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Por amor, ela quebrará as regras.
Aisling tinha apenas oito anos quando sua mãe foi peregrinar. Quinze quando seu pai entrou num perigoso jogo de t...
Não tenho certeza de que horas é o fim do meu expediente, nem sei se já está de tarde ou de noite, tampouco se papai e Brizo estão bem. Eu vou te tirar daí, lembro das palavras do meu irmão e também me lembro de que ele é um idiota que só vai descansar quando estivermos todos mortos, pelo visto. Se esse for o seu objetivo, não entendo. Nossa família não é como nos contos de fadas citados pelo professor Redmond, durante as aulas. Não somos filhos de família com herança. Se matar a família toda, Brizo vai herdar uma casa sendo demolida pelo tempo, a poeira dos quartos e o único paletó do papai.
Quase me esqueço do alumínio e o fedor entra nas minhas narinas, com violência, mas não o bastante para puxar a comida do meu estômago. Nada me fará vomitar. Pela manhã, estive demarcando a barra de aço cobalto e serrando a silhueta do arco, conforme o projeto constatado na cartolina suja de carne. Agora estou trabalhando com o alumínio. Tive sorte por encontrar num armário de madeira um avental para ferreiro, para a minha segurança. Tudo de couro e que cheira a novo. Posso até contar com um óculos escuro para não machucar a minha vista, sem mais precisar do meu plástico preto improvisado.
Desse jeito eu até pareço uma trabalhadora muito digna. Não sei quanto irei receber. Não vejo o mundo lá fora. Não sei em qual condado me encontro — e definitivamente não é Wexford. Estou sozinha pelo dia inteiro, praticamente. Mas tem comida, espaço e condições impecáveis de trabalho. Isso acendeu uma chama em mim que esteve apagada desde o início da minha carreira. Chama essa que só aparecia nos meus olhos e coração quando via o meu pai finalizar uma espada e fazer uma demonstração para mim, com a lâmina reluzindo sob a luz do sol.
As espadas do meu pai cortavam o ar e distorciam o seu rastro. Eu ainda não tenho essa excelência.
— Está na hora. — Balor entra pela mesma portinha, abaixando a cabeça para não bater a testa. — Vire de costas.
— Mas eu...
Estou com o aço do futuro arco em mãos quando Balor me faz deixar tudo apressadamente na mesa e tirar o meu uniforme. Ela até ameaça me espetar com seus espinhos se eu não andar logo. Assim que me viro, ela me venda e compartilha uma cordinha comigo.
Sou arrastada para a carruagem do mesmo jeito e continuo sem saber que horas são.
E Dother não apareceu como havia prometido.
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— Até amanhã, menina — despede-se Balor, após me desvendar. — Estarei aqui às cinco, preferencialmente antes do sol nascer. Não me faça esperar.
Desvio o foco por um rápido instante e me sinto aliviada por encontrar as plaquinhas azuis no começo de cada esquina da grande favela de tijolo e madeira. Sei o nome das ruas, então sei me localizar em qualquer lugar de Wexford.
Confirmo para Balor, acenando.
— Estarei aqui.
— Que bom. — Pela falta de iluminação, mal vejo o sorriso despontar nos seus lábios, e não é tão amigável quanto talvez ela deve imaginar que é. Balor intimida demais com suas cicatrizes, para ser simpática, sem falar no dente de ouro. — As monas já foram entregues na sua residência.