Capítulo 15

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— Rose? Rose, você está me ouvindo?

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— Rose? Rose, você está me ouvindo?

Minha amiga estava no pequeno sofá do meu quarto, distraída passando a mão pelo braço.

— Sim? Desculpe, o que disse? — Ela volta de seu estado de estupor, mas ainda parecia estranha.

— Você está bem?

— Sim, claro. Sobre o que estávamos falando? — se ajeita no sofá e parece pronta para ouvir o que eu disser.

— Tem certeza de que está tudo bem? Você parece estranha.

— Estranha? O que você quer dizer? — remexe-se desconfortável.

— Digo, você não parece ser você.

Ela bufa.

— Bobagem. Não estou estranha coisa nenhuma.

Talvez fosse coisa da minha cabeça, mesmo.

— Se você diz. Eu estava falando sobre minha aula com Ben, no Mazarick.

— Sim, sim, disso eu lembro. A aula no seu banco de praça favorito. Por falar nisso, qual é a do banco? Nunca entendi porque você o considera tão especial.

— Bem, nas primeiras vezes que eu ia ao Mazarick, notava que aquele banco estava sempre vazio. Isso me chamou a atenção porque tinha uma vista tão linda para o lago, mas parecia que ninguém notava a presença dele ali. Não me lembro exatamente quando, porém decidi sentar naquele banco e assistir ao pôr do sol. Foi a coisa mais linda que já presenciei. Aquele lugar tem uma atmosfera tão cheia de paz e tranquilidade, que até hoje busco refúgio ali.

— Eu não sabia que você gostava do banco tanto assim. É bizarro, mas legal. — dou risada. Rose volta a acariciar o braço. — E o que aconteceu entre vocês?

— Nada demais. Nós conversamos e foi bom. Ben me contou um pouco sobre a vida dele, mas não demais. Acho que tem muito mais se passando naquele coração e o cara apenas não fala sobre isso. Talvez com ninguém. Ele nunca mencionou outras amizades, apenas o seu vizinho e a sra. Flora.

— A velha chata da padaria?

Balanço a cabeça. — Essa mesmo.

— Puxa! Quem diria?

— Pois é. Sei lá, talvez ele precise de alguém da idade dele com quem possa conversar. Não sei se é algo da minha cabeça, mas às vezes, é como se eu sentisse que Ben esconde uma dor profunda. Quando olho nos olhos dele por tempo suficiente, vejo tristeza e a barreira que ele construiu para esconder isso.

— Talvez todos nós fazemos o mesmo. — diz ela passando, novamente a mão pelo braço.

Penso um pouco sobre a questão que Rose levantou e percebi que aquela era uma grande verdade. Eu fazia aquilo o tempo todo e às vezes nem percebo que faço. Que hipócrita eu era.

— Eu tenho que ir. — diz se levantando.

— Ok. Te vejo amanhã?

— Na verdade, acho que não vou amanhã.

— O que? Por que?

— Eu... Preciso fazer umas coisas.

— Que tipo de coisas, Rose?

— Nada demais. Vejo você depois.

— Espera! —  Mas ela já havia fechado a porta.

O que está acontecendo com Rose? Sem pensar, me levanto da cama e vou atrás dela.

— Rose! —chamo enquanto desço as escadas.

— Ela já foi. Está tudo bem? — Minha mãe aparece no corredor da porta de entrada.

Vestia o seu moletom cinza com camisa branca por baixo.

— Não sei. Ela estava estranha.

— Bom, eu... Eu queria falar com você. — Ela parecia nervosa.

Seja lá o que for, não acho que quero saber do que se trata.

— Mãe, tenho que ir agora. Eu...

— É rápido. Só queria avisar que o Richard vai jantar com a gente amanhã.

— O que?

— Vamos lá, filha. Se você o conhecesse, saberia que ele é um cara legal.

— Legal como todos os outros?

— Kate, não comece. Apenas vim avisar sobre o jantar. Você querendo ou não, ele vai acontecer e você estará presente. — Ela se vira e caminha até a cozinha.

— Espera aí. Então quer dizer que não tenho escolha? Onde está a porcaria do livre arbítrio? — sigo-a.

— Olhe como fala. — vira-se para mim. — Está combinado, Kate. Você vai jantar conosco amanhã e fim da história.

— E se eu não quiser conhecê-lo? E se ele fosse um idiota que...

— JÁ CHEGA! — Me assusto com sua raiva. Dou um passo para trás. — Não vou tolerar seus insultos. Richard é um bom homem e muito gentil. Conheça-o e poderá dizer alguma coisa sobre ele. Eu sei que errei, Kate, mas também mereço uma chance. Você não irá estragar isso para mim. Te espero no jantar de amanhã. — dá meia-volta e segue para o jardim atrás da casa.

Quando a porta da cozinha bate, solto minha respiração. Desta vez, passei dos limites. Não sei o que acontece, mas ficar com minha mãe, por mais de 2 minutos, me relembra dos maus momentos e perco o controle.

Eu irei ficar para este jantar. Espero, desesperadamente, que tudo dê certo e que esse Richard seja uma boa escolha. Senão... Suspirando, volto para o meu quarto. Senão não sei se um dia poderei perdoar minha mãe por tudo o que já me fez passar.

Como se Fosse Verdade - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora