Destino Incerto (Savany)

29

O dia estava quente, tendo os raios de sol enfurecidos, fazendo a pele chegar a arder caso alguém ficasse mais do que dois minutos exposto a eles. No centro da cidade havia carro para todos os lados, pessoas transitando pelas faixas de pedestre; um ruído infernal de todas aquelas vozes; pessoas se esbarrando ocasionalmente. Savannah , definitivamente, odiava cidade grande.
 
O calor fez a garota enxugar uma pequena camada de suor que havia em sua testa. Ela havia passado as duas últimas horas na fila do banco, unicamente para pagar o boleto da compra da peça de seu caminhão e lá dentro o ar condicionado à impediu de morrer frita.
 
Savannah  caminhou mais alguns passos e parou em um semáforo esperando o sinal ficar verde para os pedestres. Excomungou até os prédios, que não possuíam vida, ao sentir um tranco em seu corpo. Olhou para o lado apenas para ver um garoto engravatado, provavelmente atrasado para a rotina chata em algum escritório, mas seus olhos paralisaram em um ponto fixo antes de voltarem a olhar para a faixa.
 
Em um dos carros parados na rua vertical com aquela, consequência do sinal estar parado para eles, a figura pequena e delicada de Any se encontrava. Não dentro do carro, senão limpando as vidraças do veículo.
 
Seu coração disparou e o sinal abriu para ela passar, abrindo também para o carro onde Any estava, já que era do outro lado. A maior não se importou em atravesar faixa ou qualquer coisa semelhante, apenas assobiou alto, tendo vários rostos virando-se para ela, mas ela unicamente notava um: O da garota que virou o pescoço e estava prestes a voltar a olhar para a frente, mas a imagem de Savannah  a prendeu. Ela abriu o sorriso que mais iluminou o ano de Savannah  ao ver que realmente era ela. O olhar de Any foi surpreso e ela ergueu seus olhos para o chapéu na cabeça de Savannah , sorrindo maliciosamente, porém com un toque de doçura que fazia o coração de Savannah  duplicar a velocidade de batimentos por segundo.
 
A menor colocou o pequeno rodo, o borrifador e sua flanela em um cantinho ali, ao lado de Cristal, que agora usava sua nova coleira, e se aproximou de Savannah . Any parecia meio abatida, como se tivesse dormido pouco e ainda usava a mesma roupa de dois dias atrás. Em seus olhos havia pequenas olheiras, mas isso não fez dela menos bonita, apenas mais cansada.
 
-- Hey... -- Ah, aquela voz! Savannah  pensou que jamais voltaria a ouvir aquela doce melodia. -- Você comprou um. -- Ela disse apontando para o chapéu de Savannah  e a maior assentiu, ainda sem reação.
 
-- Eu precisava de um novo. -- Savannah  disse, vendo que Any ainda usava o boné que ela lhe havia presenteado. -- Você já almoçou? -- Any negou e Savannah  assentiu. -- Gostaria de ir almoçar comigo?
 
-- Eu, huh, não sei. -- A garota disse e Savannah  suspirou.
 
-- Certo. -- A maior disse, mexendo inquieta em seu chapéu.
 
-- Esta noite ainda estará aqui? Eu vou ficar aqui até umas seis horas, lá para esse horário eu já terei conseguido dinheiro para almoçar e então poderíamos ir jantar. -- Savannah  franziu o cenho.
 
-- Não vai almoçar comigo porque não tem o dinheiro? -- Savannah  perguntou e Any assentiu, olhando para Cristal. -- Não seja tola. Eu te convidei para almoçar, então eu pagarei.
 
-- Eu não gosto de abusar. -- Any disse fitando as orbes verdes. -- Você já me bancou a viagem inteira...
 
-- Ny, eu quero muito saber o que fez nesses dois dias e, hm, quero que almoce comigo. Por favor? -- Any piscou desconcertada antes de responder.
 
-- Só se eu ganhar um abraço. -- Ela queria pedir um beijo, mas as coisas haviam sido casuais, não? E se Savannah  não a quisesse mais?
 
-- Essa não é uma missão impossível, eu acho. -- Savannah  brincou sorrindo abertamente e Any suspirou embasbacada.
 
-- Gata, eu posso ter vindo no seu caminhão, mas foi no seu sorriso que eu viajei. -- Savannah  gargalhou ao ouvir aquilo e logo envolveu Any em seus braços, em um abraço apertado.
 
-- Você tem sorte de ser bonita, porque suas cantadas são horríveis. -- Savannah  disse, sentindo Any inalar seu cheiro antes de se afastar.
 
-- Não ofenda a minha cantada. Ela foi exclusivamente para você. -- Any brincou e Savannah  assentiu, rindo. A menor caminhou até onde estava e pegou suas coisas, indo até Savannah  novamente. -- Cristal, vem! -- Ela gritou e a gata correu em sua direção. Savannah  estranhou Any estar com o saquinho de lingeries ali e a ração de Cristal também, mas optou por não dizer nada.
 
Não foram à um lugar muito longe, algumas quadras dali no máximo. Cristal ficou parada do lado de fora, deitando-se na sombra de uma mesa vazia quando Any disse que ela não poderia entrar. As garotas adentraram o lugar e se sentaram ao lado de uma grande janela, dali poderiam ver Cristal. Fizeram seus pedidos e esperaram.
 
-- Por que ainda está aqui? Não era para ter partido esta manhã? -- Any perguntou, virando-se para Savannah . Ela havia se sentado ao lado da garota e não à sua frente como deveria.
 
-- Não vai acreditar na minha sorte... -- Savannah  disse, retirando o chapéu preto de sua cabeça exatamente como Any fez e o colocando na cadeira da frente. Any se virou para ficar de frente para Savannah  e a maior copiou seu gesto. -- Meu caminhão quebrou. Encomendei uma peça, mas só vai chegar em dez dias. -- Explicou. -- E você, conseguiu visitar o túmulo da sua mãe? -- Any abaixou a cabeça no mesmo momento e assentiu. -- Hey... desculpe tocar nesse assunto, Any . Não fique triste. -- Savannah  disse, tocando em seu queixo para que a garota lhe olhasse.
 
-- Não se preocupe, estou bem. -- Any disse sorrindo fraco.
 
-- Por que carrega as suas coisas consigo? -- Savannah  finalmente perguntou. -- Onde está ficando, Ny?
 
-- Eu meio que não estou ficando em lugar nenhum. -- Ela disse envergonhada.
 
-- Por que  me olhou desse jeito? -- Savannah  perguntou ao ver Any lhe fitar e fechar rapidamente os olhos, negando com a cabeça.
 
-- Não te olhei de jeito nenhum.
 
-- Olhou sim. Por quê? -- Any respirou fundo e, com olhos cansados, fitou Savannah .
 
-- Por que eu menti para você, Savannah .