Capítulo 37

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ALERTA GATILHO: SUICÍDIO

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ALERTA GATILHO: SUICÍDIO

Ele parece pensar, como se estivesse se conectando com alguma parte dentro de si, uma parte escondida. Seu olhar distante diz que ele não gostaria de se aproximar dela.

Talvez eu devesse ter ficado calada. Talvez eu não devesse ter quebrado o clima calmo e harmonioso em que estávamos, do mesmo jeito que as ondas estão se quebrando a distância. Me arrependo de ter feito aquela pergunta e aberto qualquer que seja a ferida que Ben ainda tem.

— O nome dela era Mia. — revela e meu coração para. — Eu lembro… — ele respira. — Eu lembro que minha mãe gostava de brincar de se esconder comigo… Nós… Nós fazíamos isso sempre. Meu pai trabalhava muito e mal ficava conosco. Então, éramos só eu e ela, na maior parte do tempo.

Um sorriso triste nasce naqueles lindos lábios. O vento passa por nós como se também quisesse varrer aquele sentimento para longe dele.

— Eu tenho medo de esquecê-la por completo, Kate-Kate. — sussurra.

Oh, Ben!

Me quebra ver a dor que vejo em seus olhos e, mesmo com os dedos trêmulos, pouso minha mão em seu ombro, esperando que eu possa de alguma forma, mostrar que não quero que ele esconda nada, mas que me mostre seus demônios e medos.

— Numa noite em que papai se atrasou para o jantar, mamãe e eu fomos brincar de se esconder. Já fazia duas semanas que ele não aparecia para jantar e eu percebi o que isso fazia com ela. Meu pai a amava, mas o trabalho vinha em primeiro lugar, sempre.

"Naquela noite, antes da brincadeira, ela disse  que me amava e me pediu perdão várias vezes. Também disse para eu cuidar com carinho do seu violão. Fiquei confuso com suas lágrimas e não lembro o que ela disse para me acalmar. Eu só queria brincar. Estava tão feliz que não vi o quanto mamãe estava infeliz. Eu fui um estúpido. — Ben solta um suspiro trêmulo e brinca com a xícara em sua mão.

Na minha mente, discordei dele, mas deixei-o continuar. Ele precisava continuar.

— Então, ela me mandou me esconder. Lembro de ter ficado muito tempo escondido até eu ir procurá-la.

As mãos de Ben começam a tremer e meu coração martela no peito. O barulho das ondas parece ficar mais alto, como se o mar estivesse se solidarizando com a dor daquelas palavras.

— Eu a encontrei… no banheiro de seu quarto. Era tanto sangue. De início, eu não me mexi. Apenas fiquei olhando para a cena da minha mãe morta no chão do banheiro.

A voz dele embarga. Meus olhos começam a arder e aperto minha mão em seu ombro. Não, não, não, não, não.

— Ela se matou com uma lâmina que perfurou os pulsos e o pescoço. A lâmina… que meu pai procurava há tempos. — Lágrimas silenciosas rolam pelo rosto de Ben.

Como se Fosse Verdade - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora