vinte e cinco

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Hope…

Sabe aquele dia que você deseja tudo na vida menos levantar da cama? Pois é, hoje é um desses dias. Tudo em mim dói e eu tenho que colocar a preguiça de lado, as dores, a indisposição e para o meu primeiro dia de trabalho no orfanato. Irei conhecer as crianças, não é propriamente o meu primeiro dia assim, de fato trabalhando, ensinando as crianças serem gente na vida. Nossa que coisa terrível de dizer.

As coisas aqui no alojamento, não voltaram  ao normal, porque depois do   momento que você coloca em xeque o caráter das pessoas é um caminho sem volta para a confiança. Estou tentando. Tentando deixar para trás e seguir com a minha vida, porque também não adianta nada você ficar remoendo isso, se consumindo sabe, mas abalou bastante convivência e eu prefiro seguir o conselho que   minha mãe deu né, que é me resguardar e assim estou fazendo.

E foi emocionante, poder fazer parte da história de alguém, mudar a vida de alguém assim, não posso fazer muito, não posso pegar cada uma e leva para  minha casa e cuidar, dar amor e carinho maternal, mas posso fazer isso, ensinando princípios, que princípios também não só ensinado com pais, é ensinado com pessoas que se importam e eu me importo com elas. Com cada uma dessas crianças.

Arrumei a bolsa no ombro, olhando para o celular para uma mensagem da Lara. Ela tá ainda na casa dos pais dela passando uns dias, ela brigou com o irmão gêmeo, sei disso porque a Mia me contou.

“Posso te ligar?” — invés de responder, eu mesma liguei.

Ligação on…

— Oi, Hope. Desculpa está te incomodando, aí é totalmente fora do horário daqui.

— Oi. Tudo bem. — fui para o ponto de ônibus.

— Eu odeio o Isac.  Não acredito no que ele disse que odioooo!

Isac é bem esquentado, possivelmente não conseguiu se conter e descontou a raiva nela.

— O que ele fez dessa vez? — me encostei na coluna do ponto de ônibus. — Quer dizer, não mata ele. Pensa como sua mãe vai ficar. Então, uns tapas ele merece. — ela riu, pelo menos isso já é um sinal que a raiva dela amenizou um pouco.

— Primeiro ele disse que eu tenho que superar o fato de eu não posso ser mãe. Depois disse para eu parar de drama que eu tô sendo muito mimada. E foi grosso e gritou comigo.

Passou dos limites mesmo hein, Isac.

— Ele realmente não sabe falar e é um idiota, como que diz esse tipo de coisa?

— Eu tô chorando por causa dele.

A gente continua conversando até o ônibus chegar aí até metade do caminho, um assunto e outro entrou mas eu vou ao meu partido o assunto foi sobre ela está mal com Isac o quanto eles era próximo e tal, a ligação de gêmeos e irmãos brigam né. Não sei o que levou ele a esse ponto dele não saber, vamos dizer assim, se conter nas palavras e escolher bem elas na hora de falar, que é complicado eu tenho irmãos e sei como essa relação toda, a gente tem que as vezes medir as palavras para não machucar e mesmo que machuque a gente ainda continua amando eles.
Uma hora eles se resolvem.

Dias depois…

Hoje vai ter uma festa no alojamento, com todo o pessoal da onde que a gente conseguiu reunir, que estão com agenda livre e conhece o Raul, pois é festa de aniversário dele e também de despedida, daqui alguns dias ele vai voltar para o país dele. Ele já tinha dito algumas vezes que estava pensando em se aquietar um pouco, ficar junto da família aproveitar o momento com eles, mas eu pensei que isso era quando a saudade batia, pois muita das vezes eu me sentia assim, ainda me sinto assim, mas dessa vez é pra valer, já tem até passagem marcada.

— Não acredito que está chorando de novo. — ele disse entrando no meu quarto.

— Não é sobre você, não se sinta especial. — Várias vezes, você disse que especial, então em reversível. — Olhei pra ele e vou ter caí no choro.

— Estou sendo egoísta. — funguei, limpando o nariz — Eu não queria que você fosse. Como vou ficar aqui sem você.

— Causo realmente esse efeito nas mulheres. — lhe dei um tapa.

— Não brinca com isso. Estou falando sério. Como vou suportar a Gabi. — Ele riu. Estou usando a Gabi como desculpa mesmo.

—Tenho certeza que você cabe na minha mala.

Ele é única pessoa que eu tenho realmente próximo, que considero mais que um amigo, ele é a mistura de todos os meus irmãos, das loucuras deles e as qualidades, isso me faz me sentir em casa e também única pessoa que  consigo desabafar aqui e ser eu mesma  sem que as pessoas me julguem, que me achem uma  Patricinha mimada.

A festa foi boa, foi exatamente como uma despedida, triste e alegre. Não é um ponto final e  sim um ciclo que se finalizou para que outros iniciasse. Ele recebeu flores da tia Luiza e o cartão com algumas palavras que só ele leu e se emocionou o que fez todo mundo também se emocionar. Foi lindo e gratificante fazer parte dessa fase ,dele estou muito orgulhosa e feliz.

Isac…

Minha cabeça está doendo e tem um barulho de música infernal vindo do apartamento ao lado. Essa é a segunda vez essa semana.

— Tô indo. — Victor fala.  — Tem certeza que não quer ir?

— Tenho. E com essa música aqui, tanto faz como tanto fez eu ir com você ouvir musica lá,  ficar aqui  e ouvir música aqui. — Ele riu.

— A diferença é que lá vai ter outras distrações.

Revirei os olhos.

— Não estou com cabeça pra essas coisas, Victor. — Ele olhou a a hora na tela do celular, e se sentou-se no sofá me olhando. Até já sei, vai ser a sessão terapia que Victor me dar de graça.

— Qual das duas? — Qual das duas o que? — A sua metade, gêmea ou sua metade loira está te deixando louco?

— Qual a diferença?

— A diferença na verdade é pouca.

— Se eu disser que é a opção número dois.

— Você sabe onde encontrar, o que dizer e  o que sente. Não se complique mais.

— E você?

— eu o que?

— Com quem está conversando esses dias?

— Está mudando de assunto.

— Não estou.

— Claro. — Sacudiu a mão no ar, se recostou no sofá. — Se for a opção número um, você sabe onde ela estar, sabe o que sente e  o que dizer.

— Seu tempo de terapeuta já acabou. Não vale mais o meu dinheiro. — ele riu.

Victor costuma ter razão mas vezes do que eu gostaria, mas nunca que ir admitisse em voz alta para ele ouvir. A minha situação com a Lara está me desgastando mais do que eu já estava. Agir feito um idiota com ela, falei coisas que deveria ter dito com moderação ou não deveria ter dito. Não sei o que ela está passando, com essa coisa de ser mãe,  deveria ser mais compreensível com a relação dela com o Josh. Mas já aconteceu, tentei de tudo que pude pra que ela me atendesse, respondesse minhas mensagens, mas nada adianta, então resolvi dar um tempo pra ela se acalma e me perdoar. Ela me conhece sabe que eu sou um idiota impulsivo, que só falo  besteira, ela sempre diz isso, porque dessa vez não pensou assim?

Bufei. De frustração.

E a situação com a hope, não melhorou nem piorou, não nos falamos mais e a última vez que realmente que a vi, foi Quando a Lara ainda estava aqui, o que faz bastante tempo. Depois que terminei com a Lizandra já estava certo, pensei muito no que eu queria, no  que eu sentia e estavaa ponto de enlouquecer,  e o que resultou de toda essa quase loucura foi que eu tentar me resolver com a Hope, me explicaria e tentaria reverter essa situação que
sei que, pelo jeito que ela me olhava,  que eu fiz alguma coisa que a magoou, porque eu sou um idiota que as vezes não sabe calar a boca, mas aí veio a questão da Lara, então  decidi deixar pra depois e agora estou aqui sem nenhuma das duas, sem ter a minha irmã de bem comigo e sem a Hope. Para eu ter alguma coisa com ela, preciso estar mais lúcido, vamos dizer assim.

No ringue com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora