No ringue com o amor

vinte e oito

Hope…

Acordei com o barulho do chuveiro. Me espreguicei, o lençol deslizou para baixo deixando meus seios s mostra. Rir com a lembrança de ontem a noite, madrugada, na verdade. Ele foi super fofo quando cheguei, não foi afoito como da primeira vez. Me levantei encontrando um bilhete sobre a mesa de cabeceira, dizendo que foi correr e que volta logo. Foi rápido mesmo.
Catei minhas roupas que estão sobre a poltrona, vestir logo prendendo os cabelos no alto da cabeça, ou melhor, o máximo que foi possível já que estão curtos.
Ainda ouvindo o chuveiro ligado, entrei no banheiro, bati no boxe.

— Oi! — ele sorriu colocando metade do corpo no vão do boxe aberto. — Bom dia!

— Bom dia! Vou indo. Tenho trabalho.

—  Hoje é domingo e tinha planos de tomarmos café juntos.

— Já tinha planos, tenho que terminar de organizar as doações hoje. Fica para a próxima.

— Eu te levo então. É rápido, já terminei. Só tava… — e ele saiu totalmente do boxe e eu pude ver o que tanto tomou seu tempo no banho. Pigarreei sem conseguir tirar os olhos.

— Não quero atrapalhar.

— Não vai me atrapalhar e

— Não vai me atrapalhar em nada. — se inclina para frente na minha direção, também me aproximei, ele tocou meu rosto suavemente me conduzindo para um beijo que correspondi. Nos beijamos mais um pouco, mas o afastei, porque realmente tenho que estar no trabalho daqui a menos de uma hora e meia e se eu ficar me agarrando com ele com certeza não vou conseguir parar.

Sai do quarto dele olhando minha agenda, voltei A arrumar meus cabelos que Isac bagunçou. Tem um cara na cozinha, sem camisa. Olha esse abdômen.

— Oi! — ele tava tomando água e mexendo no celular. O cara se assustou. Victor. — Desculpa, não foi minha intenção te assustar. — Ele tossiu.

— Eu não sabia que tinha visita em casa. Se eu soubesse teria vestido uma roupa.

— Não se preocupe com isso, afinal você está na sua casa eu que sou a intrusa e não é uma visão tão ruim.

— Várias horas de dedicação da esse resultado. — apontou para o próprio abdômen.

— Da para notar. — Victor começou a flexionar os músculos. Ele fazendo essas coisas me lembra Stanley.

— Que palhada é essa? Veste uma camisa, vai pegar uma friagem!

— por que não Me que eu estou com a sua garota tava aí? Vamos correr em nenhuma muito você disse nada. — pra desde quando você?

— Do que está falando?

— Com quem está saindo?

— Ainda com isso? Estou saindo com ninguém. — Victor se encostou na ilha, voltando a tomar mais um gole de água. — Ele está louco cuidado que é contagioso, viu Hope.

— Depois a gente conversa. Está pronta? — ele se virou para mim tocando nos meus cabelos. Balancei a cabeça concordando.

— Ai que fofo! — isac olhou para o amigo revirando os olhos. — Quero ser o padrinho. — Olhei para Isac, ele está me olhando com os olhos levemente arregalados o que foi engraçado.

…

Me joguei na minha cama, esse lugar que eu desejei estar durante o dia inteiro, sabe uma semana corrida que você não tem tempo pra absolutamente nada, que seu único momento livre que você tem é para comer e dormir? Essa semana foi exatamente assim. Deixei de lado as coisas que não era obrigatório, foquei no resultado que tínhamos que obter. No orfanato está uma loucura, duas crianças foram para lares temporários, na verdade, os casais estão com a guarda delas por um período, depois de um tempo se conseguirem se adaptarem será definitivo, mas isso não é o que está causando a euforia lá e sim a reforma, aumento de um dos cômodos para conseguir abrigar mais crianças.
Me livrei do sapato, me acomodando com um travesseiro entre as pernas.

