Olá, vovô

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Alec

Volterra ficava cada vez mais para trás.

Nunca pensei que poderia deixar a cidade por livre e espontânea vontade, mas aqui estava eu, em um avião repleto de vampiros e lobos a caminho da cidade mais chuvosa dos Estados Unidos. 

Havia um corpo também, em um saco para óbito no fundo do avião. Ninguém mencionou isso durante toda a viagem. 

À minha frente, Edward vez ou outra lançava olhares preocupados para a garota ao meu lado, ele se dividia em verificar a filha e dar apoio para a esposa. Bella estava paralisada ao lado dele, as roupas dela diferiam das roupas que ela costumava usar, pareciam saídas do guarda-roupa de uma adolescente emo com crise existencial. A blusa preta que cobria completamente os braços e o pescoço dela fazia camada com a camisa cinza que ela colocou por cima, combinados com a calça jeans e os tênis que ela vestia ninguém jamais diria ser casada, e muito menos mãe de alguém. Era quase como se Bella usasse suas roupas para se esconder. Ela era completamente diferente de Renesmee nesse quesito, porque não importava o quão quebrada sua filha estivesse, ela sempre estaria usando seu coturno branco e o seu sobretudo preto. Renesmee era a cópia de Alice nesse quesito, roupas para ela, eram armaduras.

Não tenho o talento de Edward, mas sei que Bella está se culpando por não ter conseguido proteger a mãe. Esse era o problema dela, sempre cuidando de tudo e todos, e quando algo dava errado, em sua cabeça era automaticamente sua culpa. Renesmee sempre me disse que ela era uma mãe excepcional, mas isso se dava ao fato de que Bella desde cedo havia sido obrigada a amadurecer e se tornar responsável por Reneé. Por isso, ser mãe aos dezessete não foi um desafio para a vampira, não quando ela já fora mãe a vida toda. Era triste, agora, Bella acreditava que falhara com Renée, porque Renée era “sua responsabilidade”. Deveria ter sido ao contrário. Não importava, era tarde demais para isso. 

Reneé se fora.

Edward acenou concordando com meus pensamentos. Ainda era estranho, ele sempre estava ouvindo. Antes de embarcarmos — no avião particular que Jasper conseguiu, os deuses sabiam como em apenas algumas horas — ele aproveitou a distração dos outros e me intimou para uma conversa. Edward me perguntou como Ness estava e me ameaçou sutilmente caso eu fizesse algo que a machucasse, por sutilmente quero dizer que ele disse que sabia destroçar um vampiro. O que posso dizer? Eu amo o espírito familiar dos Cullen. 

Quando chegamos a Port Angeles estava chovendo, não havia surpresa nisso. O pouso na pista do pequeno aeroporto internacional da cidade foi tranquilo, não que isso fosse um problema, podíamos ter caído no meio do oceano pacífico e isso só nos causaria um certo desconforto, nossa real questão foi ter aguentado horas com os pilotos e a comissária de bordo. Principalmente para Jasper, que era uma bomba relógio. A sede dele era difícil de controlar. Alice segurou sua mão durante todo voo, sempre o confortando e dizendo que tudo logo o voo iria acabar. Esme vez ou outra checava como seu filho estava, ela se sentou na frente dele e tentou lhe contar piadas, suas intenções eram boas, mas as piadas de Esme eram um fracasso. Emmett se compadeceu e fez infinitas piadas sobre tudo, até mesmo sobre as garotas lobos. A irmã de Jacob, Rachel, tinha o mesmo temperamento de Emmett, mas não se podia dizer o mesmo de seu marido Paul. Sinceramente, não sabia como Jacob o aguentava. 

Edward riu balançando a cabeça em negativa. 

Revirei os olhos. Adorava a privacidade que tínhamos com ele. Eu sempre vivia na corda bamba perto dele, nunca pensava em certas lembranças que tinha com Renesmee… O que era quase uma tortura. A mão dela repousou sobre a minha como se entendesse exatamente o que eu estava pensando. Virei meu rosto para ela e constatei a compreensão ali. É claro que ela entendia. 

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