-- Demoraram... -- Sina não resistiu em zombar, afinal, se Savannah tinha tido a ela que convidou Any para um jantar deveria aguentar as consequências.
-- Houve um problema com o pagamento na recepção. -- Ela disse, vendo Any abrir a porta do outro lado e entrar. As três garotas fingiram acreditar naquela mentira deslavada, afinal elas estavam mais empolgadas em comer em um restaurante. Amavam viajar com sua irmã, mas não aguentavam mais comer bobeiras, precisavam de comida de verdade.
O caminhão andou por cerca de uma hora até desviar da rodovia principal e adentrar uma pequena cidadela no Kansas. Mais vinte minutos foi o tempo que precisaram até chegarem no restaurante o qual Savannah havia mencionado.
-- Como conhece este lugar? -- Any perguntou, vendo Savannah estacionar do outro lado da rua.
-- Já tive que fazer algumas entregar por esta cidade. -- E, sem dizer mais nada, desceram do caminhão, o trancando com uma pequena passagem de ar no vidro para Cristal não ficar sem ar. Savannah deu a volta no veículo e parou ao lado de Any. Seus olhos desceram para sua mão e então ela sorriu. -- Posso? -- Any sorriu tímida e assentiu, sentindo Savannah entrelaçar seus dedos nos dela.
Três suspiros bobos soaram e Savannah revirou os olhos, olhando no momento seguinte para as garotas.
-- Vocês não deveriam ir para qualquer lugar longe daqui? Para o inferno, de preferência. -- Sina riu e assentiu.
-- Só por isso vou pedir tudo do mais caro. É você quem vai pagar mesmo. -- Sina disse atrevida, enlaçando seus dedos nos de sua namorada e puxando Sofya pelo braço. A risada suave de Savannah penetrou os sentidos de Any, fazendo a menor sorrir.
-- Eu amo essas doidas. -- Savannah confessou, se dirigindo à entrada do restaurante ainda de mãos dadas com Any. Foram atendidas por um senhor de meia idade, que as conduziu até uma mesa um pouco distante das demais.
-- Este lugar é lindo. -- Any comentou, admirando os detalhes das paredes, todas trabalhadas em uma obra de arte antiga; no centro do lugar havia um enorme lustre com luzes amareladas, no entanto, no lugar onde estavam estava mais escuro. O homem que lhes atendeu acendeu duas velas em sua mesa e lhes entregou dois Menu's de capa preta.
-- Quando decidirem o que irão pedir é só apertar o botão sobre a mesa que virei em um instante. Com licença, senhoras. -- O homem disse e se afastou. Any abriu o menu e corou; não conhecia nada do que tinha ali. Savannah , por outro lado, era experiente em vários pratos ao redor do país.
-- Você disse que não era chique o lugar, todavia, eu não conheço nada daqui do menu. Onde estão as batatas fritas? -- Any brincou no final, tentando descontrair.
-- Confia em mim o seu pedido? -- Savannah perguntou e Any sorriu.
-- Nada cru e nada gosmento, por favor. -- Any disse rindo e fechando os olhos. -- Sim, confio em você.
-- Perfeito. -- A maior disse, chamando o rapaz e fazendo o pedido. O vinho foi o primeiro a chegar e o garçom lhes serviu na taça antes de se retirar.
-- Querendo me embebedar para tirar a minha pureza, senhorita? -- Any brincou, rindo no momento seguinte.
-- É para apreciar e não para... -- Savannah corou e suspirou. -- Quer beber outra coisa?
-- Eu estava brincando, Savannah . -- Any disse como se fosse óbvio e a maior voltou a corar. -- Onde está a Savannah séria e rabugenta que conheci?
-- Eu só estava usando um escudo. Desculpe se fui muito, você sabe, grosseira. -- Savannah disse entortando o canto de sua boca. -- É que você é toda...
-- Toda o quê?
-- Perfeita. -- Savannah confessou.
-- Eu não sou perfeita e para que precisava de um escudo? -- Any perguntou bebericando um pouco do vinho.
