Império

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Volterra, Itália.

Nosso mundo estava desmoronando, todos os dias vampiros estavam morrendo, a guerra realmente estava acontecendo, mas tudo que eu pensava era nela e em nossa pequena gata de olhos amarelos tão vividos.

E eu não podia nem mesmo sair deste maldito castelo. Não somente porque Aro não deixava, mas porque Caius fazia questão de visitar meu quarto todos os dias e me lembrar o que aconteceria se eu saísse.

As pessoas tinham a impressão errada sobre os Volturi, Aro era fácil demais, calmo demais, ele fazia de tudo para evitar uma luta. Marcus nem ao menos queria viver e tudo para ele era perda de tempo. Caius era o pior deles, ele era sádico, cruel, jamais oferecia misericórdia e era sempre ele a punir nossos infratores. Tudo para Caius era uma razão para uma execução, para uma tortura, ele gostava de presenciar quando eu precisava punir alguém. Ele era insano.

Minha família não sabia disso, jamais contei a eles. Tudo que contei é que o poder de Chelsea me prendia aqui, não era mentira, mas também não era toda a verdade. Eu fazia isso pela segurança deles, Íris mataria Caius apenas por me ameaçar, e Alec tentaria derrubar todo este castelo. Eu não poderia deixar eles se arriscarem assim, por isso, esperei pacientemente por séculos para uma oportunidade como esta.

Eu não era tola, a vantagem não era nossa, posso ser poderosa e Alec pode ser indestrutível, temos Benjamin com seus elementos e Daniel, o amplificador, mas eu sabia que isso não iria bastar. Nem mesmo todos os imortais que não paravam de chegar bastariam. Nem mesmo os mais talentosos. Os Filhos da Lua tinham mais vantagens do que qualquer um poderia imaginar.

A Cullen não conseguia ver muito sobre o futuro, aparentemente, ela não conseguia ver muito sobre espécies que ela nunca foi. Tudo que tínhamos era uma visão de que ganharíamos, mas isso havia sido há muito tempo. O futuro era volátil, mutável e imparável, não se podia controlá-lo, nem mesmo se tentasse. Nossas escolhas eram uma ilusão de poder, podíamos escolher não fazer mal para alguém, e então, este mesmo alguém nos lançaria em uma fogueira para queimarmos lentamente. O futuro podia ser cruel.

E eu sabia porque nada estava a nosso favor, suspeitava disso havia algum tempo, contudo, no dia em que Alec nos deixou eu tive certeza. Era impossível os lobisomens terem chegado tão longe sem a ajuda de vampiros.

Foi fácil demais raciocinar isso, como humanos completamente estúpidos entraram em um prédio cheio dos seus maiores predadores, segurando uma caixa contendo uma cabeça, quando eles eram naturalmente  impelidos a jamais chegar perto de nós? E como eles simplesmente não questionaram o que havia na caixa? Imortais talentosos eram a resposta.

Não ousei dizer meus questionamentos ou mesmo minhas respostas a Aro, ou a nenhum dos outros dois líderes.

Aro achava que eu era leal a ele, aos Volturi, mas esse era o problema com devoção sem questionamento, talvez você só não questione porque estisse cansada de tudo. E eu estava cansada. Eu sentia o poder de Chelsea em meus ossos agora, era quase como cair em um mar sem fim, seria fácil demais afundar nele, fácil demais me deixar levar pelas ondas, entretanto, alguém me puxava em direção a praia, alguém nadava comigo sem parar até um lugar seguro, e eu definitivamente me agarrava nela com tudo que eu era.

Chelsea era burra se achava que seu poder tinha efeito em mim e Aro mais tolo ainda, minha lealdade estava com Íris, minha alma, meu corpo, meus pensamentos. Tudo. Tudo era de Íris. E por nós duas, por nós duas eu fingiria mais um pouco, e então, nunca mais. Ela estava vindo, e eu finalmente tinha uma oportunidade de sair. Esta guerra era a oportunidade perfeita. Tudo que eu precisava era forjar minha morte. Fazer Aro acreditar que morri, e então, estaria livre. Livre para estar com ela.

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