Beatriz Saldanha não é a tipica mocinha dos romances de Hollywood. Talvez ela seja classificada como uma bela atriz porno. Mas a questão não é essa.
Beatriz é uma mulher forte, destemida, determinada e que vai fazer grandes descobertas na sua vida...
Priscila e eu fomos no meu carro até a um bistrô na zona nobre da cidade. Era um ambiente pequeno, mas acolhedor em tons terrosos, uma música suave tocava ao fundo. Mais uma vez Priscila soube escolher bem o local.
Sentamos uma de frente a outra, ela parecia tranquila, eu não sabia se temia ou me tranquilizava. Priscila tinha muitas faces, os meses passados convivendo com ela me mostrou bem isso, eu conhecia muitas dessas facetas, mas eu sabia que havia muitas outras, uma delas, eu tinha certeza, envolvia os irmãos. Ela nunca foi a pessoa mais carinhosa com a família, mas não precisava ser um grande gênio para saber que eles se amavam de alguma forma. A grande questão era: 'o que aconteceria com quem ferisse um deles?'. Eu tive uma prova, mas por tudo o que conheci deles depois disso, me mostrou que aquela tarde no escritório era só a ponta do iceberg.
– Gostou do lugar, Bi? – Priscila me perguntou depois de termos feito os pedidos.
– Parece um bom lugar – respondi vagamente.
– Aqui era um bar, era do Gustavo e da Daiana, mas eles mais consumiam do que vendiam, acabou tendo que vender para cobrir o prejuízo, o novo dono transformou nesse bistrô, tem dado certo, eu acho – Priscila contou de forma descontraída.
Talvez eu devesse incentivar ela a falar mais das outras pessoas ou de outros assuntos, mas a minha energia ia toda para tentar me manter de pé e consciente.
– Sabe eu tenho pensado em investir em ambientes assim, não exatamente um bistrô, mas quem sabe um bar ou restaurante. O que você acha? – Priscila perguntou.
– Você se daria bem, conhece muita gente e é uma ótima anfitriã – falei com pouca empolgação.
– Minha mãe falou a mesma coisa, ela disse inclusive que eu podia ser organizadora de festa. Você acha que daria certo? – Priscila estava determinada em não deixar a conversa morrer.
– Acho que se existe alguém que saiba como dar uma festa, esse alguém é você – eu disse, a tensão aos poucos me deixando.
– Falando assim parece que eu vivo nas festas – Priscila soou falsamente indignada.
– Não falei isso, só disse que você conhece a fórmula secreta para uma festa de sucesso – me justifiquei.
– É, acho que você pode ter razão – Priscila sorriu. – Já comecei a planejar a festa de casamento do Otávio, acho que provavelmente será uma festa mais intimista, mas mesmo assim não pode passar sem elegância.
Olhei surpresa para ela, que informação era aquela jogada em cima da mesa sem qualquer fundamento?
– Ele não te contou? – Priscila perguntou assustada.
– Não falo com Otávio desde que ele foi para Londres – expliquei.
– Ele voltou semana passada e trouxe essa novidade. Sabíamos que essa viagem ia mudar a vida dele, mas não imaginávamos que seria tanto assim. Otávio sempre foi o solteiro convicto da família, mas parece que ele só não tinha encontrado a pessoa certa, e nesse caso é Gerard – Priscila contou, sua expressão transparecia todo o seu orgulho.
– Dê meus parabéns aos noivos – saudei, não estava verdadeiramente feliz, mas não por ele, eu só estava preenchida com tanta tristeza que o sentimento de felicidade não tinha espaço.
– Acho que talvez você seja chamada para ser madrinha, afinal, você praticamente obrigou o Otávio a pegar aquele avião – Priscila continuou na sua divagação sobre a relação do irmão.
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