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O cheiro da forte serragem da madeira que se espalhou pelo enorme galpão fez Sofya espirrar alto, levando uma mão ao rosto no momento seguinte.
 
-- Sinto muito. -- Pediu baixinho ao ver que Savannah  lhe olhava seriamente.
 
-- Como assim dez dias? -- Savannah  perguntou ao homem moreno, sarado, que havia assoprado um pouco do pó antes de voltar a serrar. Ele tinha enormes braços e a barriga com cada gominho em seu exato lugar. Sofya só havia entrado com Savannah  pois vira o quão "gostoso" o homem era.
 
-- A peça do seu caminhão que pifou tem que ser incomendada. Sinto muito. -- Ele disse ainda serrando. As veias de seu corpo estavam saltadas e Sofya não conteve um suspiro ao ver a força que o homem aplicava no serrote. Ele estava ligeiramente abaixado, serrando uma madeira para algo que Sofya não se importara em perguntar.
 
-- Eu não posso esperar dez dias, meu senhor. -- Savannah  disse exasperada. Sua semana estava sendo péssima, começando da parte onde teve que se despedir da garota que realmente não conseguia tirar da cabeça. Depois perdeu uma grande quantidade de dinheiro, consequência de ter se atrasado com a entrega. Aumentando os problemas, o lugar onde haviam se hospedado por dois dias cobrou uma fortuna dela, tudo porque Sina confundiu-se com o valor que a recepcionista havia passado sobre a diária. Quando decidiu que não tinha mais como nada piorar, seu caminhão parou de funcionar do nada, a deixando na mão assim que estavam prestes a regressar para a Flórida.
-- Você deveria agradecer de seu caminhão só ter parado agora. Aquela peça estava por um fio e pela aparência estava assim há muito tempo. -- O homem disse, esticando a coluna e dando destaque ao enorme volume que tinha entre suas pernas. Sofya resfolegou.
 
-- Fiz revisão antes de viajar. -- Savannah  informou.
 
-- Então não recomendo que volte a fazer revisão neste mesmo lugar, senhorita. -- O homem disse, fazendo Savannah  bufar. -- Olha, se quiser eu posso passar o endereço de alguns hotéis e pousadas boas para ficarem.
 
-- Não, obrigada. -- Savannah  disse, olhando em volta. O homem trabalhava com serralheria e seu irmão que na verdade era o dono da oficina mecânica, mas o mesmo estava ocupado, por isso deixou seu irmão no comando. O rapaz apertou de leve seu pênis por cima da calça e mandou uma piscadela para Sofya assim que percebeu que ela o comia com os olhos. -- Obrigada, senhor Malcon, em dez dias volto, então. --Savannah  disse resignada.
 
-- Savannah , vai indo na frente que tenho umas perguntas a fazer para ele.
 
-- Perguntas sobre o quê?
 
-- Não interessa. Me espere lá com as meninas. -- Savannah  franziu o cenho e negou com a cabeça quando viu que o homem estava ficando excitado.
 
-- Certo. -- Ela disse saindo de lá no momento seguinte.
 
A garota caminhou frustrada pela propriedade, encarando o galpão ao lado. Quase passou direto, no entanto algo chamou sua atenção, fazendo ela parar. Seus olhos percorreram a grande quantidade de árvores ao lado de fora, tentando ignorar seus pensamentos, mas não conseguiu.
 
Adentrou o galpão, dando uma olhada em volta. A figura de uma garota encostada, distraidamente mexendo em seu celular fez Savannah  caminhar até ela.
 
-- Com licença. -- Savannah  disse educadamente, vendo duas orbes avelãs lhe fitarem. -- Desculpe invadir o seu espaço, moça.
 
-- O que deseja? -- A garota perguntou, percorrendo seus olhos por todo o corpo de Savannah . Savannah  se sentiu intimidada, pois a moça lhe olhava descaradamente. A mulher não era feia, pelo contrário, tinha lindas pernas destacadas pelo short preto e seios abundantes, marcados pela blusinha branca colada. Seu rosto era delicado e sua pele era da mesma tonalidade que a de Sina.
 
