Lua Negra

Prólogo

Volterra, Itália

Sempre pensei que não houvesse nada mais poderoso que vampiros, desde a noite em que Jane e eu quase fomos mortos na fogueira e Aro nos salvou. Por séculos achei que éramos invencíveis. Eu estava terrivelmente enganado, é claro.

Havia algo de diferente sobre aquela missão, algo perigoso. Ancião. Os rastros não pareciam de humanos ou mesmo de vampiros. Estávamos seguindo eles há dias. Todas aquelas cenas eram quase animalescas. Quase. Se não fossem as mortes sem necessidade alguma e se o sangue das pessoas não continuasse lá. Humanos estavam morrendo de forma brutal e violenta, era quase como se estivessem os matando porque sabiam que estaríamos vigiando. E de fato, estávamos.

— Parece que alguém gosta de brincar — disse Demetri mexendo em um dos corpos.

Jane me encarou por breves segundos, e eu soube que estávamos pensando sobre a mesma coisa. Todos aqueles corpos, aquilo não foi feito por vampiros. A punição para aquilo era uma lenta e dolorosa morte. Todos aqueles corpos tinham um padrão. Uma marca.

— Não brincar, apenas chamar a nossa atenção — sussurrou Jane. — Isso foi um aviso.

— Suponho, Jane, que você já tenha uma teoria — afirmou Demetri.

Deveria ser improvável, Caius os caçou até quase a extinção e eles não dão sinal de vida há séculos... Mas e se na verdade eles estavam apenas se reagrupando? E se eles estivessem apenas ficando fortes o suficiente para vingar o genocídio de seu povo?

— Por que você acha que não sentiu nenhum vampiro diferente, Demetri? — indagou minha irmã.

— Você é linda, Jane, mas sabe que não gosto de enigmas.

— Estamos seguindo assassinatos por dias e todos eles têm um padrão, não foram humanos, o cheiro das coisas que fizeram isso é diferente. Vampiros nos temem o suficiente para sequer pensarem em fazer isso em Volterra. As marcas nos corpos são de garras, não de dentes ou facas. Caius os caçou até quase a extinção e todos nós sabemos o que acontece quando animais ameaçados de extinção param de ser caçados; Eles se proliferam.

— Jane... — Começou Demetri. — Se isto for verdade, nossa mera existência está ameaçada.

O silêncio reverberou por aquele beco escuro, enquanto calmamente minhas palavras repousavam sobre nós:

— As Crianças da Lua voltaram, e dessa vez, nós somos as presas.

Em segundos estávamos correndo de volta para casa.