Íris

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Havíamos deixado a Itália há horas atrás, estávamos onde eu achava ser a França. Por tudo que eu sabia, poderíamos estar na Suíça também. Talvez estivéssemos na divisa entre os dois países. Alec estava me guiando. Dizendo para qual caminho eu deveria ir, ou qual curva eu deveria fazer.

Michael havia acordado trinta minutos após eu ter o sequestrado, para minha infelicidade, lobisomens podiam se recuperar rápido demais.

Alec estava privando Michael, era incrível e assustador de se ver. Michael não se movia, seus olhos pareciam ocos e vazios, tentei mexer nele uma vez, foi o mesmo que tocar em alguém morto; nenhuma reação. Qual seria a sensação?

Balancei a cabeça, precisava me concentrar, Alec eu havíamos trocado de lugar, eu estava dirigindo para que ele pudesse cuidar de Michael. Aquela poderia ser nossa chance de ter alguma vantagem.

— Chegamos — Alec saiu do carro e retirou Michael também.

Nós havíamos concordado que iríamos precisar de um local seguro e distante para fazer aquilo. Não podíamos correr o risco de estarmos sendo seguidos. Alec disse que tinha uma amiga em quem poderíamos confiar. Eu não gostava nada da ideia, é claro, Alec era chamado de gêmeo do mal por quase todos que eu conhecia, que tipo de pessoa se disponibilizaria para ser sua amiga?

A casa foi difícil de encontrar, eu achava que morava na floresta, que sempre estive em contato com a natureza, acho que a amiga de Alec levou esse conceito a sério demais, ela morava dentro da floresta. Sem estradas, precisaríamos correr até lá.

Se não fosse pelo momento e as companhias que eu tinha, aquela corrida iria ser perfeita. As árvores, os animais. À direita, vi o exato momento em que uma flor desabrochou. Sorri. Ser imortal tinha suas vantagens. Podíamos ver coisas como aquelas, coisas que eram invisíveis para humanos. Os passos de Alec a minha frente diminuiriam. Acho que chegamos.

Arfei.

À minha frente estava a casa mais linda que eu já vira na vida, parecia saída de um dos contos de fadas que minha mãe costumava contar para eu dormir. Era linda.

Havia uma ponte que passava por um riacho alguns metros antes da casa, passamos por ela e parei logo atrás de Alec. Ele foi até a porta e deu duas batidas rápidas e uma longa. Obviamente era um código.

Ouvi passos atrás da porta e ela se abriu. A mulher era a mais linda que eu já havia visto. O rosto dela parecia esculpido à mão. Ela era perfeita. Não havia sol naquela manhã, mas eu podia jurar que a pele marrom da mulher brilhava mesmo assim. Seus cabelos negros estavam trançados. Seus lábios se curvaram em um sorriso.

— Olá, Íris — então esse era o nome dela? Alec não havia o pronunciado até aquele momento, percebi.

Os olhos da mulher foram de um lado para o outro, como se procurasse alguém que não estivesse aqui. Seus olhos eram tão vermelhos quanto os de Alec, seu rosto era jovem mas haviam anos; séculos ali. Íris repousou seu olhar em Alec.

— Ouvi seus passos, onde está Jane? — Então era Jane quem Íris continuava procurando, era quase como se ela esperasse que Jane fosse surgir do chão.

— Jane está em Volterra, Íris. Estamos em guerra, um de nós tinha que ficar…

Íris apenas assentiu, mas seu olhos… eu podia vislumbrar o desapontamento ali. Íris obviamente gostaria que fosse Jane em sua porta. Não Alec.

Íris pareceu reparar no lobisomem que Alec segurava.

— Por que você está carregando um lobisomem, Alec? Consegui sentir o cheiro dele há centenas de metros. Pensei que eles estivessem extintos. Você os está caçando?

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