— Hope! Hope! Está aqui o que você me pediu. — Abri os olhos esfregando o nariz, acho que cochilei.

— Oi. — Agachado na beirada da minha cama, está Pablo. Me arrumei me sentando encostado na cabeceira da cama. Ele me entregou um envelope. — você conseguiu mesmo, obrigada. — Foi um pouco difícil, mas consegui dar um jeito. Está me devendo uma. — Qualquer coisa por você. — Ele saiu do quarto e eu pude retirar do envelope as entradas para a luta que Isac vai participar.

Quando  falei que minha semana foi realmente corrida, não estava brincando. Saiu em toda parte a divulgação da luta de boxe, Isac é um dos lutadores principais.  não quis ligar pra ele e fazer ele tirar o ingresso de não sei de onde para me dar.

Durante a semana ele me mandou uma ou duas mensagens perguntando como eu estava e tal, mas não passou disso, ele falou que estava ocupado treinando e eu não quis incomodar. Então, pedir para Pablo consegui um ingresso pra mim, ele conhece,  é íntimo de um dos patrocinadores.

Antes de tomar banho, troquei algumas mensagens com a Mia e minha irmã Anarys. Depois comi algo e me acomodei na minha cama. Olhei para o lado, para a cama da Gabrielle, está vazia.
Meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem do Isac. Conversamos um pouco e ele me convidou para ir ver ele lutado. Já tinha visto ele lutar duas vezes, a primeira, não fazia a mínima ideia de que era ele, na segunda foi no dia da confusão que eu arrumei gritando aos quatro ventos que era mulher dele, agora é diferente. Estamos mais ou menos acertados e… no dia que ficamos, uma semana mais ou menos atrás, conversamos um pouco, falamos sobre o que nos fizeram ficarmos afastados, as incertezas, medos e cobranças que nos fizeram não se estarmos juntos nesse tempo, quando  a única coisa que queriamos era estar juntos, mas nem de perto estamos resolvidos, estamos caminhando para que sim.

Isac…

Estou no vestiário me arrumando para a luta, foi uma semana cheia. Mês, na verdade. Andei na linha para melhorar meu desempenho nesse momento, estou pronto dos pés a cabeça, mas ainda assim, como todas as vezes que  luto, estou um pouco nervoso, sempre há possibilidades de ganhar e perder, esse cara que eu vou lutar, é um dos melhores e raramente ele perde, estamos praticamente no mesmo patamar quanto a vitórias, ele é mais experiente que eu mais anos de vivência, então… 

— Ele acabou de chegar. — Victor falou me entregando uma garrafa com água. Olhei para meu amigo, que já sabe o que estou pensando.

Victor É meu melhor amigo aqui no México, não nos conhecemos a muito tempo, depois que Josh se mudou Victor  ficou no seu lugar no apartamento, no início pensei que seria mais um Josh na minha vida, que era amigo mas que na primeira oportunidade que tinha, me esfaqueava pelas costas, Victor se mostrou totalmente diferente e é um amigo para vida, o considero um irmão. nesses últimos meses estamos muito próximos, então tenho segurança de falar que realmente somos irmãos.

Depois do aquecimento, entrevistas e todo o protocolo antes, a luta aconteceu. Foi brutal. Dei meu máximo é no terceiro round fui a lona.
Acordei no vestiário. Envolta de mim, alguns médicos, Victor e uma Lara muito furiosa. Rir.

— Ele está bem, tá até rindo! — ela disse se inclinando sobre mim. — Diz que estar bem?

A preocupação na sua voz e rosto mostra o quanto a luta foi feia.

— Vou ficar bem. — ela me abraçou. — Aí, porra!

— Desculpa, desculpa.

Lara se afastou e os médicos me examinaram. Não estou tão fudido assim.  Só preciso de uma raio x para descartar algumas suspeitas e vou poder voltar para casa.