Alec dirigia ao meu lado, seus olhos concentrados na estrada, mas de vez em quando, furtivamente, ele me lançava olhares, e o tempo parava ao nosso redor. O mundo lá fora parecia uma realidade alternativa à nossa, um mundo completamente diferente. O sol brilhava contra sua silhueta e formava milhares de cores. Uma de suas mãos segurava o volante e a outra apertava minha mão.
— Agora que estamos sozinhos… — Comecei.
Ele desviou o olhar da estrada para mim, seus olhos já estavam assumindo um tom de vermelho escuro, migrando para o marrom escuro. Ele precisava se alimentar. Eu cuidaria disso mais tarde.
— O que você tem em mente? — Ele girou o volante para fazer uma curva.
Liguei o bluetooth do carro e o conectei ao meu celular. Escolhi a primeira música da minha playlist. O som da guitarra ressoou por todo carro e era absurdamente alto. Na verdade, qualquer coisa para mim era absurdamente alta.
— Quero que você conheça os deuses — falei por cima da música.
Alec me olhou incrédulo.
— Você gosta dessa banda?
— Você não?
— Está brincando? Eu amo.
Era uma música antiga, de uma banda antiga, Decode do Paramore, fora um sucesso uma vez. Hoje, era uma música nostálgica. Definitivamente seria minha música favorita por mais alguns séculos.
Alec cantava a música e várias vezes bateu no volante ao ouvir o guitarrista tocar. Eu jamais imaginei que outra faceta de Alec existisse, uma que gostasse de arte, das mesmas bandas que eu e muito menos achei que existisse um Alec por debaixo do capuz que o alto escalão da guarda Volturi usava. Eu estava irremediavelmente feliz por Alec ser muito, muito mais do que eu achava que fosse.
Nós alternamos entre ouvir Paramore, Evanescence e músicas clássicas a viagem toda. Equilíbrio. Eu amava música clássica porque meus pais amavam, e com o tempo, você passa a ver beleza no clássico. Nas músicas clássicas o silêncio era o barulho mais alto depois dos instrumentos tocando, nós apenas sentíamos a melodia e a deixávamos nos invadir e nos preencher. O silêncio não era mais desconfortável, ele era um amigo, eu amava ficar em silêncio na companhia de Alec. Eu amava apenas estar com ele.
Quando chegamos, eram quase nove da manhã. O sol brilhava no céu, mas eu tinha quase certeza que não estava fazendo calor. A pele branca de Alec brilhava como mil diamantes quando ele saiu do carro e caminhou até a minha porta para abrí-la.
Alec estendeu sua mão para mim. Ele estava literalmente brilhando. Aceitei sua mão e nós começamos a caminhar para dentro de casa.
A casa ainda era a mesma de ontem, mas estava tão diferente, eu a olhava com outros olhos agora. Eu via Alec em cada móvel, em cada parede.
— Você está com fome? — Ele perguntou soltando minha mão.
Alec retirou o blazer e o jogou no sofá.
— Não — respondi enquanto retirava meus saltos.
— Você não come há bastante tempo.
— Você se preocupa demais — retruquei.
Ele caminhou até mim, colocou suas duas mãos em meu rosto e me encarou.
— Porque você é tudo para mim.
Ele nem ao menos deixou que eu respondesse quando me puxou para a cozinha. Eu estava andando na ponta dos pés, embora nós fossemos as únicas pessoas em casa.

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Lua Negra
Fiksi PenggemarUma nova guerra se aproxima, e dessa vez os Volturi serão obrigados a pedirem ajuda ao segundo clã mais poderoso do mundo: Os Cullen. Vampiros estão morrendo a cada dia mais. Os lobisomens retornaram, não os metamorfos Quileutes aliados dos Cullen...