prologo

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Hope

Pus a mão na frente da boca, para tossir. Droga!

— Um resfriado agora não. - resmunguei para mim mesma pegando minha mala. Oito meses longe de casa dessa vez.
Sorrir ao ver meu pai encostado no carro me esperando. Corri para abraçá-lo.

— Oi meu amorzinho! - ela disse arrumando meus cabelos, que o vento bagunçou na corrida até ele. – Como foi o voo?

—  Foi tranquilo até. Tirando um cara estranho, ele ficava me encarando do outro lado do avião.

— O que? - ele disse um pouco alterado olhando de um lado para o outro.

— Calma, pai. Já passou.

Durante o caminho para casa, meu pai reclamou, xingou a espécie dele. Foi engraçado. Concordei com tudo que ele disse. Por fim ele disse, “mas não vamos generalizar, afinal ainda existe mulheres que criam ótimos homens.” Não deixa de estar certo.

Fui recebido com um abraço da minha irmã mais nova, Anarys praticamente se jogou nos meus braços, cambaleei para o lado com o peso dela.

— Sentiu mesmo minha falta. - segurei seu rosto entre as mãos, beijando suas bochechas.

— Muita.  - voltou a me abraçar - Finalmente tenho com quem conversar sobre garotos.

— Como é? - meu pai perguntou.

— Como garotos são insuportáveis. Zero utilidade eles. - ela se corrigiu. Olhou para nosso pai e riu. A cena toda foi engraçada. E pensar que anos atrás era eu na posição dela.

— Oi maninha! - meu  irmão Roger me abraçou.

Pelo o que meu pai me contou, é que todos vem para o final de semana em casa. Roger foi o primeiro a chegar. Ele está estudando em Howard. Ele é gênio demais.

— Você cresceu!

— É. - ele olhou para se mesmo – E você está mais magra.

— Sério? Acha mesmo? - olhei para mim mesma.

— Não. Ele tá mentindo. - Anarys disse olhando feio para Roger – Está falando estranho isso sim!

— Querida. - minha mãe veio até mim - Sentir sua falta, amor.

— Eu também mamãe! - nos abraçamos por mais tempo que os outros, acabei que fiquei emotiva e comecei a chorar.

— O que foi, amor? - ela perguntou limpando meu rosto.

— Não é nada, mãe. - voltei a abraçá-la.

— Se não fosse nada não estaria assim. - papai disse se aproximando. Agora todos estão me olhando, esperando que eu fale.

Passei a mão no rosto, fungando.

— Eu estou feliz por está em casa com vocês. Pelo os meninos virem me ver. - funguei.

— É muito triste lá? - minha irmã perguntou.

— Muito.  - Anarys abraçou meu pai, escondendo o rosto no peito dele.

Engatamos no assunto da ONG onde sou voluntária, acabei de voltar da República Democrática do Congo. Fiquei oito meses lá. A OGN é administrada pela a tia Luiza, umas das melhores amigas da minha mãe, o projeto é lindo e está querendo cada vez mais, abrange diversas áreas, desde moradia, água potável, alfabetização a alimentação. Tenho muito orgulho dela e de fazer parte ativamente, não só com doações.

Subi para meu quarto, que está igualzinho, nada fora do lugar. Sorrir com uma faixa cheia de glitter escrita “seja bem vinda!” Obra da Anarys. Como sentir falta de casa.

Após tomar um banho demorado e quentinho, me deitei na cama, suspirando verifiquei algumas mensagens, reli outras. Deixei isso de lado entrando no meu e-mail, para confirmar tudo sobre minha ida para o México. Tudo certo. Segunda à tarde sairei daqui.

..

O final de semana com minha família foi, como nos velhos tempos. Muita risadas, confusões e gritarias.  Visitei alguns amigos que ainda que não se espalharam pelo o país, familiares e o shopping. Não estourei o cartão de crédito, nem deixei minha carteira vazia, comprei o básico para não precisar gastar no México. Maggie, Luna e Anarys vinheram comigo.

— Eu acho que você não gostou muito de mim. - a tal Luna disse pondo uma garfada na boca. Estamos na praça de alimentação para depois voltarmos para casa.

— Como você chega tirando conclusões precipitadas assim? - perguntei.

— É comigo. Eu sentir.

Vontade de revirar os olhos só de ouvir ela falar.

— Sensitiva? - minha irmã perguntou.

— Eu não vim aqui para fazer amizades e nem inimizades.

— Até por que, dois, três dias não faz a gente conhecer uma pessoa bem a ponto de categoriza-lá em amiga ou inimiga.

— O que minha irmã quis dizer, é que você está se achando demais ou melhor, nem fede nem cheira. - Anarys disse cruzando os braços.

— Sinta-se a vontade para pegar como conclusão, de “não gostam de mim”, o que eu falei ou o que minha irmã falou.

— Já chega disso meninas! - Maggie nos repreendeu um pouco alto, algumas pessoas a nossa volta olharam pra gente.

— Maggie, deixa elas. - Luna disse com um sorriso no rosto – É natural sentir ciúmes do irmão. Aposto que com você foi assim também.

Olhamos para a Maggie. Ela não fala, então eu mesma faço isso.

— Na verdade não. Amamos a Maggie no mesmo instante. Sei lá. Deve ser o jeito que ela faz nosso irmão parecer feliz. - dei de ombros.

— Quem sabe um dia. - Anarys disse apontando o garfo na direção da Luna.

Ao chegar em casa, uns minutos depois minha mãe me chamou para uma conversa. Levei bronca né. Ótimo Luna, assim você faz eu gostar de ti mais rápido. “Não somos obrigados a gostar de ninguém Hope, mas isso não nos dá o direito de fazer ninguém se sentir mau.” Mas mãe, ela perguntou! Tentei argumentar. “Não foi assim lhe educamos.” Não tive opção e me desculpei, com minha mãe claro.

Em parceria com a edrianamaria

No ringue com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora