Ventos de guerra

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Eu não acreditava no que os meus olhos estavam vendo. Aqui não parecia como um esgoto, pelo menos não como o que vimos lá em cima, parecia uma cidade perfeitamente entalhada embaixo da terra. As paredes eram feitas de um material irregular tão antigo que eu não poderia dizer ou reconhecer do que aquelas eram feitas. Meus olhos repousaram sobre os arcos de base e colunas que haviam por todo o lugar para segurar a estrutura. Pessoas iam de um lado para o outro, rindo e cochichando. Eles cheiravam como Michael, exatamente como Michael. Para mim, pelo menos.

— Me sigam — Michael ordenou.

Sem hesitar, Alec e eu começamos a segui-lo. Por onde passávamos as pessoas inclinavam a cabeça respeitosamente cumprimentando Michael. Entretanto, eles não pareciam dar a mínima para nós. E foi só por isso que percebi, e só me dei conta disso porque Alec estava tão tenso ao meu lado; eles eram a ameaça, não nós. Uma única mordida e Alec estaria morto.

Apesar disso, uma quietação reconfortante recaiu sobre mim. Eu estava aqui para lutar por cada um deles, por um mundo melhor para nós. Michael sabia disso tanto quanto eu. Ele sabia meus motivos para estar aqui, sabia que ele era um desses motivos. 

Não dissemos uma única palavra enquanto Michael nos guiava por corredores escuros e vazios. Nós apenas demos as mãos e nos seguramos um ao outro.

Paramos em uma grande porta marrom antiga, muito antiga. Eu poderia dizer que aquela porta estava ali há mais séculos do que o vampiro mais antigo do mundo.

— Acho que vocês já conheceram minha irmã favorita — mesmo de costa para mim, eu pude ver o sorriso que se formou na boca do lobisomem enquanto ele abria a porta à nossa frente.

Alec e eu nos entreolhamos confusos.

— Você fala como se eu não fosse sua única irmã, starší brat— a mulher de costas  zombou em um esloveno perfeito.

starší brat.

Irmão mais velho.

— Você não devia me dar os parabéns? — Michael deixou que nós passássemos pela porta. — Afinal de contas, você me deu uma missão, eu a cumpri. Eles estão aqui.

— Parabéns meu doce e ridiculamente proativo, Michael. — Os ombros dela subiram e desceram com certo desdém. — Parabéns por não ter feito mais que sua obrigação.

A mulher se virou para nós.

Perdi o ar quando a vislumbrei.

— Onde estão os meus modos? — Ela sorriu. — Sou Lupa, a líder dos Filhos da Lua. Prazer em conhecê-los.

Pisquei incrédula.

Pisquei novamente.

Aquela era a Lupa?

— Prazer em conhecê-la — Alec respondeu por nós dois. — Embora eu desconfie que você já estava de olho em nós antes.

— Garoto inteligente — ela apontou um dedo para ele e logo o retraiu de volta.

Ela se virou para seu irmão, levou a mão até o peito com uma indignação fingida.

— Você não disse que eles eram tão lindos pessoalmente, Michael, estou desapontada.

— Eu estava tentando convencê-los a mudar de lado, não estava preocupado com a aparência deles — Michael respondeu como se fosse óbvio de mais.

— Nós sequestramos você, e você diz que era você quem estava tentando nos fazer mudar de lado quando foi você que deliberadamente nos entregou várias informações — eu dei um passo à frente e Alec segurou minha mão me impedindo de avançar.

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