Essa semana tem sido tão corrido, sem tempo para praticamente nada, me virando nos trinta.
- Hope! Ligação pra você! - alguém gritou assim que cheguei em casa.
Procurei meu celular dentro da bolsa, o encontrando sem bateria. Ele estava pegando agora pouco... Agora pouco não, a última vez que eu o peguei, para verificar as horas, nem era 2h00 da tarde. Fui até o telefone fixo da casa, que fica no corredor do hall de entrada.
*Alo?
*Hope? - E minha mãe.
*Oi mãe. - Me encostei no móvel - Desculpa não ter ligado, ou mandado mensagem. Está uma correria, a senhora sabe. Mas, como vai as coisas aí, como a senhora está? Sabe que eu te amo, né? Amo todos vocês.
*Te amamos também. - ouvir a voz do meu pai de fundo. Sorrir.
*Filha, não fica tanto tempo sem nos dá um "oi".
*É a Hope, mãe? - deu para ouvir a voz da minha irmã.
*Não grita filha. - meu pai disse.
*Hope, adivinha o que aconteceu?
*O que?
*Eu caí. Quebrei a mão, na verdade o pulso ficou molinho, molinho. - riu - Foi engraçado. Agora, depois que passou foi engraçado, a mamãe ficou desesperada e gritou com o papai, você tinha que ver, vocês todos tinham que ver!
*Nossa! O que você fez?
*Ela foi subir na casa da árvore, mesmo a gente dizendo que não. Começamos reformar, depois que o Stanley pediu a Maggie em casamento, você sabe. Queremos que os nossos netos também brinquem igual vocês brincaram na casinha da árvore. Teimosa do jeito que ela é, tentou entrar lá, o degrau da escada não aguento com peso dela
*Não sou gorda.
*Sua mãe não está dizendo isso, amor.
*"Aguentar com meu peso" é o que, se não chamar de gorda!
Ficamos conversando por mais umas meia hora, antes de desligar. Posso ligar a qualquer momento do dia, que a minha família me atende e ficamos horas conversando, nos atualizando. Temos muito o que falar, mesmo que os assuntos se repitam.
Tomei banho, vestir uma roupa quentinha e estava sentada de frente a minha cômoda, que também uso de penteadeira penteando os cabelos, quando Raul bateu na porta do meu quarto e entrou em seguida.
- Não é final de semana nem nada, mas vamos sair.
Olhei pra ele por cima do ombro.
- Hoje não Raul, estou morta. Hoje o dia foi puxado. Chegou uma criança nova que , não consegue se adaptar. Ainda não conseguiu. Ele requer mais atenção que os outros.
- Vamos lá, gatinha. - revirei os olhos, agora ele inventou de me chamar assim. Só porque não gosto e as outras pessoas estão tomando como exemplo.
- Raul, chama outra pessoa.
Eu até poderia chamar... - sentou-se na beirada da minha cama - Mas você é minha preferida, entre todas elas.
- não tente me manipular.
- Não estou. - ergueu as mãos.
- É sério que tem que ser hoje?
- Sim. Combinei de encontrar uma pessoa, e essa pessoa vai levar um amigo para te fazer companhia.
Olhei para ele não acredita no que acabei de ouvir. Raul juntou as mãos como em oração, fez bico e pediu por favorzinho.
- Você paga tudo.
- Você é demais. - me abraçou depois bagunçou meu cabelo. Lembrei do Miguel que me fez lembrar do Isac.
...
Ser a pessoa preferida, entre tantas outras, não acaba bem. Pois em plena uma hora da madrugada, estou eu na delegacia de polícia fazendo boletim de ocorrência, porque fui roubada. Roubaram meu celular, meu relógio minha bolsa e minha dignidade. Dignidade porque na hora que o assaltante pediu a minha bolsa, ela ficou enganchada no meu braço, ele puxou com força e eu caí com a testa no meio fio, um pouquinho de sangue aqui, né não faz mal a ninguém. Foi bem na hora em que eu estava trocando mensagem com a Mia, ela está em Santorini na Grécia, como eu queria estar lá agora.
Raul tirou a Camisa, para estancar o sangramento. Assim que me levantei, fiquei tonta na hora. Coloquei a mão na testa sentindo algo pegajoso e molhado quando vi que era sangue comecei a gritar. Não me dou muito bem, quando o sangue rojando é meu.
Raul começou a rir.
- Está parecendo Carrie a estranha. - não aguentei, não consegui me segurar lhe chutei a canela com força, ainda não estando satisfeita, puxei seus cabelos ele começou a gritar e rir, enquanto estava em cima dele até quando um policial me tirou de cima dele, que ainda ria.
- Isso tudo é culpa sua. Você não parar com esse seu fogo no cu! Não pode ouvir uma lata batendo que quer estar lá. - o ferimento voltou a sangrar pelo meu esforço.
- Senhorita, se acalme. - o policial falou.
- Vem cá. - Raul tentou me puxar, mas desviei.
- Sai. - Fiz pressão no ferimento. Está doendo, estou cansada e quero chorar.
No final das contas, nada foi resolvido na delegacia. Não tem garantias de quê irão recuperar minhas coisas e as coisas do Raul e da garota que estava com ele. Fomos no hospital, cinco pontos levei. Já fazia umas horas, então a anestesia não pegou. Foi a ponto cru, doeu eu feito uma porra.
...
Chegamos em casa, o sol já estava nascendo. Sem dizer nada fui para o meu quarto, tirei os sapatos e me deitei virada para a parede. Não demorou muito, alguém deitou ao meu lado, bem atrás de mim. Raul sussurrou no meu ouvido um pedido de desculpas. Não falei nada, ele não disse mais nada e acabamos dormindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No ringue com o amor
RomanceVocê acredita no destino? Muitos até se agarram a ele, na esperança de quem sabe o destino lhe traga o amor da sua vida. Hope, nunca se apegou a isso, quando se tratava de si mesma, porém quando o assunto era seus irmãos e amigos, ela sempre dizia...