- Yoon... eu sei lá... Conversei com seu pai, e eu entendo ele um pouco. – Olhei para o rosto da mais nova tentando encontrar as palavras. – É tudo muito novo para ele, afinal ele ficou sabendo não por nós, mas por uma terceira pessoa. Acho que ele vai amenizar com você agora, mas devemos ter paciência e calma.
- Eu não acredito que você está defendendo o meu pai. – Ela olhou para mim incrédula.
- Não é questão de defender, não estou dizendo que ele está certo, mas cada pessoa reage de um jeito. – Olhei em direção ao rio recordando o meu passado. – Sabe... quando meus pais descobriram sobre mim, minha mãe surtou, meu pai já foi o oposto. A princípio meu pai nem tocava neste assunto, era como se nada tivesse acontecido, enquanto minha mãe, ela não cansava de passar na minha cara que eu só dava desgosto e que era uma má filha.
- Eu sei, mas não justifica ele ter me prendido, batido em mim e me tratado daquele jeito. – Heyoon falava com o pensamento longe, como se estivesse lembrando de algo.
- Eu sei Yoon, não estou dizendo que ele está certo ou foi certo o que ele fez, mas foi a reação dele por não saber o que estava acontecendo, pela maneira que descobriu, por achar que eu abusei da hospitalidade e confiança dele... infelizmente ele descontou a raiva que tinha em você já que ele não podia descontar em mim. Sei que não foi como você esperava, ele errou e muito com você, foi babaca. Era perceptível o quanto ele estava transtornado com isso e desnorteado, ele perguntou até como meus pais reagiram... – Olhei para minha namorada para que ela entendesse que eu não estava defendendo o pai dela. – Só estou dizendo que reagimos diferente em determinadas situações, hoje consegui conversar com ele, e ele pareceu ficar pensativo com o que falei, tenho certeza que ele está arrependido do que fez com você, o problema dele era comigo Yoon e não com você. – Me ajeitei no lugar para olha-la melhor. – Eu só acho que devemos ir com calma e ter paciência com ele, não podemos apressar as coisas.
- Eu esperava que ele reagisse de outra maneira... Sabe, ele é meu pai, sempre foi tão aberto e compreensivo. – Ela falou abraçando os joelhos e apoiando sua cabeça.
- Entendo Yoon, as vezes as pessoas que mais amamos se comporta de uma maneira que nunca imaginaríamos ou esperaríamos, eu te entendo. – Olhei intensamente para seus olhos – Vamos superar isso ok?! – Pousei minha mão na lateral do seu rosto.
- Tudo bem... – Ela suspirou e se aproximou mais de mim.
A conversa com o pai da Heyoon me deixou pensativa, comecei a pensar nas palavras dele. Embora Yoon não fosse tão menininha como o pai achava, ainda assim ela era nova e não havia criado suas próprias experiências, até porque não tinha liberdade de viver, e está liberdade, ela iria ter assim que se mudasse, eu já estou em outra fase da vida, em outro momento, já tive minhas experiências e não quero que no futuro ela venha a dizer que deixou de fazer alguma coisa por minha causa. Talvez isso seja paranoia minha, as palavras do senhor Jeong não deveriam ter me afetado tanto, mas não sei porque depois que sai de lá comecei a pensar nestas coisas.
POV KIM JEONG
Peguei meu telefone e informei a minha secretaria que iria sair a tarde, e que ela deveria cancelar toda minha agenda. Depois da visitinha da Sina tirou minha concentração para o trabalho, devo confessar que aquela menina me deixou pensativo.
Acho que ninguém espera que sua filha seja lésbica, ou bi, ou que sei filho seja gay. Essa notícia me pegou desprevenido, e realmente não sei como lhe dar com esta situação, o que me deixou mais chateado foi a maneira que descobrimos. A minha esposa não fala nada, é como se ela esperasse um posicionamento meu. Eu realmente quero entender minha filha, sempre presei pelo diálogo, mas algo tomou conta de mim ao saber que ela namorava a filha do Adam, e o pior, fiquei sabendo pelos outros. Que tipo de pai eu era? Heyoon tinha tanto medo de mim assim a ponto de não confiar algo desse tipo? Por que eu não apoiei minha filha, porque fui tão idiota? Acabei amedrontando minha filha.
- Tchau senhor Jeong, até amanhã. – Minha secretaria falou enquanto eu fechava a porta da minha sala.
- Pode sair mais cedo hoje Senhorita. – Dispensei minha secretaria pelo resto do dia.
Eu realmente precisava sair do escritório, preciso conversar com alguém que tenha passado pela mesma coisa que estou passando, e sei perfeitamente com quem eu poderia conversar sobre isso, afinal, éramos amigos antes disso tudo acontecer.
Fui direto para a sala do meu antigo amigo, como tinha acesso liberado até então na empresa, só fiz questão de ser anunciado pela secretaria dele, assim não o pegaria totalmente de surpresa.
- Kim o que faz aqui? – Ele falou surpreso. – Se veio aqui para agredir verbalmente...
- Não vim para isso Adam, - Falei cortando sua fala - vim como amigo, e como amigo, eu preciso de ajuda.
- Ajuda? Em que posso ajudar? – Ele falou mostrando a cadeira a frente dele para que eu me sentasse.
- Adam, eu realmente não sei como você consegue lhe dar com essa situação, eu quero entender, sei que posso falar com você, não quero ser o que os jovens chamam de babaca, escroto... e todos esses termos – Falei sincero para o meu amigo o que pareceu choca-lo.
- Acho que temos muito o que conversar então meu amigo... Vou pedir um café para nós dois.
- Obrigada Adam. – Fui sincero ao agradecer meu amigo.
- Só tem mais uma coisa antes de começarmos... – Ele tomou uma postura mais séria.
- O que? – Não entendi a mudança do Deinert.
- Se depois da nossa conversa você ameaçar novamente minha filha, esqueço que somos amigos e você sabe como resolvo meus problemas... – Ele falou com o velho ar convencido ao qual Adam Deinert possuía, engraçado que consegui ver este mesmo ar de superioridade na Sina.
- Me desculpe por isso velho amigo, a raiva falou mais alto no momento, garanto que nunca iria fazer mal a sua filha. – Falei sincero e vendo o meu amigo relaxar a minha frente.
POV HEYOON
Percebi que Sina estava pensativa, não sei direito o que rolou entre ela e meu pai naquele dia, mas ia esperar, se ela quisesse conversar e falar com detalhes sei que ela falaria quando estivesse pronta.
Não demorei muito com ela, até porque não sei com que humor meu pai chegaria em casa. Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, assim como estava fazendo nestes últimos dias. Não vi nem quando meu pai chegou em casa, o medo de escutar alguma coisa ou ter outra discussão com ele era grande.
- Heyoon posso entrar? – Escutei a voz do meu pai atrás da porta, estava quase pegando no sono. – É importante.
- Pode entrar pai... – falei sonolenta.
- Filha... não quero brigar. – Meu pai entrou em meu quarto como se tivesse pisado em ovos. – Só quero conversar com você. – Ele falou entrando em meu quarto enquanto eu me ajeitava na cama.
- Eu também não quero pai... – Falei sincera.
- Hoje foi um dia bastante interessante... – Ele falou coçando o queixo, como se estivesse lembrando do acontecido. – Posso? – Ele apontou para cama querendo sentar.
- Pode pai, claro. – Afastei-me na cama para que ele sentasse.
- Sabe filha... – Ele começou a falar sem jeito – Sei que venho sendo um babaca com você e ando pegando pesado com você nestes últimos dias... eu queria te pedir desculpas... – Ele falou cabisbaixo, não esperava que meu pai viesse falar comigo, a surpresa pelo pedido ficou estampada no meu rosto.
- Eu...
- Filha... – Ele me interrompeu antes de eu começar a falar – Eu percebi que você não é mais aquele bebê que eu protegia Yoon, e que eu só posso desejar que você seja feliz... independente de com quem seja. – Ele suspirou antes de continuar. – Eu me deixei levar pela emoção, o fato de saber que você gosta de meninas por outra pessoa... isso me deixou apavorado, não sabia como lhe dar com a situação filha, e quero te pedir desculpas por isso... Eu sempre ensinei a você e a sua irmã a resolverem as coisas dialogando, e olha o que eu fiz? – Ele levantou o olhar para me encarar pela primeira vez desde que ele havia entrado no meu quarto. – Foi feio néh?
- Pai... eu te perdoo. – Foi só o que consegui dizer enquanto eu chorava. – Posso te abraçar?
- Claro filha. – Me joguei nos braços do meu pai recebendo aquele carinho que a alguns dias já não tinha mais.
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Cor de Marte
Hayran KurguSina é uma jovem estudante de direito em seu último ano. Com o fim do curso surge as preocupações, vida profissional, Exame da Ordem, Trabalho de conclusão de curso... entre outras. Em meio a todas estas preocupações ela conhece alguém, uma pessoa q...