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-- Por que ela teve que sair na chuva? -- Sina perguntou ao olhar o rosto quase sem cor da garota que dormia no banco de trás. Sofya usava um pano molhado para colocar sobre sua cabeça, com a intenção de diminuir a febre que havia aumentado drasticamente.
 
-- Eu não tenho dinheiro... -- Any murmurou, respirando com certa dificuldade. -- Ainda não...
 
-- Ela está delirando. -- Heyoon  disse preocupada e Savannah sentiu-se ainda mais culpada pela noite passada.
 
-- Estamos quase chegando. -- Savannah informou.
 
-- Na farmácia? -- Heyoon  perguntou e Savannah resmungou algo somente para si.
 
-- No hospital, Yoon. Febre muito alta é perigoso.
 
-- Você saiu totalmente fora do seu caminho para levá-la ao hospital? -- A morena perguntou surpresa e ao mesmo tempo orgulhosa.
 
-- Não. Ainda estou na estrada e é você que está alucinando ao invés de Any. -- Savannah respondeu rudemente.
 
-- Mamá... -- Any voltou a murmurar e Savannah se concentrou em orar para que a pobre moça ficasse bem.
 
Meia hora depois elas chegaram no hospital e Savannah estacionou do outro lado da rua. Sina pegou Any no colo e a colocou no colo de Savannah do lado de fora do caminhão com todo o cuidado do mundo. 
 
-- Tranquem o caminhão. -- Savannah disse antes de adentrar o local com o pequeno corpo em seus braços. A mais velha fez uma nota mental de comprar algumas peças íntimas para Any, já que a garota estava sem calcinha e só tinha aquela que usara na noite anterior.
 
O médico não demorou a atendê-las e disse a Savannah que ela fez o certo em levar Any urgentemente ao hospital, pois a garota beirava os quarenta e um graus de temperatura corporal e havia muitas pessoas que morriam com tal número.
 
Após os cuidados necessários, Any ficara em observação pelo restante da noite e acordara pela madrugada, confusa e perdida, contudo, seu coração se acalmou ao ver o corpo branquelo esparramado em uma cadeira ao lado de sua cama. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao ver que a mão de Savannah estava entrelaçada com a sua.
 
A menor começou a acariciar os cabelos de Savannah com a outra mão e, em um pulo, Savannah despertou. 
 
-- Heey, calma! -- Any pediu rindo, sentindo seu nariz funcionar muito melhor naquele momento.
 
-- Ny... -- Savannah pronunciou, erguendo as orbes verdes na direção da menor. -- Lhe comprei calcinhas! -- Any lhe olhou surpresa, erguendo ambas as sobrancelhas e segurou o riso.
 
-- Oh...! Obrigada? -- Ela disse um tanto sem reação. Savannah corou ao perceber o jeito que havia proferido aquilo. 
 
-- Oh céus... Eu não quis dizer isso não, diacho! -- Ela falou e Any sorriu pela forma arrastada que Savannah havia proferido e puxado a fala. -- É que, bem, você só estava com aquela e o doutor disse que você precisava colocar essa roupa aí... -- Começou, meio embaraçada. -- Pedi que ele se retirasse da sala e fui comprar calcinhas pelas redondezas. As enfermeiras te vestiram. 
 
-- Expulsou o médico da sala? -- Any perguntou rindo. 
 
-- Você não ia fazer nenhuma cirurgia, não havia necessidade de ele te ver nua. -- Savannah disse séria e Any riu ainda mais. 
 
-- Savannah, ele trabalha com isso. Está acostumado.
 
-- Não havia necessidade de ele te ver nua e fim. -- Savannah disse tocando sua própria nuca em uma massagem.
 
-- Certo! -- Any disse sorrindo. -- Dores por dormir aí? 
 
-- Estou acostumada a dormir em qualquer canto, não se preocupe. -- Disse ela, meio sem jeito.
 
-- Me preocupo sim. Deite-se aqui comigo. -- Any pediu.
 
-- Não precisa...
 
-- Por favor? -- Como raios aqueles olhinhos castanhos cintilantes tinham tanto poder sobre Savannah?
 
-- Certo. -- Respondeu em um murmúrio antes de retirar os sapatos e se deitar ao lado de Any. Any se ajeitou sobre o peito de Savannah e acomodou uma de suas mãos na barriga da maior.
 
-- Onde estão as meninas? -- Any perguntou, sentindo Savannah começar a afagar seus cabelos sem sequer perceber.
 
-- Em um hotel. Queriam ficar na sala de espera, mas as dispensei. Só é permitido a permanência de uma pessoa para passar a noite e pensei que seria bom elas descansarem.
 
-- Desculpe te causar problemas. -- Any pediu em um suspiro pesado. -- Sei que não gosta de gastar muito em hotéis e que isso irá te atrasar ainda mais.
 
-- Não seja tola. Hoje eu comprei calcinhas. -- Savannah disse rindo. -- Se não fosse por você eu jamais teria feito isso na vida.
 
-- O quê? -- Any perguntou confusa. -- Quem compra suas calcinhas? 
 
-- Sina. Ela sabe todos os meus números e compra, não só calcinhas, como roupas também. Do meu agrado, claro. -- Savannah explicou. -- Eu odeio, do fundo da minha alma, comprar roupas. Não tenho paciência!
 
Any sorriu ao imaginar as caretas e os resmungos baixos da mulher caso fosse em um loja. Any já estava se adaptando ao jeito sério da garota. A menor apoiou seu queixo no peito de Savannah e a fitou sorrindo. Seu dedo indicador pincelou o topo do nariz da maior de maneira doce e suave.
 
-- Você é muito mimada por suas irmãs, mocinha. -- Any disse e Savannah quase sorriu; Any só percebeu isso porque o canto direito da boca de Savannah se repuxou minimamente.
 
-- É uma rotina nossa. -- Savannah disse. -- E eu, particularmente, adoro seguir à risca a minha rotina.
 
-- Oh... Aposto que é por isso que você se incomoda tanto comigo. -- Any disse sorrindo. -- Estraguei a rotina de sua viagem. -- Savannah lhe olhou séria por um instante antes de lhe responder.
 
-- Posso ser meio teimosa, mas devo admitir que ver você bagunçar a minha rotina foi, a princípio, assustador. -- Savannah disse, rindo no momento seguinte. -- Mas fazia anos que eu não nadava em um rio ou tomava um banho de chuva. -- Savannah revelou. -- Especialmente nadar pelada.
 
Any riu alto ao ouvir aquilo e abraçou com mais vontade o corpo abaixo de si.
 
-- Durma, morena! Amanhã teremos um longo dia. -- Savannah disse e Any assentiu, desejando um "boa noite" e enterrando sua cabeça na curva do pescoço de Savannah. 
 
Any sorriu ao constatar que, após dias, ela não iria dormir excitada.
 
No lugar da excitação tinha outro coisa: Uma sensação de estar protegida; de bem-estar; uma sensação que aquecia seu peito. Any não conseguia entender ou sequer explicar aquele sentimento, mas não precisava: Sentir lhe bastava.
 
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Destino Incerto (Savany) Onde histórias criam vida. Descubra agora