No ringue com o amor

trinta e três

Hope e Isac

Bocejei acenando com a cabeça para minha Mia, na tela do notebook. Estamos numa video chamada desde que saí do banho.

— Eu não sei, Hope. Meu irmão disse nada. Nem você. Ultimamente você não me conta mais nada.

Me arrumei melhor na munha cama.

— Já conversamos sobre o que aconteceu e disse que entendia.

— Que teve um rolo com meu irmão, se magoaram e agora estão finalmente juntos? Sim. Em parte. — rimos.

— Falando nisso. Como que vocês tão.

— Eu e o Dom estamos bem, e não fuja do assunto. Me conte logo como foi com Isaac. Estão namorando ou não?

— Ainda estamos no início mas... — Enrolei uma mecha do cabelo no dedo. — Estamos mais pra namorando, não rolou um pedido oficialmente, sou das  antiga que gosta de um pedido.

— é o que? — olhei pra Gabi que esta parada no vão da porta, sua cara não está nada boa. — Você está namorando Isac?

— Não é da sua conta Gabi.

— Não  é da minha conta? Dividimos o quarto sua piranha! Depois de tudo que conversamos, você me viu aqui definhando por ele. você é uma hipócrita! Uma vadia hipócrita do caralho que  na primeira oportunidade você dá pra ele.

Ela falou tudo isso se aproximando de mim, coloquei o notebook de lado fechando a tela, mesmo com os protestos da Mia.

— Está falando como se fôssemos próximas, até amigas quando não somos Gabi. Você sabe disso, todo mundo sabe disso. Desde o primeiro dia que eu cheguei aqui, você não foi receptiva, colocou na cabeça que eu estava atrás do seu namorado quando ele nunca foi seu namorado.

— Isso não anula o fato de você ter esfaqueado pelas costa! — Gritou a plenos pulmões. Sinceramente Entendo a sua reação comigo. Não somos próximas, definitivamente não. O que ela esperava, consideração?

— E você só ouviu a conversa pela metade.

— Ouvi o suficiente! — Gritou novamente.

— Tire conclusões o quanto quiser. — Tentei passar por ela, porque sinceramente eu não quero entrar nesse embate por um homem, quando não tem motivo pra isso. Me empurrou, bati com as panturrilhas na beirada da cama caindo sentada. — se encosta em mim mais uma vez, você vai ver de verdade que eu sou, porque esse tempo todo eu relevei muita coisa.

— Estou contando com isso sua piranha!

E novamente ela tentou me empurrar, só que dessa vez eu bati em seus braços afastando para o lado, Gabi  cambaleou um pouco e foi nesse exato momento em que a chutei na coxa, ela tentou revidar me pegando pela cintura empurrando sobre a cama, ficando sobre mim, me sacudir afastando um pouco foi no momento exato em que a chutei/empurrei sua barriga. Fiquei de pé lhe dando um tapa no rosto, ela tentou arranhar meu rosto, porém me esquivei o que acabou pegando no pescoço, foi nesse momento que alguém entrou no quarto a afastando de mim.

— O que está acontecendo? Não sabem que é contra o regulamento briga? — arrumei meus cabelos o tando que deu.

— Se esqueceu Pablo, que essa daí pode fazer o que quiser aqui? Ela é a sobrinha da dona e agora é puta do filho da dona. Pode mandar e desmandar.

— Cala a boca Gabriele! Você só fala merda. Estou cansada de dizerem que tenho privilégios aqui, quando todos veem o meu esforço.

— Esforço de quê? O que você faz de mais? Além de dar para...

— isso é por causa daquele cara? — Pablo perguntou parecendo indignado e um pouco alto.

— Eu estava aqui numa boa, numa ligação e ela apareceu aqui e já começou a...

— Não importa quem começou... — Pablo disse olhando de mim para Gabriele — o que importa que nunca deveria ter acontecido. Sabem que eu tenho que relatar para a direção, não sabem?

— Desde que você pisou o pé aqui, sua Patricinha de merda, Sua vadia sem escrúpulo que tudo deu errado na minha vida.

— Já parou pra pensar que você tem 100% de culpa nisso? Não é uma pessoa fácil de lidar, a todo momento da  vontade de quebrar sua cara.

— Hope por favor.

— Ela quem começa, Pablo.

— Novamente, não importa quem começou essas picuinhas bobas, idiotas, não deveria acontecer aqui nem em qualquer outro lugar.

O restante do pessoal chegou pra saber o que aconteceu o que piorou tudo, foi uma confusão só e como esperado, acham que fiz de propósito, ficar com Isac para ter mais “mordomias”, só por estar numa relação com ele, o que acho uma puta de um desmerecimento com todos meus anos de trabalho voluntário. Fiquei chateada, bastante. Me dedico tanto no orfanato e antes disso nas escolas, na arrecadação de donativos, campanhas e tudo mais que aparece, para sujir uma situação desse e anularem todo meu esforço.

Limpei o arranhão no pescoço com álcool e passei uma pomada. Olhei meu reflexo no espelho, meus olhos estão vermelhos pelo o choro agora no chuveiro. Pensei que saindo cedo do orfanato teria umas horas a mais de descanso, mas não. Agora o cansaço está todo na minha cabeça. Ignorei uma ligação da Mia, do Dom e mais algumas da Mia durante o restante da tarde e noite. Lá por volta das dez, recebi uma mensagem do Isac. Me arrumei melhor no colchão no chão, no quarto em que Lucrécia divide com Ariana, cliquei sobre a mensagem;

hey ta ocupada, amanha? Tenho uma surpresa para você!

Verifiquei se as meninas estão dormindo mesmo e liguei para ele.

— Oi, gatinha. — fechei os olhos ouvindo a voz dele. Se eu tivesse aparecido no apartamento dele, como foi minha ideia inicial, nada disso teria acontecido, ou melhor, isso teria sido adiado.

— Oi. — mordi o lábio pensando se conto o que aconteceu ou não. De qualquer forma ele vai ficar sabendo, porque a minha viu o início da “conversa“.

— O que aconteceu? Parece desanimada. — olhei novamente pra ver se as meninas não acordaram, parece  pedras. Mas mesmo assim enrolei a cabeça no lençol.

— Estou bem. Cansada, mas bem. Estou dormindo no quarto das meninas.

— O que? Por que? Problemas com Gabriele? — suspirei  cansada, exausta.

— Algo assim.

— Hope…

— Estou bem, de verdade.

— Não acredito em você.

— Não posso fazer nada, gatinho.

— Eu sei que a Gabriele pode ser difícil.

— Então, qual é a surpresa?

— Sei que está mudando de assunto, Hope.

— Faz de conta que você me ama e por isso vai relevar.

— Impossível fazer de conta, com você é oito ou 80.

Isso me fez rir e me deu vontade de chorar porque sinceramente,  ainda tenho um pouquinho assim de dúvidas se o que realmente está acontecendo entre a gente, vai durar mais do que nossos traumas permitem.