✨Eleita uma das melhores histórias de 2021 pelos embaixadores do Wattpad e finalista no Wattys 2021!✨
Por amor, ela quebrará as regras.
Aisling tinha apenas oito anos quando sua mãe foi peregrinar. Quinze quando seu pai entrou num perigoso jogo de t...
Eu sei que é minha hora de ir para a passagem secreta quando ouço o som do sino, o mesmo que ouvia com Dother no subsolo e ele dizia que precisava ir. Paro de regar as flores da Praça Tríscele e me levanto, para ajeitar a gola falsa, enquanto observo os druidas formando fila para irem ao Nemeton, ou melhor, aos bosques sagrados das redondezas.
Eu achava que Nemeton era somente o jardim do rei, o que eu tive de pisar descalça sobre um roseiral, mas não é o caso. Nemeton se trata de qualquer espaço sagrado e natural, onde todos os druidas se aglomeram diariamente para rezar nos santuários e desejar por boa sorte, como se já não tivessem o bastante.
Dother deve ser bem dedicado à sua religião. Na época que eu trabalhava no subsolo, ele jamais ignorou o chamado do sino.
Eu não faço parte dessa seita, embora haja um Nemeton específico para os criados. Uma das poucas similaridades entre humanos e druidas é que todos nós adoramos a Danu. Meus avós ensinaram os meus pais a rezar, porém meu pai, amargurado pelo tempo, foi um homem que abandonou o amor por Danu e acabou fazendo eu e o meu irmão trilharmos o mesmo caminho. É um efeito dominó, eu acredito porque todos acreditam, só não sei se eu acredito do jeito certo.
Danu, Danu, Danu Rios e riachos correntes Estamos banhados em seu amor. Danu, Danu, Danu Seu corpo, esta linda terra Nos amamentamos em seu peito. Mãe de todos Redentora de almas Fonte de tudo que é sagrado.
Essa é a parte da oração que eu ainda me lembro e venho repetindo diariamente em um sussurro, logo que estou nos túneis e próxima à oficina. Rezo para que Danu me proteja, nem que essa seja a única vez.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Eu quase martelar o meu dedo não é algo comum. Meu susto faz com que eu solte um grito involuntário e comece a abanar a mão de forma bem frenética, mesmo que não tenha me acertado.
— Você está bem? — indaga Quinn.
O artesão está com uma haste nas mãos, preparando a nossa quinta flecha de visco, enquanto eu e Alby continuamos forjando as pontas, cada um com a sua própria bigorna, e Liam, pelo o que eu bisbilhotei, parece que está progredindo bem com o arco. Não estamos exatamente organizados trabalhando dessa forma, mas estou longe de poder reclamar.
— Estou ótima. — Minha voz sai incerta. Não engano ninguém, nem a mim.
Amanhã nós conversamos.
Hoje é o dia de amanhã. Eu passei cada hora tentando arranjar justificativas, tentando provar a mim mesma que não vi Dother ontem. Pode ter sido tudo uma alucinação ou um sonho lúcido bem fiel aos aspectos da realidade. Há chances de eu ter imaginado, quando estava tão alterada pelo meala, assim como também não pode ter sido mentira. Eu roço os dedos pelos meus lábios e ainda me arrepio, lembrando perfeitamente da sensação.
Hoje eu ingeri outro meala, apesar de minha mente estar acelerada por si só, acompanhando os meus batimentos cardíacos. Eu quero logo sair da oficina e ir para o meu quarto, assim como também quero que o tempo congele nesse exato instante e não haja mais a necessidade de encarar Dother. Não sei o que ele vai dizer, e por isso estou inundada pela incerteza e pelo pavor.
