A viagem

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Estávamos quase no limite de velocidade, a 300km/h. Aquilo era incrível. Alec não tirava os olhos da estrada, embora eu soubesse que ele podia ver tudo, ouvir tudo, ele sabia que os outros estavam logo atrás dele e sabia que eu estava dando olhares furtivos para ele vez ou outra. Nós não trocamos uma única palavra. Ainda bem. Isso tornava tudo mais fácil, mas ainda assim… Alec era uma quebra cabeças para mim, e eu definitivamente iria desvendá-lo.

Havia uma pequena possibilidade de sermos atacados hoje, todos estávamos alertas. Eu rezava para que não precisássemos entrar em combate corpo a corpo hoje. Eu esperava que nossos talentos fossem suficientes. Teriam que ser.

Na velocidade em que estávamos não demoramos muito para chegar ao aeroporto de Sitka Rocky Gutierrez, ele era... Rústico, por falta de uma palavra melhor. Mas era o aeroporto mais próximo que tínhamos e nós definitivamente não poderíamos arriscar gastar um tempo que não tínhamos nos locomovendo até outro aeroporto. Aquele teria que bastar.

Minha família chegou poucos segundos depois de mim. Alice foi a primeira que vi saindo do carro, logo em seguida os outros.

Alec abriu sua porta e rapidamente estava lá fora conversando com quem eu acreditava ser o piloto.

Uma pessoa pequena entrou no carro, rápido demais para que eu pudesse tirar minha atenção de Alec.

— Gostou do passeio?

Eu encarava Jane perplexa, como ela podia ser tão pequena e furtiva?

— Adorei. Principalmente na companhia do seu irmão adorável e amável e nada assustador.

Jane riu, no banco que seu irmão ocupava até alguns minutos atrás.

Franzi a testa, aquilo era incomum. Pelo que minha família sempre me contou, os gêmeos não eram assim tão receptivos, eles nunca riam e nunca agiam dessa forma com ninguém. Era quase como se Jane quisesse que eu gostasse dela. Eu certamente estava ficando louca, porque Jane era cruel, não era? A voz dela me tirou de meus pensamentos alucinógenos. 

— Você ia se surpreender em quão incrível Alec pode ser, mas é claro, não que eu queira que isso aconteça.

Olhei involuntariamente para Alec, e só agora percebi que o piloto era humano. Um piloto humano, em avião lotado de vampiros, que sorte aquele homem teve. Eu esperava que ninguém perdesse o controle, odiaria ter que nadar todo o oceano pacífico até a Itália.

— Venha. — Jane disse saindo do carro. — Nosso avião já vai decolar.

Nosso avião? Vocês. Tem. Um. Avião.

Por algum motivo, Jane não ficou surpresa quando projetei meus pensamentos para ela. Gostei.

— Claro, bobinha, vocês não têm um? Pensei que fossem ricos.

Não, é claro que não temos, eu disse indignada.

Ter um avião particular era uma ideia boa para quem morava sempre no mesmo lugar, minha família e eu estávamos sempre nos mudando. Até mesmo a imortalidade cobrava seu preço, sempre teríamos que recomeçar. Sempre teríamos que nos mudar.

Saí do carro, peguei a chave, abri o porta-malas e andei calmamente até onde estava minha família. Os outros da guarda Volturi também estavam aqui, Demetri parecia concentrado... Concentrado até demais. Olhei para o rosto de meu pai e vi que ele sabia do que tratava.

Demetri foi até Jane e acenou com a cabeça para ela, algo estava acontecendo.

Meu pai sussurrou:

— Há pelo menos dez lobisomens aqui.

— Como? — Esme perguntou chocada.

Alice parecia mais surpresa que Esme ou qualquer um de nós, até mesmo seus poderes tinham limites. Ela conseguia ver claramente o futuro de vampiros, principalmente aqueles que eram próximos a ela. O futuro dos humanos era um pouco mais difícil de ver, mas ainda sim, possível, principalmente se houvesse um laço. Mas Alice não podia ver muito sobre meu futuro, ou sobre o futuro dos lobos, ou mesmo dos lobisomens. Tudo era subjetivo.

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