O que faremos agora?

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Charlie está inquieto. Ele sabe que algo está errado, seus olhos estão atentos e desconfiados. O vinco em sua testa demonstra o quão concentrado ele está em estudar Bella e eu. Charlie também sabe que não deveríamos estar aqui.

— Como está a Sue, pai? — Bella perguntou cordialmente. 

— Ela está bem — ele sorriu ao falar dela. — Leah e Seth chegaram hoje de uma viagem que fizeram de última hora com os meninos da reserva. Sue foi até lá vê-los. 

— Fico feliz que você tenha ela, pai. Fico feliz de verdade — mamãe acompanhou o sorriso de Charlie. Ela adorava Sue por cuidar e amar seu pai, isso a fazia ficar menos preocupada com ele. 

Quando Sue se casou com Charlie, ela veio morar com ele e deixou a casa na reserva para seus filhos, já que eles precisavam ficar perto da alcateia. Entretanto, ela sempre ia à La Push com frequência, porque ela sabia como era difícil para Leah morar naquela casa. A morte de seu pai não era culpa dela, mas isso não significava que Leah não se culpava por isso. 

Eu jamais falaria isso para minha amiga, mas eu culpava Sam e Emily por isso. Se Emily não tivesse aceitado o imprinting de Sam, ela jamais teria magoado a prima e jamais teria ido naquele dia na casa de Leah tentar pedir desculpas por algo que ela não se culpava. Leah jamais teria se transformado e Harry jamais teria morrido no processo. Esse era um pensamento que eu guardava para mim. Era por essa razão que Leah odiava ser uma loba, não porque ela estava parada no tempo, ou, porque não poderia ter filhos; ela odiava ser loba porque isso havia custado a vida do seu pai. 

Como uma anciã e membro do conselho, Sue tinha uma teoria sobre a transformação da sua filha, ela acreditava que as mulheres que carregavam os genes do lobo precisavam ser expostas a uma situação de raiva extrema para se transformarem. Com a transformação de Emily, isso parou de ser apenas uma teoria para mim. 

A voz de meu avô me tirou dos meus pensamentos. 

— Bells, aconteceu alguma coisa?  — Senti as ondas de preocupação na voz dele. — Você costuma usar esse tipo de roupa quando está triste. — Ele apontou para as roupas dela. 

Bella lançou um olhar interrogatório para ele. Charlie apenas deu de ombros. 

— Sou sei pai, eu sei das coisas. Algo está errado, e você vai me dizer o que é. — Ele afirmou desviando o olhar para a janela. Vovô estava sentado no sofá de frente para a janela, mamãe e eu estávamos sentadas nas poltronas de costas para essa janela. 

— Queríamos conversar com você — Bella diz calmamente ignorando a pergunta que ele fizera. — Sobre algumas coisas importantes…

Charlie não esboçou nenhuma reação, esperando que ela explicasse. 

— Você lembra quando Jacob foi até você e explicou existirem certas… coisas? — Mamãe perguntou desajeitada, e Charlie assentiu. — Bem, eu disse que não poderia explicar muita coisa e que você precisaria aceitar que sua filha estava bem e que ela havia adotado uma criança. Você não fez nenhuma pergunta desde então… Simplesmente aceitou. 

— Porque era isso ou perder você, Bella — ele balançou a cabeça —, e eu não poderia perder você. Não de novo.

É claro, Charlie havia passado dezessete anos vendo sua filha apenas nas férias de verão. Ele perdeu tudo sobre ela. Perdeu seus primeiros passos, perdeu suas primeiras palavras, perdeu o primeiro dia de escola. Tudo. Ele não suportaria ser afastado novamente. 

Reneé era minha família e uma conexão com a minha humanidade, mas ela não foi uma boa mãe para Bella. Lembro da noite em que Alec me ouviu falar por horas disso, ele sabia tanto quanto eu que minha avó era... complicada.

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