Lua Negra

Similis Animarum

Os sons foram embora.

Alguém estava me sacudindo sem parar, eu sabia disso porque eu sentia meu corpo balançar freneticamente, mas quem? Eu não conseguia entender, não conseguia pensar. Eu ainda estava gritando? Eu não sabia. Tudo que eu conseguia processar era Alec caído no chão. Seus olhos fechados como se ele estivesse dormindo, exceto que não estava.

Isso deveria ser impossível.

Eu senti minha alma desmoronar, a dor que percorria em mim me dilacerava. Eu estava estilhaçada.

As lágrimas que eu raramente derramava começaram a cair por meu rosto. Essa visão era real? Será que tudo isso era um pesadelo?

Alguém agarrou meu rosto e me obrigou a olhar para seu rosto.

Isso podia ser muitas coisas, mas um sonho ruim não era uma delas.

— Renesmee.

Eu não ouvia o som do meu nome — na verdade, eu não ouvia som nenhum —, mas eu podia dizer que era exatamente isso que a pessoa estava dizendo. A forma que os lábios da pessoa desenharam meu nome era singular. Eu conhecia aquela pessoa.

— Renesmee — a pessoa repetiu.

Algo estava diferente. Ninguém estava mais me sacudindo. Não. Contudo alguém estava definitivamente me segurando, talvez mais de um alguém. E estavam me segurando porque o rosto à minha frente tentava desesperadamente me acalmar.

Os olhos incrivelmente dourados e brilhantes chamaram a minha atenção. Eles eram lindos.

— Preciso que foque em mim, Renesmee — a voz era grave, mas escondia um certo desespero.

Inspirei.

Suspirei.

O rosto pálido dele começou a entrar em foco.

Inspirei.

Suspirei.

Os sons a minha volta retornaram.

Inspirei.

Suspirei.

Uma garota loira estava ao lado de Alec no chão. Ela estava completamente desesperada e gritando com quem quer que tentasse tirá-la de perto dele. Jane. Era Jane ao lado de Alec.

Voltei os olhos para a pessoa, a minha frente, a que tentou me acalmar.

Meu pai.

Ele balançou a cabeça assentindo, e passou seus braços por meu corpo. A batalha fluía ao nosso redor.

Minhas lágrimas manchavam a camisa dele.

Um lobo preto mexia desesperadamente com seu focinho no corpo de Alec.

— Não. Não. Não. Não. — Catarina repetiu diversas vezes segurando o rosto de Alec. — Acorde!

Ela murmurou palavras em um idioma que não reconheci, mas Alec não abriu seus olhos.

Me desvencilhei de Edward sem pensar exatamente no que eu estava fazendo, e corri até Alec.

— Por que ele não acorda!? — Perguntei a Catarina.

Ela levantou o rosto para me encarar.

Contudo, ela jamais teve a oportunidade de responder porque outra pessoa se abaixou ao meu lado e respondeu.

— Porque a vida é algo difícil demais de se manipular. O lobo estava morrendo, o feitiço deveria ter sido feito por dois bruxos experientes. Não por um vampiro que não sabe nada sobre magia — Myra disse.