-- Quanto quer por ele? -- Savannah  perguntou, apontando para o que estava em cima da mesa, jogado. A mulher em sua frente abriu um sorriso ousado ao ouvir aquilo.
 
-- O que te faz pensar que está à venda? -- A mulher perguntou curiosa.
 
-- Bem... nada, mas eu gostaria de comprá-lo. -- Savannah  disse com veemência.
 
-- Ele não está à venda. Sinto muito!
 
-- Te dou duzentos dólares por ele. -- Os olhos da mulher se arregalaram ao ouvir aquilo.
 
-- Por duzentos dólares te dou ele e tudo o que quiser. -- A garota disse sorrindo maliciosamente. -- Sou Anne, muito prazer. -- Se apresentou, esticando uma mão.
 
-- Sou Savannah . -- Ela respondeu, apertando a mão da mulher. -- E vou querer só ele mesmo, obrigada.
 
-- Você que manda. -- Ela disse, vendo Savannah  retirar o dinheiro de seu bolso. -- Um prazer fazer negócio com você. Se estiver pelas redondezas e se sentir carente, sabe onde me procurar. -- A garota disse, piscando e entregando à Savannah  o que ela havia comprado.
 
-- Não, obrigada. Com licença.
 
[...]
 
Sina e Heyoon  estavam aos amassos do lado de fora do lugar. Apesar de San Diego ser uma cidade muito populosa, o lugar onde Savannah  tinha que fazer a entrega era bastante sossegado, sem tantos prédios ou aglomerações. Na verdade, as árvores e a natureza eram o cenário do lugar.
-- Vou até a cidade efetuar o pagamento da peça do caminhão. -- Informou ela, vendo as garotas encerrarem o beijo para fitá-la. -- Teremos que esperar dez dias mesmo, infelizmente. -- Sina começou a rir descontroladamente ao ver sua irmã.
 
-- Qual é a graça? -- Perguntou irritada.
 
-- Por que está usando um chapéu de vaqueiro? -- Heyoon , que ainda conseguia falar, apesar de também estar rindo, perguntou.
 
-- Eu comprei. -- Ela disse orgulhosa, mas enrubesceu ao ver que Sina mal conseguia respirar de tanto rir.
 
-- Por quê? -- Heyoon  perguntou confusa.
 
"Any disse que gosta." Pensou, sorrindo tristemente ao se lembrar da doce garota. Dois dias sem vê-la e já se sentia destroçada.
 
-- Porque eu quis. -- Savannah  disse séria, fazendo Sina ver que era algo importante para sua irmã, cessando o riso na hora. -- Sofya está transando com o serralheiro, se quiserem voltar ao hotel fiquem à vontade.
 
-- Sente a falta dela, não sente? -- Sina perguntou ao reparar que Savannah  estava irritada, triste e séria demais nos últimos dois dias.
 
-- Por que acha isso? -- Savannah  perguntou solenemente.
 
-- Você se apaixonou, não foi? -- Heyoon  perguntou e Savannah  riu com escárnio.
 
-- Que tipo de idiota se apaixonaria em doze dias? Nem adolescentes se apaixonam em tão pouco tempo. -- Disse sentindo seu peito inflar. Ela não poderia admitir que estava apaixonada.
 
-- Savannah , você não a via uma vez ou duas por dia. Você passou, literalmente, os doze dias ao lado dela, só se separavam quando precisavam ir ao banheiro. Não há vergonha em assumir que se apaixonou. -- Savannah  negou com a cabeça ao ouvir aquilo.
 
-- Tem coisas que se você dizer em voz alta faz parecer mais real. -- Savannah  disse, umedecendo os lábios. -- Não estou preparada para assumir que a perdi sem nem tê-la conquistado. -- Sina iria dizer algo, porém Savannah  a cortou. -- Vou à cidade. Nos vemos. -- E saiu sem dar chance de falarem mais nada.
 

Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora