Quase três semanas se passaram desde o acidente e eu ainda não sabia e não entendia o que estava acontecendo comigo, era muita informação. A única coisa que se tornava mais certo na minha vida era a perda permanente dos movimentos das minhas pernas, o médico havia dito que hoje viria fazer uns exames, ele falou que eu teria que ter calma pois estava muito inflamado e por ser uma lesão que ainda não sabíamos a extensão do dano causado pelo acidente teríamos que ter paciência.
Minha mãe não tem vindo me ver, acho que meu pai deve ter falado alguma coisa com ela. Heyoon vem todos os dias, mas é torturante, eu vejo em seu olhar, vejo que ela não sabe o que fazer ou o que falar. Isso me faz pensar muito, afinal, se eu não voltar a andar? Não vou querer prender Heyoon nesta situação, ela é jovem e tem uma vida toda pela frente, ela desistiu de ir para Miami e continuar aqui por minha causa, o que não me agradou nada em saber que ela está adiando seus planos por minha causa.
- Você está bem filha? – Meu pai me perguntava pela milésima vez.
- Sei lá pai... eu me sinto estranha... – Falei um pouco zonza. – Eu acho que estão me dando muito remédio pai...
- Por que você está dizendo isso Sina? – Ele disse com um olhar preocupado.
- Eu estou com muito sono pai, acordo com sono, minha vontade é de dormir o dia todo... – Falei sonolenta. – Pai? – Chamei a atenção. – Posso perguntar uma coisa?
- Claro filha... – Ele se aproximou e demonstrou que estava prestando atenção em mim.
- Eu não vou voltar a andar, néh? – Não sabia como me sentia em relação a isso, mas eu precisava saber a verdade.
- Sina... – Ele suspirou antes de começar a falar.
- Pai, a verdade por favor! Seja honesto comigo. – O interrompi antes que ele prosseguisse.
- Tudo bem filha... – Ele parecia estar buscando as palavras. – Não vou mentir para você, a situação é delicada, ainda não sabemos como suas pernas irão reagir e se irão reagir filha. – Eu não consegui esconder a tristeza do meu pai, saber que talvez eu não voltasse a andar... isso acabava comigo. – Sina, filha... olha pra mim – Meu pai chamou a minha atenção. – Não fica assim. – Ele pegou minha não. – Tudo depende de você filha, é questão de força de vontade, você é forte, você é a pessoa mais forte que eu conheço e eu sei que você não vai desistir antes mesmo de começar.
- Pai... eu to cansada, sério. – Falei já deixando uma lagrima escorrer pelo meu rosto.
- Sina, filha... eu nem imagino o quanto deve estar sendo difícil para você, eu juro filha, juro que faria tudo para trocar de lugar com você, para você não passar por isso, mas infelizmente não tem como. – Ele suspirou mais uma vez. – Você é forte Sina, eu sei disso e você também sabe, você só não consegue enxergar isso agora.
- Não sei se tenho toda está força pai...
- Sina... – Ele ia falar alguma coisa mais foi interrompido quando alguém bateu na porta
- Posso entrar? – Heyoon apareceu na porta meio que sem jeito.
- Oi Heyoon, pode entrar querida. – Meu pai sorriu para minha namorada assim que ela entrou no quarto do hospital.
- Oi Sininho... – Ela falou se aproximando e me dando um beijo na testa.
- Oi Yoon... – Heyoon geralmente não sabia o que falar ou como agir comigo, parecia que ela tinha receio de falar alguma coisa errada.
- O médico já veio? – Ela perguntou se virando para o meu pai.
- Não, ainda não apareceu por aqui. – Meu pai falou constatando a hora no relógio do pulso. – Mas já que você mencionou, se importaria de ficar com a Sina enquanto eu vou me informar.
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Cor de Marte
FanfictionSina é uma jovem estudante de direito em seu último ano. Com o fim do curso surge as preocupações, vida profissional, Exame da Ordem, Trabalho de conclusão de curso... entre outras. Em meio a todas estas preocupações ela conhece alguém, uma pessoa q...