Alec
Tudo estava desmoronando. O lugar que eu chamei de casa por séculos estava se deteriorando de dentro para fora. E eu era um dos culpados por isso. O império meticulosamente criado por Aro estava aos pedaços. Eu era grato aos Volturi por me salvarem, mas o rancor por minha própria vontade ter sido arrancada de mim e de minha irmã era maior. Aro podia ter nos salvado mas nos atormentou com a mesma intensidade.
Jane e eu somos resultados de uma fusão tão profunda da dor fervente do fogo e da lapidação perfeita de Aro, Marcus e Caius. Por séculos fomos exatamente aquilo que eles queriam, mas não mais.
No começo, Jane tinha apenas um trabalho: punir quem merecia. Isso não era difícil para uma garota que tinha acabado de ser atirada injustamente em uma fogueira ardente. Tudo que ela queria era que as pessoas sentissem a dor dela. E aquelas pessoas, as que ela estava punindo mereciam aquilo, ou pelo menos, era o que Caius dizia. Depois de um tempo, Jane percebeu que havia algo de errado com o que eles estavam fazendo. Caius ultrapassava o limite. Ele torturava imortais e realmente gostava daquilo. Às vezes, o crime não era nem de longe tão severo para infligir toda a punição que ele causava. Jane não o questionou no início, ela precisava daquilo, descarregar toda sua dor. Quando Jane se curou o suficiente para notar que o que Caius a pedia para fazer não era certo, já era tarde demais. Todos já a enxergavam como uma cópia dele. Sádica. Cruel. Impiedosa E, sinceramente, para ela era melhor ser vista dessa forma do que como a garota inocente que gosta de colher flores na floresta. Aquela garota foi covardemente amarrada a uma estaca e queimada. Jane jamais gostaria de ser vista daquela forma novamente.
Como minha irmã, eu também me blindei com mentiras. Se Jane era cruel, eu era perverso. Aro queria duas armas letais? Ele as conseguiu. Jane e eu nos tornamos arsenais de guerra para os Volturi. Com o passar dos séculos, isso já não era mais uma mentira. Nossa tarefa era proteger o mundo sobrenatural, e fizemos isso.
Minha forma de lidar com traumas é diferente da forma que meu pequeno Lírio lida. Jay quer externar sua dor de forma brutal. Se Aro não tivesse matado todos em nossa vila, Jane os teria matado. E ela não seria nada misericordiosa com eles, seria uma lenta e dolorosa morte. Mas eu não era dessa forma, eu simplesmente não lidava com nada. Meu talento era um reflexo de minha personalidade. Até Renesmee aparecer, o único sentimento com o qual eu era familiarizado era a apatia e o amor por minha família. Nada além disso.
E então, ela chegou.
Todos tinham medo de mim, mas não ela. Jamais ela.
Renesmee olhou para dentro de mim, para quem eu era e não teve medo. Confiou em mim. Se tornou minha amiga. Me amou. E deus, eu a amei também.
De repente, não era apenas uma guerra, era uma chance de ser feliz e lutar pelo que eu acreditava. E eu lutaria por isso. Por elas. Por nós. Por Jane, por Íris, por minha Ness.
— A lua cheia é daqui a dois dias — minha irmã encarava a noite sem fim.
Apoiei minhas mãos nas ameias da torre. A lua cheia estava finalmente aqui. Isso vinha me assombrando por dias.
— Quando partiremos? — Perguntei.
Jane se virou para mim. Seu capuz perfeitamente encaixado em sua cabeça. Ela poderia facilmente ser apenas um fantasma.
— Amanhã. — Ela passou a mão no brasão dos Volturi em seu pescoço. — Vamos partir em grande estilo. Quero que se lembrem de nós.

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Lua Negra
FanfictionUma nova guerra se aproxima, e dessa vez os Volturi serão obrigados a pedirem ajuda ao segundo clã mais poderoso do mundo: Os Cullen. Vampiros estão morrendo a cada dia mais. Os lobisomens retornaram, não os metamorfos Quileutes aliados dos Cullen...