Antigo clã romeno

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Alec.

Ela estava ao meu lado, como sempre estava nos últimos dias. E não haviam adjetivos que pudessem descrevê-la. Renesmee não era linda, ela era a própria personificação do que era belo. Eu jamais poderia imaginar que isso aconteceria, que ela aconteceria. Ela era um milagre, mas não apenas porque era uma das poucas de sua espécie, e sim porque era meu pequeno milagre. Antes dela, eu não conhecia outra vida, não sabia que era possível viver.

Quando fui a sua casa em Sitka, jamais imaginei que passaria a me importar tanto com ela, embora eu jamais a tenha odiado. Porque eu jamais a odiei. Eu odeio o sentimento que ela me faz sentir, eu odeio que talvez algum dia eu não esteja lá para protegê-la e odeio mais ainda que ela não saiba da dimensão de tudo que eu sinto. Ela prometera que iríamos conversar, e eu esperaria por isso ansiosamente como se cada célula em meu corpo dependesse disso, porque elas dependiam.

Eu era um soldado quando fiz o acordo que deu início a tudo com ela, uma marionete, sem vontade, sem vida, apenas existindo por minha irmã. Era por ela que eu ainda fazia parte da guarda dos Volturi, por conta de uma promessa antiga dela. Os Volturi não poupavam esforços para nos lembrar que nenhum de nós fazíamos parte de seu clã, eu era apenas Alec lá. Sem identidade. Apenas uma arma. Nós protegiamos os Volturi: Aro, Marcus, Caius e suas esposas. E não éramos nada além de servos. Nenhum de nós. Nem mesmo Chelsea.

Jane havia encontrado o amor de sua vida e por mais que eu quisesse deixar Volterra para trás, eu jamais poderia tirar o irmão que ela tanto amava dela. E eu jamais iria me perdoar por despedaçar o coração de Jane. Contudo, agora eu sabia que Íris estava lutando por isso, por Jane, para conseguir que ela pudesse ser livre, e pela primeira vez eu tinha um motivo para querer ir embora. Eu tinha alguém.

Tudo havia mudado abruptamente, e eu sabia exatamente quando havia mudado, no carro, em nossa pequena corrida até Volterra, eu olhei de verdade para Renesmee pela primeira vez. Ela era livre, o sorriso dela era como o sol iluminando o dia. E então, no hotel, na noite em que conversamos, eu nunca havia falado minha história para ninguém, mas contei a ela. Tudo. Inclusive meu nome. Porque tudo em meu corpo pedia para que eu fizesse o que ela quisesse, o que ela pedisse. E no dia seguinte, ela havia derrotado tantos lobisomens, eu jamais vi um vampiro fazer o que ela fez, mas Renesmee fez. Ela os derrotou, sendo apenas metade de um. E ainda levou um lobisomem de refém. Como eu poderia não me render? Como eu poderia não me apaixonar? Era impossível.

Eu não julgava Nahuel, ou mesmo o lobinho metamorfo por gostarem dela. Renesmee não fazia ideia que eu sabia sobre as mensagens de Jacob, mas eu sabia, e sabia porque... Porque eu havia apagado algumas. Eu também apaguei o registro de ligações dele. Fiz isso em primeiro lugar, por quê como eu poderia competir com ele? Infelizmente, eu não pude fazer o mesmo com Nahuel, nós precisávamos dele. Eu sabia sobre o imprinting, porque havia observado os sonhos de Renesmee, todas as vezes em que ela dormiu sob minha vigilância eu havia segurado sua mão, eu não sabia o que esse gesto poderia fazer no início, eu a havia tocado sem querer uma vez e fui puxado para dentro de seu sonho. E desde então, eu repeti isso por todas as vezes em que ela dormiu. Era fascinante observar ela dormir, observar seus sonhos, observá-la.

Nós estávamos indo ao Empire Casino, para uma tarefa praticamente impossível. Esta noite não seria perigosa, ela seria implacável. E tudo que eu me importava era em proteger Renesmee. Porque não importava o custo, eu iria protegê-la.

Íris me encarou pelo espelho do retrovisor, se alguma coisa desse errado, ela iria fugir com Renesmee. Eu não havia contado isso para Ness, é claro. Mas era uma possibilidade, eu ficaria para trás e ganharia tempo para Íris e Renesmee.

Eu havia falado com minha irmã, ela sabia que Íris estava indo e tudo que ela sabia se limitava a isso. Porque ela jamais colocaria sua preciosa Jane em risco. Jane era tudo para Íris. Na verdade, ela não havia contado nem mesmo para mim sobre o que seu acordo com Michael se tratava, ela sabia que era perigoso demais. A única coisa que eu sabia era que Íris estava fazendo isso por nossa pequena família, por Jane. Eu amava Íris por isso, por cuidar de Jane, por fazê-la viver. Minha irmã merecia isso, porque Jane acima de todas as pessoas merecia ser feliz.

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