-- Porque é fácil demais, bem, me apaixonar por você. -- Disse sem olhar nos olhos de Any. -- Eu não queria correr o risco, já que você vai embora em poucos dias. -- Any suspirou e mordeu seu lábio interior, sem jamais colocar alguma expressão em seu rosto.
-- Estou com vontade de atravessar esta mesa e te beijar. -- Any sussurrou e Savannah sorriu, se levantando e se inclinando sobre a mesa para dar um beijo em Any antes de voltar a se sentar.
-- Então, Karla Any... -- Savannah disse se ajeitando em sua cadeira. -- O que faz na Florida?
-- Bem, atualmente eu não estou trabalhando, por isso arrumei um tempo para ir visitar o túmulo da minha mãe. -- Any disse.
-- Ela morava na Califórnia ou apenas foi enterrada lá? Desculpe se eu estiver sendo inconveniente. Só quero saber um pouco sobre você. -- Savannah disse e Any sorriu-lhe fraco.
-- Não tem problema. Bem, ela morava sim em San Diego. Nós não nos falávamos muito havia vários anos.
-- Sinto muito. -- Savannah disse sinceramente.
-- Obrigada. -- A menor respondeu.
-- Como se mantinha na Florida sem trabalho? Tem parentes lá? -- Any corou e abaixou o olhar.
-- Eu, huh, não tenho parentes lá. Estou desempregada há quase meio ano, tem sido um ano difícil para mim. -- Ela disse. -- Promete não rir?
-- Por que eu riria? -- Savannah perguntou e Any voltou a corar.
-- Nada. Melhor falarmos de...
-- Não, me conta. Eu não vou rir. -- Savannah se apressou em dizer.
-- É que é embaraçoso dizer isso.
-- Ny... Não precisa ter vergonha de mim. -- Savannah disse docemente.
-- Eu juntava recicláveis para vender. -- Disse corando fortemente, olhando para baixo. Savannah se levantou e andou até a cadeira de Any, se abaixando perto dela e tocando seu queixo, fazendo a menor lhe fitar.
-- Não há nada de vergonhoso, embaraçoso ou desonroso nisso. Eu admiro muito você pelo que fazia. -- Any sentiu uma lágrima escorrer de seus olhos e a enxugou prontamente.
-- Minha mãe faleceu e me deixou uma dívida gigantesca no hospital. -- A menor disse, sentindo Savannah entrelaçar seus dedos nos dela e começar um carinho de leve com seu polegar. -- Larguei meu serviço quando ela adoeceu e fui visitá-la, mas ela não foi muito receptiva nem mesmo doente. Ela nunca me aceitou por causa da minha sexualidade.
-- E aí suponho que não conseguiu arranjar outro emprego. -- Savannah disse e Any assentiu.
-- Eu não tenho faculdade ou coisa assim, fica mais difícil. -- Ela confessou. -- Mas eu não vim jantar com você para falar dos meus problemas de vida. -- Savannah sorriu e se inclinou, tocando seus lábios nos de Any suavemente.
-- Vim jantar com você para conhecê-la melhor e isso envolve seus problemas de vida.
-- Mas eu não quero falar de coisas tristes. -- A menor falou, encostando sua testa na de Savannah .
-- Então que tal se falarmos de como você é cheirosa mesmo sem passar perfume? -- Savannah disse, fazendo Any rir.
Da outra ponta do restaurante havia três garotas suspirando bobamente. Era, com certeza, irrefutável o fato das duas morenas combinarem. Elas eram muito fofas juntas e havia uma conexão, como se elas se conhececem de longa data. Também havia o brilho no olhar de ambas e naquele momento, Any parecia ter entregado seu mundo nas mãos de Savannah .
-- É uma pena a garota ter que ir, Savannah parece ter, realmente, gostado dela. -- Sina lamuriou.
-- Sim, Sina. -- Sofya concordou e suspirou tristemente. -- É uma pena.
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Destino Incerto (Savany)
FanfictionSavannah Clarke uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs adotivas...