofya já havia lhes explicado o que houve.
 
-- Você irá conosco. -- Savannah disse séria e Any lhe fitou.
 
-- Não, obrigada. -- Os três pares de olhos assistiam tudo da boléia. Savannah suspirou lentamente e encarou Any.
 
-- Olha só, me desculpe ter estourado daquela forma com você. -- As três garotas se cutucaram atrás delas. Savannah não pedia desculpas assim, ela simplesmente fazia um longo silêncio e logo tudo voltava ao normal.
 
-- Certo. -- Any disse olhando para a estrada. Savannah ligou o caminhão e seguiu o rumo. O silêncio era denso, não tranquilo como antes e ela sentia que devia dizer o motivo de ter estourado daquele jeito. Afinal, sair gritando do nada com alguém que sempre foi gentil com você era, no mínimo, algo bem estúpido a se fazer.

Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora