Sr. La Grand

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Segunda-feira no escritório foi uma grata surpresa chegar e encontrar tudo muito bem arrumado, somente com duas mesas, uma oposta a outra, e com bancos estofados no meio, dando ao ambiente um visual clean e sofisticado. Me senti mais motivada a trabalhar e fazer o meu melhor.

Era 7h30min. quando cheguei e Gabriela já estava lá, o que era bastante impressionante, ela queria mostrar serviço, o que era muito bom, se eu não soubesse que isso com o tempo seria muito difícil de acontecer.

– Bom dia, menina! – Falei com ela parada em frente a sua mesa. – Caiu da cama?

– Estava ansiosa, é o primeiro dia oficialmente aqui, não aguentei esperar – ela disse, e sua voz parecia realmente ansiosa. – Precisa de alguma coisa?

– Até 8h eu não preciso de nada e nem os chefes. Aprende isso.

Andei até minha mesa e só então notei que nela havia uma placa dourada com meu nome e função. Adorei aquilo!

Os quatro sócios chegaram pontualmente às 8h. Sr. La Grand exigiu minha presença em sua sala para revisar a agenda daquele dia, ele foi o único a não fazer isso na sexta-feira. Ele tinha uma reunião fora da empresa naquela tarde e exigiu que eu fosse com ele. Na parte da manhã o ritmo de trabalho no escritório foi bem lento, Luís teve uma reunião com o pessoal da informática, e me convidou para participar. Os outros dois sócios pareciam ter se perdido em suas salas, não houve barulho, chamados e eles também não saíram de lá. Nem parecia que estavam trabalhando hoje.

Como eu disse na sexta-feira, o horário de almoço das secretárias mudaria, ao invés das duas saírem no mesmo momento deixando o escritório só. Agora nós revezaremos, hoje como eu teria que sair a tarde, fui a primeira a sair às 11h30min. E voltei exatamente 1h30min. depois, permitindo que Gabriela tivesse seu momento de descanso.

O momento que fiquei sozinha no escritório, porque naquele momento os sócios também saíram para almoçar, me deixou livre para divagar sobre o distanciamento das provocações do Otávio, até mesmo para ser mal-humorado ele não se manifestou. Isso estava me deixando inquieta, eu já estava começando a ter a certeza de que eu ia acabar indo para a cama com ele, e agora ele estava acabando com a minha esperança. E não foi por falta de tentativa, meu vestido roxo de hoje era tão justo quanto o de sexta e muito mais revelador no colo, mas ele não disse nada. Teria ele perdido o interesse?

Em contrapartida, Priscila parecia querer debaixo de suas garras o tempo todo, seu olhar direcionado a mim era raivoso, interessado e curioso. Eu não sabia se Anita chegou a falar alguma coisa com ela, mas ela parecia bem tentada a perguntar pela minha escapada com sua amiga.

Às 15h Walter e eu saímos em direção à reunião do outro lado da cidade, para frustração de Priscila, que perguntou várias vezes se havia a real necessidade de eu acompanhar o pai. E antes que as portas do elevador se fechassem, pude ver no olhar dela a raiva e a frustração. Senhorita La Grand me intrigava, em alguns momentos parecia que ela não era apenas a patricinha mimada que aparentava, em outros demonstrava de todas as formas que o mundo devia fazer aquilo que ela quisesse. Mas de uma coisa eu tinha certeza, depois de vê-la na festa sábado, Priscila era sim homossexual e fazia um belo trabalho escondendo da mídia.

O caminho até a reunião foi tranquilo. Senhor Walter apenas lia alguns papeis e eu, por não ter nada admirava a cidade ao redor, e de vez em quando, meu olhar caía sobre o perfil másculo do sr. La Grand. Ele já era um senhor na casa dos seus sessenta anos, mas coincidentemente, Walter era muito bem conservado, as rugas do seu rosto eram poucas, e estava mais para marcas de expressão do que para a flacidez da pele. A barba e o cabelo quase todo branco davam a ele um charme irresistível. Porém, o que mais impressionava em Walter La Grand, não tinha nada a ver com o físico, mas sim com o poder que emanava dele. Desde o meu primeiro dia na empresa, eu conseguia sentir, era forte, inebriante, inquietante. Nos primeiros dias eu me sentia umedecer quando estava na presença dele, apenas agora, quando sou obrigada a conviver com ele quase o tempo todo, é que definitivamente consegui controlar meus hormônios.

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