Havia se passado algumas horas desde que o silêncio havia se instalado ali e Savannah resolveu fazer uma parada de vinte minutos pelo final da tarde para comerem algo. Ela queria que o silêncio se dissipasse, mas mesmo após comerem as garotas não disseram uma palavra sequer.
-- A última pessoa que havia tocado naquele rádio foi meu pai. -- Savannah revelou baixo, vendo os cílios longos de Any se ergueram em sua direção. -- E ele faleceu há alguns anos.
-- Eu sinto muito. -- Any disse baixinho.
-- Eu só queria esperar o momento certo de ligar a rádio. -- As garotas olharam para Savannah espantadas, ela nunca tocava naquele tema e apenas mudava de assunto caso alguém tocasse.
-- Eu não sabia disso, eu realmente sinto muito, Savannah. -- Ela disse tocando na mão da mais velha. -- Prometo parar de ser tão curiosa ou intrometida. -- Savannah encarou o toque de Any em sua mão e sorriu em Savannah de que estava tudo bem.
-- Sabe de uma coisa que você me mostrou? -- Any negou com a cabeça e Savannah riu baixinho. -- Descobri que não tem hora certa para ligar uma rádio, então... Obrigada.
-- Isso quer dizer que poderemos ouvir a rádio? -- Sina se intrometeu esperançosa e Savannah voltou a fechar a cara.
-- Não! -- A risada das garotas ecoou pelo caminhão e Savannah voltou a ligar o veículo. Any retirou sutilmente sua mão de cima da de Savannah e sorriu mais despreocupada.
-- Escuta, Sav... Por que nunca nos disse sobre esse lance? -- Heyoon perguntou. Savannah apenas deu de ombros, mas alguns minutos depois sua mão direita foi para o botão da rádio, ligando-a e aumentou o volume no último.
As garotas abriram as bocas chocadas e Any sorriu de forma contida, desviando seu olhar para Savannah disfarçadamente. Sina sorriu baixinho ao perceber algo: A nova companheira de estrada tinha uma espécie de reação positiva sobre Savannah.
-- Savannah? -- Any cutucou o braço da caminhoneira, pois o volume estava realmente alto. -- Preciso fazer xixi. -- Ela confidenciou, tendo se inclinado e falado no ouvido da garota. Savannah baixou o som do veículo para lhe responder.
-- Não podemos parar agora. Deveria ter feito xixi antes de sairmos. -- Disse séria. Any cruzou as pernas e se moveu inquieta, fazendo Savannah bufar ao constatar que a garota deveria estar segurando há muito tempo. -- Assim que der eu paro. -- A risada de Sina preencheu a audição de todas as garotas, que olharam para ela em confusão.
-- Não posso mais rir? Eu hein! -- Ela disse ao ver que a atenção estava toda sobre ela.
Alguns minutos se passaram e Savannah finalmente pôde estacionar, pegando um rolo de papel higiênico e entregando à garota. Any agarrou o papel e desceu correndo, fechando a porta às pressas.
-- Acho que você deveria ter dito a ela. -- Sina disse rindo.
-- Ela não me deu tempo. -- Savannah explicou, desviando o olhar do retrovisor ao ver Any se agachar ali. -- Tudo bem, quero todas olhando em outra direção!
-- Se ela tivesse nos dado tempo teríamos dito a ela que o retrovisor pega a imagem de onde ela está. -- Heyoon disse, soltando uma risada anasalada.
-- Diremos quando ela voltar. Agora não quero ninguém olhando. -- Savannah repetiu e Sina se inclinou, dando três batidas no ombro de Savannah.
-- É, irmãzinha, você está ficando frouxa. -- Savannah rosnou baixinho e lhe olhou feio.
-- Só estou impondo respeito. A garota não sabe que podemos vê-la daqui. Seria errado bisbilhotá-la.
-- Savannah, ninguém aqui tem interesse em olhar a vagina da garota, fica tranquila. -- Savannah ficou muda e Sina riu baixinho. -- Ou será que tem?
-- Voltei. -- Any disse após abrir a porta. -- Obrigada por isso, eu realmente estava prestes a morrer. -- Savannah apenas assentiu com a cabeça e lhe entregou um vidrinho de álcool em gel. Any agradeceu baixinho e passou álcool em suas mãos. -- E aí, do que falavam?
-- Bem, você não nos deixou avisar que onde você foi dava para te ver daqui. -- Any enrubesceu com a informação de Sofya. -- Mas não se preocupe, ninguém olhou.
-- Então onde eu deveria ir? Atrás ou na frente do caminhão os carros que vêm e que vão me veriam. -- Any perguntou.
-- Desse lado do caminhão mesmo, mas embaixo do retrovisor. -- Savannah explicou e Any assentiu corada. Os olhos verdes rolaram pelo caminhão e ela alçou uma sobrancelha ao achar o que buscava. -- Espere! Quem lavou meu boné? -- Ela perguntou, vendo o mesmo pelo retrovisor, localizado no canto de trás da boléia. -- Heyoon !
-- Não olhe para mim; eu apenas disse que ele estava imundo. Não tocaria naquilo nem com luvas. -- Heyoon respondeu e Savannah se reclinou, pegando o boné e o colocando sobre a cabeça.
-- Eu não lavei. -- Sofya disse.
-- Eu não desperdiçaria o meu tempo com essa velharia. -- Sina alegou.
-- Tudo bem, fui eu. -- Any disse baixinho, temendo ter feito algo errado outra vez.
-- Por quê? -- Savannah perguntou.
-- Eu vi que precisava ser lavado e como você me deu a carona eu quis retribuir de alguma forma. -- Confessou desviando seus olhos para suas próprias mãos. -- Desculpe.
-- Eu... agradeço. -- Savannah disse. Any lhe olhou e Savannah sorriu contido. -- Ele precisava urgentemente ser lavado, mas eu sempre me esquecia. -- Disse e Any sorriu-lhe. -- É meu boné preferido.
-- Eu adoro bonés, mas nunca sequer experimentei um. -- Confessou rindo e Savannah retirou o boné, agora limpo, de sua cabeça e colocou em Any.
-- Não seja por isso. -- Falou sorrindo.
-- Gostei. -- Any disse, fitando a si própria no retrovisor.
-- Impressionante como fica linda de qualquer jeito. -- Savannah disse mordendo seu lábio inferior.
-- Como?
-- Oh, nada. -- Savannah disse rapidamente ao perceber que havia pensado alto demais. Sina riu e se inclinou para dizer algo no ouvido de Savannah.
-- Como eu disse, frouxa.
-- Cale essa boca, ora. -- Resmungou, ligando o caminhão e olhando de soslaio para Any, que ainda olhava para o próprio reflexo e fazia caretas. Parecia uma criança.
Savannah riu baixinho e negou com a cabeça, voltando a olhar pra frente e a levá-las para San Diego.
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Destino Incerto (Savany)
FanfictionSavannah Clarke uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs adotivas...