Cancún

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Após a partida de Otávio tudo pareceu ficar mais triste, nem eu sabia que eu gostava tanto da presença dele. A empresa também pareceu sentir a falta do sócio mais arrogante e prepotente, acabou entrando em um período de letargia sem Otávio. As reuniões com novos investidores de fora não aconteceram mais, as cargas estavam fracas e nenhum colaborador do cartel da empresa estava muito interessado em novos negócios. Enfim, o trabalho estava bem morno.

Priscila também não havia aparecido na segunda-feira como prometido. Eu também não tinha notícias dela, não era raro eu ser assaltada pela ânsia de falar com ela, momentos que eu tinha que usar todo o meu autocontrole para não ligar ou mandar mensagens. Eu queria acreditar que estava tudo bem, que mesmo triste ela estava dando continuidade à vida.

A única expectativa animadora que me fazia querer trabalhar, era a viagem com Luís para Cancún. Faltava menos de duas semanas, e eu já conseguia me visualizar com Luís, na praia tomando sol nos momentos de folga. Algo em meu interior me dizia que toda a minha vida ia mudar naquela viagem, e eu esperava ansiosamente por isso.

Na quarta-feira, véspera da viagem, eu me pegava rindo bobamente diversas vezes no dia. Meu trabalho foi intenso naquele dia, estava acertando os últimos detalhes com as secretárias que assumiriam a presidência na semana que eu ficaria fora. Gabriela exerceria minha função, Adriana, a recepcionista que treinei assim que assumi minha função, seria assistente. Acho que eu me animava mais quando via os olhos enraivecidos de Gabriela, Luís aparecia sorridente no hall perguntando sobre coisas aleatórias da viagem, qualquer um poderia ver que ele estava muito feliz e animado.

Embarcaríamos no avião na quinta-feira, à tarde. Na noite de quarta, saí com Augusto para um jantar, algo calmo, somente um momento para me despedir do meu amigo.

– Alguma notícia de Otávio? – Ele perguntou, no meio do jantar.

– Sim, está tudo bem com ele em Londres – eu disse, não me aprofundando no assunto.

– Engraçado, você ficou tão empolgada com essa ida dele para Londres, mas não me contou nada sobre – meu amigo tentou uma abordagem.

– Fiquei muito, mas é assunto dele, quando ele se sentir confortável para falar sobre isso, você vai saber – eu disse.

– Ok. – Ele concordou, mas uma pulguinha ficou atrás da orelha dele.

Demorou mais dez minutos até ele conseguir falar o que realmente queria.

– Tem notícias da Priscila? – Ele perguntou.

– Por acaso eu tenho cara de jornalista de fofoca para ficar dando notícias da vida alheia por aí? – Rebati.

Desde o dia em que terminamos eu nunca mais falei ou fiquei sabendo qualquer coisa sobre Priscila. Walter e Luís se mantinham firmes em não falar sobre isso, mas eu também não perguntava. Luís até poderia me contar alguma coisa sobre ela se eu perguntasse, mas eu não queria pôr ele nessa situação.

– Ela volta amanhã para a empresa – Augusto anuncia.

– Como você pode saber? – Indaguei, mas não dando importância ao fato.

– Anita está treinando comigo dês da semana passada, acho que ela quis ter certeza que você e a amiga dela não estavam mais juntas – Augusto explicou.

Tirei a atenção do meu prato e foquei nele. O que aquela informação mudava na minha vida? O que mudava em meus sentimentos? Priscila havia esperado duas semanas para que eu estivesse fora e só assim voltasse a trabalhar. O quanto essa separação a afetou para que ela desistisse de trabalhar por conta de uma mulher?

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