Enfim...

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Priscila estava muito irritada com a situação. Luís era o seu bebê, foi dado a ela como presente de natal quando tinha só três aninhos. Desde a primeira vez que o pegou no colo jurou sempre proteger e jamais deixar que alguém o machucasse. Agora, ele estava a milhares de quilômetros de distância, sofrendo e ela não poderia fazer nada.

Uma pequena parte de si tentava fazer com que Priscila racionalizasse, mas não era ouvida, porque a garota La Grand botava a culpa disso tudo em Beatriz. Para Priscila não custaria nada esperar até chegar ao Brasil para só aí dar um pé na bunda do seu irmão. Ainda se lembrava de si mesma quando a mesma mulher rompeu a relação delas, e o quanto foi importante o apoio da família para superar a dor. Mas o que esperar de Beatriz, afinal, estamos falando da mulher que não assume compromisso com ninguém, que adora conquistar as pessoas para depois despachá-las sem cerimônia. Tinha feito isso com ela e agora com Luís, e quantos outros não estiveram na mesma situação?

Priscila conseguiu o voo para Luís para aquele dia mesmo, era classe econômica, mas ele chegaria já no outro dia, e não no domingo como seria se ele pegasse seu voo programado. Mas ela ainda não estava satisfeita, precisava saber de Beatriz o que aconteceu. E pela primeira vez, depois de dias, Priscila discou o número de Beatriz. A chamada caiu direto na caixa de mensagem.

Senhorita Saldanha, tudo bem? Priscila La Grand aqui. Queria só saber se devo comunicar o RH da sua demissão ou se espero até segunda-feira. Porque, cá entre nós, abandonar o chefe e o serviço no meio do caminho não soa muito bem para uma assalariada. Me informe, por favor.

Priscila desligou o telefone ofegando de raiva. Mas não levou dez minutos para se arrepender e voltar a ligar.

– Beatriz, desculpa, estou com a cabeça quente, você me conhece, sabe que eu ajo sem pensar quando estou com raiva. Mas de verdade queremos saber se está tudo bem, nos ligue quando puder.

Priscila respirou fundo, Beatriz não era cem por cento culpada de tudo. E para falar a verdade, não sabia se seu irmão contou toda verdade e nem sabia qual era a versão de Beatriz. Tudo poderia ser um terrível mal-entendido. Ela não era um monstro, sabia disso, Beatriz sempre foi muito educada e respeitosa consigo, e até onde pode notar era ainda mais com Luís, portanto se ela precisou deixar seu irmão, teria uma explicação.

– Ei, piranha! Qual problema? – Otávio entrou em sua sala e a viu refletindo sobre os últimos acontecimentos.

Se para Priscila, Luís era seu bebê, Otávio para ela era seu melhor amigo, seu companheiro de bagunças e aventuras, uma extensão de si própria.

– Luís e Beatriz enfim ficaram juntos, mas ela o deixou logo em seguida e agora ele está arrasado e sozinho em Cancún – Priscila explicou ao irmão.

– Caramba! – Otávio estava surpreso, sentou-se na cadeira diante da irmã e ponderou sobre o que acabou de escutar, em seguida desatou a rir despertando a indignação de Priscila. – Desculpa, mas é que a vida não é justa. Todas as vezes que eu fiquei arrasado e sozinho estava em lugares muito sem graça. Agora, Luís está em Cancún e eu sei que ele vai ficar no quarto do hotel, enrolado nas cobertas até a hora de vir embora, ao invés de ir beber e comer pessoas.

– Você é muito insensível mesmo – Priscila fala indignada.

– E para onde ela foi? – Otávio perguntou.

– Ninguém sabe – Priscila respondeu desanimada.

– Augusto sabe – Otávio rebateu.

– Quem? – Priscila pareceu confusa.

– Augusto, o amigo dela, se tem alguém que sabe onde Beatriz está, esse alguém é o Augusto – Otávio explicou.

Priscila saltou da cadeira, como não tinha pensado nisso ainda? Discou o número, que por acaso tinha roubado de Carla Montserrat dias antes. Ele atendeu no quarto toque.

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